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[Espectro do Comunismo] Trótski e a batalha contra a degeneração stalinista

Noah Brandsch

Ilustração: Isadora de Lima Romera | @garatujas.isa

[Espectro do Comunismo] Trótski e a batalha contra a degeneração stalinista

Noah Brandsch

Estamos a 82 anos do assassinato de Trótski por um agente do stalinismo. É fundamental resgatar seu legado teórico e estratégico para enfrentar a extrema direita e a crise capitalista, jogando fora todas as deturpações do marxismo e do leninismo pelo stalinismo, que se consolidou como corrente contrarevolucionária.

Um espectro ronda a Europa. O espectro do Comunismo.

Com essa frase, Marx e Engels, há 174 anos atrás, começavam a escrever o Manifesto do Partido Comunista, que discorria em poucas páginas sobre o funcionamento da sociedade capitalista e sua central contradição que se expressava na luta de classes. Ao final daquelas páginas, se fazia um chamado: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”.

Se passou 1848 e a classe trabalhadora protagonizou diversas revoluções conhecidas como a Primavera dos Povos. Anos mais tarde, em 1863, teria a Revolta Polonesa. Em 1871, a Comuna de Paris, 7 anos mais tarde, a primeira onda de greves operárias na Rússia, que 27 anos depois seria palco da primeira Revolução Russa, dando origem aos sovietes (Conselhos de trabalhadores, soldados e camponeses).

A partir do fim do século XIX, Lênin analisa o desenvolvimento do capitalismo liberal para o capitalismo monopolista, conceituando-o como imperialismo: uma era de crises, guerras e revoluções, colocando a revolução proletária na ordem do dia. Em 1917, os trabalhadores russos tomam o poder, expropriam a burguesia e formam um Estado operário construído em base aos sovietes e a planificação democrática da economia. Um ano depois, a Revolução Alemã foi derrotada por traição da Social-Democracia, e pela prematuridade do Partido Comunista.

Após vencer a guerra civil no início dos anos 20, o jovem Estado operário, isolado e com uma economia atrasada e agrária, vai sofrendo um processo cada vez mais profundo de burocratização, endossado pela tese de Stálin de socialismo em um só país. Trótski e a Oposição de Esquerda, que buscavam resgatar os fios de continuidade estratégica do bolchevismo, foram expulsos do partido e da URSS e perseguidos pelo stalinismo. A partir daí, diversas revoluções sofreram derrotas pela política conciliadora e contrarevolucionária do stalinismo: a revolução chinesa de 1927, a francesa de 1935, a espanhola de 1938, e no mesmo ano, Trótski e a Oposição de Esquerda Internacional fundaram a IV Internacional.

Durante todo o século XX e esse início de XXI, a classe trabalhadora se levantou em greves, revoltas, rebeliões e revoluções, lembrando à burguesia que o Espectro do Comunismo sempre está à espreita, pois o capitalismo criou seu próprio coveiro: o proletariado. Entretanto, o capitalismo segue vigente, entrando em crises e se recuperando (por ora, ainda não se recuperou da última), aprimorando seu sistema de dominação. A luta de classes está sempre presente, ora mais intensa, ora menos, e move os rumos da história. Entretanto, como diz Trótski, “a vitória é uma tarefa estratégica”, e a vanguarda da classe trabalhadora precisa de uma estratégia revolucionária, que foi e é construída a partir das lições de cada processo concreto da luta de classes historicamente, para triunfar e tomar o céu por assalto. Toda a intensidade da luta de classes, sem essa estratégia revolucionária, não foi capaz de vencer o capitalismo no século XX, parte pelo stalinismo e suas variações, direção majoritária da classe trabalhadora durante o século XX, uma corrente que se provou diretamente contrarevolucionária; parte pelo próprio centrismo trotskista do pós-segunda guerra, que não foi capaz de tirar lições dos processos e diversas vezes capitulando nos momentos centrais da luta de classes.

Por isso, frente ao ascenso da extrema-direita a nível internacional, à crise capitalista que não se recupera, e à irrupção da luta de classes que sempre nos aguarda, o podcast Espectro do Comunismo, iniciativa do Ideias de Esquerda, suplemente teórico impulsionado pelo Esquerda Diário e pelo MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores), se propõe a resgatar as lições deixadas pela história. Os debates com a vanguarda e com os setores que hoje veem a conciliação de classes com desconfiança é fundamental para podermos dar uma saída dos trabalhadores frente à crise.

Frente a essa conjuntura, com uma fraseologia vermelha e radical, aparecem aos olhos, principalmente da juventude, setores que buscam disputar um espaço à esquerda do PT, e que reabilitam, de forma mais ou menos aberta, a tradição stalinista e seu legado de uma corrente “organizadora de derrotas”. Apresentar o trotskismo principista se torna uma tarefa ideológica, teórica, histórica e estratégica necessária para desmascarar tais setores que, como a história já mostrou, abrem terreno para o descarrilamento das locomotivas da história, ou seja, para a derrota de revoluções. É necessário colocar claramente o papel traidor que o stalinismo teve. O podcast aborda diversos processos debatendo com isso, desde o apoio do stalinismo à criação do Estado sionista de Israel, até a concepção etapista de revolução democrática e de aliança com as burguesias nacionais; desde a repressão às revoluções do pós-guerra e da Revolução Húngara de 1956, até o bonapartismo do Estado capitalista chinês e de XI Jinping.

Como parte destes, e de outros muitos debates, recomendamos os seguintes episódios:

  •  O trotskismo contra Stálin, coveiro de revoluções
  •  Stalinismo pós-guerra: repressão a revoluções e restauração do capital
  •  Trótski como alternativa para o século XXI
  •  Hungria 1956, revolução operária e socialista contra o stalinismo
  •  Um balanço trotskista da II Guerra Mundial
  •  Trótski na América Latina
  •  Quem é Xi Jinping?
  •  Chavismo e a Venezuela
  •  Trotskismo e stalinismo na questão palestina
  •  O que é Poder Popular?

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    Noah Brandsch

    Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
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