×

Palestina | Censura em Hollywood: Melissa Barrera e Susan Sarandon demitidas por defender a Palestina

Na semana passada tornou-se evidente um novo macarthismo de Hollywood: diferentes personalidades viram seus empregos serem ameaçados por seu apoio à Palestina.

segunda-feira 11 de dezembro de 2023 | Edição do dia

Susan Sarandon e Melissa Barrera (Pânico) foram demitidas de seus projetos por expressarem apoio ao povo palestino e questionar o genocídio do Estado de Israel.

Logo que começaram os ataques de Israel sobre a Faixa de Gaza, Melissa Barrera, uma jovem atriz que fez sucesso estrelando a franquia Pânico, falou nas redes sociais denunciando o massacre em Gaza e compartilhando publicações nas redes sociais nas quais acusa Israel de praticar limpeza étnica e genocídio. Em resposta à estas publicações, Spyglass Media, a produtora de Pânico, demitiu Barrera do próximo filme (Pânico 7), e a acusou de antissemitismo, apesar de Barrera publicar explicitamente em uma de suas publicações de Instagram denunciando Israel que: “Não precisamos de mais ódio. Chega de Islamofobia. Chega de antissemitismo”.

Em sua declaração sobre a demissão de Barrera, Spyglass escreveu: “Temos tolerância zero com o antissemitismo ou a incitação ao ódio em qualquer forma, inclusive as falsas referências ao genocídio, à limpeza étnica, à distorção do Holocausto ou qualquer coisa que cruze flagrantemente a fronteira do discurso de ódio”. Esta declaração deixa muito claro que a objeção da produtora aos comentários de Barrera se devem ao fato de que ela chamou a ofensiva israelense pelo nome correto: limpeza étnica e genocídio contra o povo palestino.

Chamar de genocídio e limpeza étnica aqui que Israel está fazendo contra Gaza não é uma afirmação sem base, pelo contrário, é a descrição ais precisa da situação, descrição que vem sendo adotada por todos, desde estudiosos do genocídio até funcionários da ONU. Segundo a lógica proposta por Spyglass, qualquer um que denuncie o genocídio em Gaza seria antissemita e poderia perder seu emprego. Esse é o início de um novo macarthismo que temos visto ser utilizado contra outros ativistas pró Palestina (especialmente nas universidades), lançando a acusação de antissemitismo para acobertar o que na realidade é um ataque: tentar de calar a oposição ao genocídio em Gaza.

A demissão de Barrera ocorre em meio a outros ataques contra figuras pró Palestina de Hollywood. Susan Sarandon, que sempre expressou sua solidariedade com o povo palestino, foi demitida por agentes de Hollywood pelos seus comentários em uma manifestação pró Palestina, uma manifestação na qual ela claramente declarou que se opunha ao antissemitismo. Uma das das principais agentes da agencia de talentos CAA, foi caluniada por suas publicações nas redes sociais opondo-se à ofensiva de Israel, incluíndo uma que dizia: “O que é mais assolador do que presenciar um genocídio? Ser testemunha da negação de que este genocídio está ocorrendo”. A CAA também demitiu Jouman (Jasmine) Barakat, assistente da agência, por suas publicações chamando Israel de “regime fascista” e chamando sionistas de supremacistas brancos. CAA também demitiu dois de seus clientes, Saira Rao e Regina Jackson, por suas publicações contra Israel nas redes sociais. Depois de ser demitido por CAA, Rao disse que Hollywood está “castigando pessoas de cor por falar... É repugnante. O genocídio é indiscutível. Pode assistí-lo ao vivo pela TV. CAA estará do lado errado da história.”

Em meio a estes ataques, os sindicatos de Hollywood permanecem em silêncio. Isto se reflete no amplo silêncio que temos visto por parte do Screen Actors Guild (SAG) e do Writers Guild of America (WGA) sobre a situação em Gaza. WGA não deu uma declaração, e a única declaração da SAG foi à favor de Israel. Em um ano em que vimos o poder dos sindicatos de Hollywood, os dirigentes destes poderosos sindicatos permanecem de braços cruzados, inclusive quando os trabalhadores de Hollywood se organizam para publicar declarações pedindo o cessar fogo e enquanto sindicatos importantes como o UAW (Unite Auto Workers) também soma-se ao chamado pelo cessar fogo. Isto não é surpreendente considerando que a liderança do SAG inclui sionistas orgulhosos como Fran Drescher ou Michael Rappaport. Para combater essa liderança colaboracionista, os trabalhadores de Hollywood precisam se organizar como base destes sindicatos, para exigir que defendam seus membros que estão sendo atacados e se unam aos outros trabalhadores que apoiam e se somam ao movimento em solidariedade à Palestina.

É provável que este ataques sejam só o começo de uma reação contra os partidários da Palestina em Hollywood. Isso é especialmente perigoso para atores jovens como Barrera, cuja cujas carreiras podem ser destruídas justo quando iniciam por estes ataques seletivos. Esta campanha de difamação tem como objetivo assustar e calar os trabalhadores de Hollywood para que se calem, deixando claro que denunciar o genocídio em Gaza prejudicará suas carreiras. É uma reminiscência da campanha contra os esquerdistas em Hollywood durante a era McCarthy, que tirou de cena muitos, destruindo carreiras. Muitos nas redes sociais já alertam para a circulação de dossiês e listas de pessoas que falam a favor da Palestina.

Para proteger o movimento em solidariedade à Palestina, devemos lutar contra estes ataques a todo o momento. Não devemos permitir que estes ataques passem desapercebidos. Os trabalhadores de Hollywood devem pedir a seus sindicatos que denunciem estes ataques e o movimento deve apoiar inquebrantavelmente quem os estiver sofrendo por causa de suas posições pro Palestina, seja em Hollywood, nas universidades, nos locais de atendimento público e em outros locais. O ataque a Barrera faz com que seja mais fácil para os empresários de Hollywood atacarem outros trabalhadores do mundo do espetáculo, especialmente os não tem a plataforma e o reconhecimento que tem Barrera.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias