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Genocídio em Gaza | Os acampamentos Pró-Palestina nos EUA e o sionismo da mídia brasileira.

De costa a costa nos Estadas Unidos as universidades estão em ebulição com acampamentos e protestos contra o genocídio praticado por Israel em Gaza, sustentado pelo próprio imperialismo estadunidense e europeu. Mas a mídia burguesa no Brasil segue reproduzindo os discursos do sionismo e silenciando sobre o apoio e a aliança que pode se gestar entre estudantes e trabalhadores em defesa da Palestina.

Sergio AraujoProfessor da rede municipal de São Paulo e integrante do Movimento Nossa Classe Educação

terça-feira 30 de abril | Edição do dia

Acampamento na Universidade de Columbia

Além de exigirem um imediato cessar-fogo, as manifestações nas universidades estadunidenses demandam o fim das parcerias econômicas e científicas entre as universidades e governos com o estado colonialista de Israel, além do fim da perseguição a ativistas e organizações pró-palestina que as universidades têm praticado desde o início do massacre de Israel à Gaza em outubro.

Depois de uma primeira e dura repressão aos estudantes na universidade de Columbia na semana retrasada, ao invés de um recuo desse movimento o que se viu foi sua expansão. No melhor espirito de quanto mais tentarem nos silenciar mais alto falaremos, ou como entoam os estudantes the more you try to silence us the louder we will be, hoje já se torna difícil contar exatamente em quantas universidade pelo país há manifestações. Isso é um grande incômodo para as direções universitárias, para todo o sionismo de plantão e óbvio para Biden, ou Genocide Joe (Joe Genocida), como é chamado pelos manifestante em defesa da palestina. Biden, que acabou de conseguir a aprovação de mais de $ 10 bilhões para financiar o massacre em Gaza. Reitorias, democratas e republicanos, acusam as manifestações de conteúdo antissemita, e lançam a polícia para dentro dos campi que além de reprimir e agir com muita violência contra manifestações pacíficas, já prenderam mais de 1000 manifestantes em todo país.

Leia também: Os acampamentos universitários pela Palestina nos EUA precisam se unir contra a repressão

Enquanto isso, por aqui no Brasil não teria como a grande mídia ficar em silencio diante de tamanhas manifestações que evocam à memória as grandes mobilizações do movimento estudantil no final dos anos 60 contra a guerra no Vietnã, e que também já se expandiu para universidades mundo afora, do Japão à Europa. Porém, como desde o início do genocídio em Gaza, a mídia burguesa no Brasil é sobretudo porta-voz do sionismo no país.

Em matéria na Veja, no O Globo, Cruzoé, Gazeta do Povo e em coluna na Folha se vê por aqui o peso do discurso sionista que fala hoje em antissemitismo nas universidades americanas. Aumentando a confusão alastrada pelo próprio sionismo para se confundir o movimento contra o projeto colonialista do estado de Israel, ou seja contra o sionismo, com a perseguição aos judeus. Nada mais falso, uma vez que nos acampamentos e manifestações estudantis nos estados unidos, mas também nas manifestações de rua que já aconteciam de forma massiva nos EUA desde outubro boa parte dos protagonistas são judeus antissionistas.

Mas ainda sobre a cobertura das grandes empresas de comunicação, mesmo quando se tenta produzir algo mais “moderado” como nos podcasts “O Assunto” do G1 e no “Café da Manhã” da Folha de São Paulo, há um silenciamento sobre algo fundamental que também acontece juntamente e a partir das manifestações nas universidades estadunidenses. Que é o quanto, cada vez mais, o apoio à Palestina vem ganhando mais pessoas pelo país e já ganhou o apoio de diversos setores de trabalhadores em solidariedade à causa e em repúdio à repressão nas universidades.

Não somente docentes universitários entraram em cena em defesa dos estudantes e em rechaço à polícia nos campi, mas também sindicatos fora das universidades como dos trabalhadores em Columbia e os trabalhadores da 9ª região do UAW (United Auto Workes), um sindicato de trabalhadores automotores, aprovaram ações em defesa das manifestações.

Porém, esse silencio é bastante proposital, afinal de contas diz respeito ao que a burguesia em qualquer parte do mundo mais teme, a entrada em cena dos trabalhadores, e ainda mais em unidade com essa massa cheia de energia que são os estudantes. Essa potencial aliança que se coloca entre estudantes e a classe trabalhadora tira o sono de qualquer burguês nos EUA, seja ele representado pelo partido Democrata de Biden ou Republicano de Trump, e no mundo. Afinal já vimos exemplos de trabalhadores ao redor do globo que barraram carregamentos que supririam a máquina de guerra israelense.

Os acampamentos nas universidades se forem unificados podem se tornar um fator ainda mais potente a luta contra o genocídio israelense na Palestina. E essa unidade entre classe trabalhadora e movimento estudantil, se avança, tem força para se alastrar mundo afora e lançar um duro golpe contra o imperialismo, barrando o genocídio do povo palestino e abrindo caminho para a luta por uma Palestina operária e socialista.




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