O Esquerda em Debate, programa de entrevistas com intelectuais, ativistas e militantes da esquerda brasileira e internacional, inicia sua segunda edição neste mês. Na primeira temporada foram 24 entrevistas, realizadas às vésperas da eleição de 2022, que ofereceram um quadro político e teórico do momento, sempre com o intuito de pensar uma saída política de independência da classe trabalhadora. Entre os entrevistados, estiveram nomes como Ricardo Antunes, Vladimir Safatle, Virgínia Fontes, Plínio de Arruda Sampaio Jr., Michael Löwy, Lincoln Secco, Isabel Loureiro, Jorge Grespan, Beatriz Abramides, Vera Lúcia, Chavoso da USP. A primeira edição contou ainda com uma publicação em livro pelas Edições Iskra, saindo em seguida das entrevistas, no começo de 2023. Agora, contando com a presença de Diana Assunção dando sequência às entrevistas, teremos também a incorporação de Marcello Pablito, como novo entrevistador do programa, com o quadro “Diálogos da luta negra”. Sobre isso, o Ideias de Esquerda colheu depoimentos de jovens e trabalhadores de vários lugares do país quanto a como vêem a importância do programa e suas expectativas para seu retorno.

“Entre os meus colegas da universidade, sinto que 2023 começou com energias renovadas, percebo neles um certo sentido de alívio pela derrota eleitoral do Bolsonaro. Nesses seis anos do golpe institucional, um importante setor da juventude passou a pensar política cotidianamente e a perceber que essa extrema direita é um produto desse sistema capitalista que só nos reserva misérias. Sem dúvidas, a primeira temporada do Esquerda em Debate foi uma importante ferramenta para todos nós que estivemos na linha de frente contra a extrema direita, mas que víamos que este combate não poderia ser feito ao lado da direita e da burguesia. Neste ano, o Governo Lula-Alckmin mantém os grandes ataques da extrema direita, como o Novo Ensino Médio, e assina a privatização do metrô aqui de Belo Horizonte, arquitetado por Zema e Bolsonaro. Dia a dia, vejo que as aspirações da juventude, em busca da normalidade prometida pela frente ampla, deparam-se com os limites da conciliação de classes que se voltam contra nós. Ao mesmo tempo, sinto uma operação em curso para criminalizar a nossa revolta, o fantasma de 2013 que completa 10 anos em Junho, ronda a burguesia e os ânimos da minha geração que não viveu esses anos, mas que vê na revolta da juventude francesa uma saída para a miséria capitalista. Estamos diante de um grande desafio, que em parte é apontar uma saída por fora desse sistema irracional e para o qual acredito que a segunda temporada do Esquerda em Debate poderá cumprir um papel fundamental.” (Samuel, estudante da UFMG)

"Fiquei muito impressionado com nosso espaço Ideias de Esquerda e os programas que em 2022 trouxeram a possibilidade de conversarmos com lideranças pelo Brasil, discutindo as ideias da atualidade, e, no meu caso, trazendo uma perspectiva muito mais facilitada para o operário, para o trabalhador, de conseguir discutir e visualizar as realidades do nosso país e do mundo pela perspectiva da esquerda e por uma perspectiva anticapitalista. Mesmo com as naturais diferenças que tivemos com os convidados, achei muito oportuno, muito proveitoso, e a minha perspectiva agora para 2023 é que a gente avance nessas conversas e nesse programa, trazendo mais debates, mais discussões e se consolidando como um espaço único na mídia. A gente não consegue ver isso em nenhum outro lugar, muito menos na mídia capitalista" (Everton Pires, rodoviário de Porto Alegre da Cia Carris)

"Após as últimas eleições, como já sabíamos, contradições profundas vêm aparecendo na política nacional e internacional e canalizar o ódio da classe trabalhadora, sobretudo dos negros, lgbtqiap+, mulheres, indígenas às instituições, não dá conta de resolver o problema na raíz. Espero que o Esquerda em Debate, principalmente com o "Diálogos da luta negra” traga ainda mais reflexões sobre o que nos trouxe até aqui e qual o caminho seguir e não seguir, partindo sempre da realidade objetiva através do marxismo revolucionário e tomando como lições os processos históricos de luta da nossa classe no Brasil e no mundo”. (Jefferson, trabalhador do RJ)

“Muito ansiosa para essa próxima temporada do Esquerda em Debate! Essa segunda fase de entrevistas dá seguimento a grandes debates estratégicos com a intelectualidade e ativistas de esquerda, espero que sirva de instrumento para pensar quais caminhos seguir na luta contra as opressões e a exploração e abra espaço para pensarmos uma alternativa independente do governo e dos patrões.” (Mariana, estudante da USP)

“O Esquerda em Debate foi um programa essencial em 2022, debatendo com alguns dos principais nomes da intelectualidade marxista, da esquerda, com representantes de organizações e ativistas as saídas para as crises enfrentadas nos últimos períodos e como construir uma estratégia revolucionária. Isso se torna muito importante agora, em que grande parte da esquerda tomou parte na frente ampla ou cede a ela e às instituições; com certeza os novos debates trarão discussões e conclusões importantes para enfrentarmos a crise capitalista e suas mazelas que se renovam ano após ano.” (Juliano, trabalhador do Metrô de São Paulo)

“Essa primeira edição do Esquerda em Debate, sem dúvida, colocava o dedo na ferida. Sempre partindo de denunciar o bolsonarismo fortemente, os debates giravam em torno do balanço da revolta chilena em 2019, tática e estratégia revolucionária, qual deveria ser a posição diante de um novo governo de conciliação de classes com Lula-Alckmin, entre outros. Talvez, dois episódios que mais me chamaram a atenção foram com o professor Jorge Grespan, em que ele apontava a profunda crise do capital e suas bases dialéticas, e aquele com Ricardo Antunes, na qual o professor coloca que é preciso trazer a luta para o nossos ringue, o das greves e piquetes. Sem dúvida, o livro das Edições Iskra que agora compila o conjunto das entrevistas é de uma enorme riqueza em debates que seguem com plena relevância.” (Rosa, estudante da UnB)

“O resgate de Rosa Luxemburgo junto a Isabel Loureiro é uma arma afiada contra o reformismo. A conversa com Ricardo Antunes, quando diz que temos que trazer a burguesia para o nosso ringue, que é a luta de classes, nos faz pensar que nos posicionarmos ao lado dela na esperança das reformas sucessivas só aprofunda a hegemonia capitalista. Hegemonia esta que não pode se sustentar como horizonte para a humanidade, como aponta Grespan em sua entrevista, ao aprofundar sobre a crise de 2008 e suas reverberações, como uma certeza das crises que o capitalismo produz, quando resgata a teoria marxista. Assim, se o capitalismo não pode ser um horizonte, tampouco deve ser exaltada a China como suposto socialismo, como diz Virgínia Fontes, mas sim apostar no marxismo revolucionário que precisa ser colocado no centro da política nacional, de acordo com Lincoln Secco. Por todas essas definições potentes na última temporada, o Esquerda em Debate foi e poderá continuar sendo um lugar de aprofundamento da teoria marxista, de combate à exploração e opressão e de unir forças contra todo projeto burguês aos quais queiram submeter a classe trabalhadora, afiando as armas da crítica junto à intelectualidade.” (Camila, estudante UFRN)

“No último ano, o Esquerda em Debate com Diana Assunção já foi um dos programas mais aguardados da semana e que deu o tom para os debates necessários na esquerda sobre a conjuntura, as tarefas, os desafios para construirmos uma saída dos trabalhadores para esse cenário de cada vez mais degradação da vida que o capitalismo relega para a gente. Eu estou mais do que ansioso para essa nova temporada neste ano, em que nos inflamamos com a luta dos franceses e do povo peruano. Mas também pelo quadro "Diálogos da luta negra", que promete demais! Num país como o Brasil esse tema é da maior relevância, é a camada dos trabalhadores que sente primeiro a precarização da vida e quando se levanta incendeia. Marcello Pablito vai arrasar!” (Sérgio, professor municipal de São Paulo)

Veja mais: Leia o prefácio de "Esquerda em Debate" das Edições Iskra e do Esquerda Diário