Com o placar de 3x2 formando maioria contra Lula, Kassio Nunes vota para agradar base bolsonarista em votação sobre suspeição de Moro.
terça-feira 23 de março de 2021 | Edição do dia
O ministro do STF, indicado por Bolsonaro, mostrou serviço hoje para agradar a base bolsonarista, mesmo com incontáveis evidências de ilegalidades por parte de Sérgio Moro durante a operação Lava-Jato. Kassio Nunes havia pedido vista do processo iniciado semanas atrás no tocante à suspeição de Sergio Moro. Caso Nunes tivesse votado a favor da suspeição, todas as "provas" contra Lula teriam sido anuladas, mas durante essas semanas Nunes organizou um voto a favor de Moro e acalmou os ânimos bolsonaristas. Viúvas da Lava-Jato estão em polvorosa no momento, graças à votação do novo ministro.
O caso é realmente surpreendente, pois a quantidade de evidências que mostram ilegalidades na condução da Lava-Jato é imensa. Fica evidente que o bafo de Bolsonaro bateu quente na nuca de Nunes para seguir a pressão por condenar Lula. Caso Carmen Lúcia não mude seu voto e o plenário do STF não acompanhar a votação de hoje na segunda turma, o julgamento de Lula zera e um juiz do DF vai levá-lo à frente. A depender do desenvolvimento dessa nova situação, Lula pode ser retirado das eleições de 2022 e novamente as instituições do regime político restringirem, com medidas autoritárias e arbitrárias, o direito ao sufrágio universal. Isso é uma das coisas que está em jogo, considerando que Lula oferece hoje enorme perigo para os planos de reeleição de Bolsonaro.
Enquanto isso, apesar das manobras evidentes dessa corte altamente antidemocrática (com juízes eleitos por ninguém e com poderes capazes de determinar os rumos da polícia nacional), o PT segue depositando enorme ilusões no STF. Esse mesmo STF, além de garantir o golpe de 2016 e manobrar para ajudar Bolsonaro a ser eleito em 2018, hoje avaliza reformas neoliberais contra a maiora da classe trabalhadora brasileira. É preciso acabar com qualquer ilusão nesse órgão reacionário e confiar apenas na força da maioria da população, da classe trabalhadora, da juventude, mulheres e negros, a fim de combater Bolsonaro, os militares, os governadores e o conjunto do regime que hoje despeja a crise capitalista em nossas costas.