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Aos 100 anos da morte de Lênin | Sobre a importância de um jornal operário e internacionalista em uma época de guerras e crise capitalista

O cenário mundial da crise capitalista vem sendo marcado cada vez mais pelas tendências belicistas dos Estados, principalmente pela guerra na Ucrânia e o massacre genocida de Israel na Palestina, mas não só. E apesar da crise orgânica do capitalismo ter gerado a aberrante extrema direita de Trump, Milei, Bolsonaro e cia; em partes do globo as ideias revolucionárias do marxismo tem encontrado eco nos espíritos revoltosos de jovens e trabalhadores. Na dita era da informação, qual seria a importância de um jornal dos trabalhadores de todo o mundo para expressar a voz de todos os explorados e oprimidos?

João SallesEstudante de História da Universidade de São Paulo - USP

domingo 14 de abril | Edição do dia

É sempre um desafio elencar as contribuições “mais importantes” de Lênin - dirigente revolucionário central do partido bolchevique na Revolução Russa de 1917, para a tradição do marxismo revolucionário. Este sem dúvidas foi um dos mais brilhantes revolucionários, capaz de transformar em carne as lições das vitórias e derrotas do proletariado até seu momento, e desde a fundação do Partido Operário Social Democrata Russo em 1898, passando pela preparação para a formação do que viria a ser o Partido Bolchevique na luta fracional travada no seio do Partido em 1903, Lênin irá se dedicar durante toda vida na importância da reflexão e elaboração teórica envolvendo a necessidade de um jornal político-partidário.

Seja em seu primeiro momento, batalhando por organizar coletivamente todos os ativistas e militantes dispersos pelo vasto território do antigo Império Russo em torno de bandeiras programáticas fundamentais e buscando elevar o nível de compreensão dos fundamentos do marxismo revolucionário conectados aos principais fatos políticos e cotidianos do proletariado e aos debates socialistas internacionais. Seja também no momento posterior ao fracasso da revolução de 1905 onde de maneira clandestina passa a enraizar o jornal na classe trabalhadora publicando diversas denúncias e relatos das condições de vida e trabalho das massas exploradas e oprimidas diretamente do chão de fábrica, sua batalha de vida deixa lições valiosas para pensarmos o presente da atuação dos marxistas revolucionários, de tradição trotskista, contra todo revisionismo.

Breves notas sobre as tarefas da imprensa operária revolucionária no século XXI

Originada desta exata tradição, a rede internacional de diários revolucionários do Esquerda Diário, presente em 15 países e 7 idiomas se propõe a atualizar os ensinamentos de diversos militantes dessa tradição como Lênin, Trotsky, Gramsci e Rosa Luxemburgo a fim de buscar expressar a cada dia a voz dos explorados e oprimidos contra as mazelas sociais do capitalismo putrefato e sua crise com expressões de barbárie crescentes. Se para Lênin era necessário um “jornal para toda Rússia” na tarefa de unificar a vanguarda em torno de um partido revolucionário com um programa e estratégia da tomada do poder, hoje não só é possível como necessário universalizar essa tarefa para todo território do planeta.

É claro que aqui nos referimos ao espírito com o qual deve ser encarada essa apaixonante tarefa de reconstituir os fios de continuidade do marxismo revolucionário na atualidade, partindo de toda batalha que travaram aqueles que antes de nós dedicaram incansavelmente suas vidas para construir as condições da vitória da revolução socialista. Certamente ainda há muito o que avançar nessa perspectiva, mas a proposta de que todos aqueles que se indignam com a miséria desse sistema atual busquem atuar de maneira coordenada no sentido de superação do “estado de coisas atual”, como diria Marx, passa necessariamente por apresentar uma proposta de jornal/diário político-partidário como esse organizador coletivo internacionalista.

Num momento onde muito se debate sobre as dificuldades de restabelecer uma subjetividade que tenha a revolução socialista em seu horizonte no que concerne às perspectivas de transformação da realidade - o que, apesar de não estar de todo errado, merece um amadurecimento e ponderações importantes, afinal há também um crescente e difuso interesse pelas ideias do marxismo em diversos lugares do mundo; é tarefa também desta mesma imprensa elevar as aspirações dos setores da vanguarda. Buscando conectar uma propaganda socialista persuasiva com uma agitação exortativa que convença da necessidade da organização e ação política imediata, é tarefa de nossa geração erguer tal ferramenta. Estas são breves reflexões a respeito do tema, mas que queremos que inspirem a novos debates e que estimulem o acompanhamento detido de todos os elementos moleculares da transformação em curso que tem em lugares como Argentina e França pontos de apoio muito avançados.

É a serviço da divulgação e propagação dessas ideias que está a rede do Esquerda Diário aqui no Brasil. Por isso, desde cada diário impulsionado pelas nossas organizações irmãs que compõem a Fração Trotskista, chamamos todas organizações e militantes da esquerda socialista a construirmos uma campanha a partir de três propostas urgentes para lutar por um internacionalismo socialista: contra o genocídio na palestina, o militarismo e a espoliação imperialista. Nossa luta é por recriar o internacionalismo revolucionário, buscando nos fundir com a vanguarda dos processos de luta de classes em cada país, batalhando contra todas as alas burguesas e as burocracias que freiam e dividem nossa classe, pela reconstrução da perspectiva socialista e por um partido mundial da revolução.




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