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Todes ao ato dia 14/11! | UFMG: construir pela base uma forte mobilização para derrotar os ataques da Reitoria

Neste dia 7/11 es estudantes da UFMG realizaram uma paralisação para lutar contra a precarização de seus cursos e da permanência estudantil. Precisamos seguir uma forte mobilização organizada desde as bases em cada curso, construindo um ato no dia 14/11 que se enfrente com a Reitoria e mostre que não vamos aceitar o aumento do bandejão e que queremos contratação de mais professores e funcionários sem precarização do trabalho.

Pedro GrongaEstudante de História da UFMG

Mafê MacêdoPsicóloga e mestranda em Psicologia Social na UFMG

quinta-feira 9 de novembro de 2023 | Edição do dia

Neste dia 7 de novembro, estudantes da UFMG realizaram uma paralisação para lutar contra a precarização de seus cursos e da permanência estudantil. Alguns cursos têm déficits enormes de professores, como o da História que foi um dos que teve mais adesão à paralisação. Os estudantes lutam, portanto, por mais professores, por terem poder de decisão sobre suas grades curriculares, mas também contra o anúncio de aumento do bandejão para mais de 8 reais a refeição e contra a precarização do trabalho dos terceirizados da UFMG.

O dia de luta foi escolhido para confluir com a paralisação estadual dos servidores do estado de Minas Gerais, que se enfrentam contra o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governador de extrema-direita Romeu Zema. Por isso, estudantes da UFMG estiveram juntes a diversas categorias de trabalhadores da educação, saúde, da Copasa, Cemig, servidores do judiciário, da UEMG, entre outros, no ato que se deu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Foi uma importante demonstração de unidade entre as pautas de trabalhadores e da juventude, que têm disposição de luta contra os ataques, seja a nível estadual, seja a nível federal, que na UFMG são administrados pelas Reitoria.

Em sintonia com os acordos econômicos nacionais ligados ao Arcabouço Fiscal e a continuidade dos cortes na educação pelo governo Lula-Alckmin, a Reitoria da UFMG administra o orçamento da nossa universidade sem que nem mesmo a comunidade universitária saiba ou decida para onde vai o dinheiro. Ela é responsável por manter no chão dos prédios o regime de trabalho da terceirização, e de mãos dadas com a Fump, fundação de direito privado que administra a assistência estudantil, perpetua as péssimas condições em que os trabalhadores dos bandejões denunciam há semanas.

Ao mesmo tempo em que nos encontramos com a precarização em nossos cursos e prédios, a Fump, que alega necessidade de aumentar o preço das refeições para absurdos R$8,37, contêm um superavit atual de escandalosos R$ 700 mil reais. Como pode uma entidade que se diz “sem fins lucrativos”, acumular esse valor enquanto estudantes são excluídes ou possuem acesso a bolsas de permanência insuficientes, ou enquanto os trabalhadores dos bandejões são condenados a péssimas condições de trabalho? Não bastasse já cobrar um dos preços de restaurantes universitários mais caros do país (R$5,60), a Fump de mãos dadas com a Reitoria ameaça a permanência de milhares com o aumento do bandejão. Um convite explícito a que aqueles mais vulneráveis se retirem da universidade. Por isso nossa luta hoje passa também por exigir "Fora Fump" e para que sejam ês estudantes, com representantes eleitos pelas bases, que administrem a assistência estudantil.

Portanto, é justamente sob os ombros dos setores mais oprimidos e explorados dentro da UFMG que recaem o peso dos cortes dos governos, nos estudantes que entram pelas cotas e precisam de permanência estudantil, mas não tem esse direito garantido, em particular para os estudantes negres, mulheres, indígenas, PCD’s e LGBTQIAP+. A Reitoria e a burocracia universitária são responsáveis por cada estudante que tem dificuldade de ter acesso a um direito tão básico como o seu nome social na lista de chamada, pela falta de banheiros que possam ser usados de acordo com a identidade de gênero de cada pessoa, e por seguir perpetuando dentro da universidade a estrutura de poder transfóbica da sociedade capitalista. Por isso, nossa luta também é pelas cotas trans já, rumo ao fim do vestibular para que todes possam ter direito de estudar, e por permanência plena para toda demanda.

Para que ês estudantes consigam arrancar cada uma de suas demandas é preciso que a luta se dê em enfrentamento, sem esperar que nada venha pela benevolência da estrutura de poder da universidade, que está aquém de atender os reais interesses do conjunto dês estudantes e dos trabalhadores. A nossa força vem dês estudantes tomando para si as demandas de trabalhadores dentro e fora da universidade em unidade com as nossas próprias demandas, além da organização da nossa luta em cada curso, com comitês de mobilização de estudantes enraizados na base, com debates pra que ês estudantes organizados nos comitês possam decidir como e de que forma organizar e massificar nossa mobilização, construindo um plano de lutas que se enfrente com a Reitoria e tire sua paz de quem acha que pode falar tranquilamente que "não há precarização na UFMG". Os comitês devem debater qual o conteúdo de seus panfletos, cartazes, faixas, ações para que estudantes façam experiência com suas próprias decisões.

Desde a juventude Faísca Revolucionária estivemos na linha de frente da construção da paralisação do dia 7/11 em cada curso que estamos, sobretudo na FAFICH, onde teve maior adesão. E como parte do comitê de mobilização da História, debatemos com ês estudantes sobre a importância de organizarmos desde a base nossa luta pela contratação de mais professores, pela permanência para toda demanda e contra o aumento do bandejão que a Reitoria pretende fazer, defendendo também os trabalhadores terceirizados que estão submetidos a condições muito precárias de trabalho dentro da UFMG.

A luta agora segue com um calendário de mobilizações, mas também está permeada por um debate importante. Na noite do dia 07 foi realizada uma assembleia geral da UFMG, em que ês estudantes presentes debateram quais os passos pra impedir os ataques da Reitoria e da FUMP.

A discussão da Assembleia sobre a necessidade de um ato em frente da Reitoria é bem gráfica de como existem duas estratégias nessa luta: uma estratégia que é a do DCE (PSOL), que durante toda a Assembleia tentou impedir o desejo dês estudantes de construir um ato em frente à Reitoria na próxima semana, demonstrando como se trata de palavras vazias seu discurso de independência política da Reitoria e dos governos. E outra que foi apresentada por nós da Faísca, junto a UJC e diversos estudantes independentes, que era a necessidade de não esperar a reunião do Conselho Universitário que irá pautar o aumento do bandejão, para organizar já na próxima semana um ato em frente à Reitoria, como forma de demonstrar que não iremos aceitar mais esse ataque e também debater com o conjunto dês estudantes que a Reitoria e a casta universitária são os responsáveis pelos ataques que estamos sofrendo e pela enorme precarização da universidade, aprofundada pelos cortes do governo Lula-Alckmin.

O DCE precisou modificar sua proposta para dialogar com a demanda de estudantes por um ato já na próxima semana, dizendo para fazermos um no bandejão dia 14/11 e avaliar se vai depois ou não para a frente da Reitoria, deixando em aberto, justamente para não se comprometer a organizar uma luta que incomode a agenda da Reitora. Assim, o DCE manobrou ao longo de toda a Assembleia, vergonhosamente impedindo estudantes independentes de falar e modificando qual era a verdadeira proposta apresentada por nós da Faísca, que incluía mobilizar no bandejão, mas buscava também aprovar um ato na reitoria dia 14/11 sem rodeios.

A insistência do DCE em não se comprometer com um ato na Reitoria antes do dia 21, quando a universidade vai dia a dia mais se esvaziando, demonstrou que não é uma diferença tática de qual dia é melhor, mas sim uma diferença política sobre convencer os estudantes do papel de que a nossa luta contra o aumento do bandejão e por mais contratações precisa ser se enfrentando abertamente com a Reitoria e a estrutura de poder da universidade. A posição e atuação do DCE na Assembleia mostra como o Afronte e o Juntos estão cada vez mais assumindo para si os métodos burocráticos da direção majoritária da UNE (UJS/PT/Levante), e é vergonhoso que correntes como Correnteza/UP e Rebeldia/PSTU tenham se adaptado totalmente a isso.

Algo que também se expressou no ato unificado com os trabalhadores, no qual mais uma vez as direções do movimento estudantil de Minas Gerais, como do nosso DCE, seguem sem questionar a estratégia que tem sido levada pelas direções sindicais e parlamentares ligados ao PT, de canalizar a ação dês estudantes e trabalhadores pra pressionar pela via parlamentar, o que passa por confiar nas instituições e em políticos burgueses, inclusive da extrema-direita, como o reacionário Sargento Rodrigues, do PL de Bolsonaro. Quando o que estamos vendo a cada dia é como a conciliação é o que mais fortalece a extrema-direita, essa que inclusive é responsável pelos repulsivos casos de violência política de gênero contra parlamentares mulheres.

Agora é central seguir debatendo com todes estudantes sobre a importância de construir fortemente a mobilização desde a base, batalhando para construir um forte ato na UFMG no dia 14, para que a força dês estudantes imponha ao DCE que esse ato tenha que descer até a Reitoria. Continuaremos fazendo este debate na base, como parte do comitê de mobilização da História, e também em cada curso onde temos militância, com panfletagens, passagens em sala e muita discussão política para convencer cada estudante da importância de tomar essa luta em suas mãos e ser sujeito das mobilizações. A unidade na construção dessa luta não significa esconder as diferenças, pois é impossível ignorar o fato de que todo o imobilismo que permeou nossa principal entidade esse ano decorre da posição política do PSOL, que é parte do governo de frente ampla e alimenta mais confiança nas vias institucionais e na articulação por cima com as burocracias estudantis e sindicais, do que na auto-organização dês estudantes.

Como parte de nossa luta, também defendemos que ês estudantes da UFMG precisam retomar a tradição internacionalista do movimento estudantil diante do crescente movimento contra o massacre de Israel à Palestina, que vem se fortalecendo em todo mundo. Chamamos es estudantes a se embandeirarem da pauta da resistência palestina, construindo uma forte campanha pelo fim dos bombardeios e das operações militares, e pela ruptura das relações do governo brasileiro com o Estado assassino de Israel, assim como das cooperações da UFMG com universidades e instituições de Israel, cuja tecnologia produzida está intimamente ligada aos aparelhos repressivos.

Convidamos a todes para estarem conosco no ato em solidariedade ao Povo Palestino chamado pelo Comitê Mineiro para o próximo sábado, dia 11 de novembro, às 10h na Praça 7. E para participar do grupo de estudos que iremos impulsionar na UFMG, com a primeira sessão no dia 14/11 às 17h15 na sala 2055 da FAFICH. A bibliografia do grupo serão as aulas disponíveis em nosso curso virtual “Palestina ontem e hoje, um olhar marxista”, organizado pelo Campus Virtual das edições Iskra e pelo Ideias de Esquerda. A iniciativa é parte das nossas políticas de formação para todes companheires que buscam entender desde uma visão marxista o conflito e a resistência palestina, e debater sobre a necessidade de uma Palestina operária e socialista em que possam viver em paz árabes e judeus.




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