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Exploração capitalista | A farsa do capitalismo automatizado e a necessidade da classe trabalhadora

Denúncia desmascara tecnologia da Amazon que afirmava rastrear o que consumidores compravam e dispensar a necessidade de funcionários: na realidade, cerca de 1.000 empregados na Índia analisavam imagens de câmeras. Exemplos como esse mostram que o avanço da tecnologia é uma grande desculpa das grandes empresas para super explorar os trabalhadores e que a classe trabalhadora está longe de ser dispensável.

quinta-feira 4 de abril | Edição do dia

Imagem: Shutterstock

Uma denúncia feita por um jornal indiano desmascarou a tecnologia chamada “Just Walk Out” utilizada pela Amazon em seus supermercados Amazon Fresh nos Estados Unidos. Segundo a empresa bilionária, suas lojas usavam câmeras e sensores para rastrear o que os consumidores compravam, permitindo que o estabelecimento operasse sem funcionários nem caixas. Na verdade, ela dependia de cerca de 1.000 empregados que trabalhavam na Índia, assistindo imagens das câmeras dos estabelecimentos para checar as compras: a cada 1.000 compras, 700 precisavam de revisão humana.

Quando o assunto é precarização do trabalho, a Amazon lidera o mercado: usam da tecnologia de vigilância para garantir que seus trabalhadores produzam sem parar e terceirizam as entregas com empresas de transporte e galpões em grandes centros logísticos, inclusive no Brasil. A Amazon, responsável por denúncias aterrorizantes das condições de trabalho em seus galpões, inspirou empresas que adotam o mesmo modelo de precarização no Brasil como o Mercado Livre, responsável pela morte do jovem Luís Felipe, trabalhador terceirizado que se suicidou após ser demitido em Cajamar. Apesar de ter sido pioneira no uso da tecnologia para o aumento exponencial da exploração dos trabalhadores mundialmente, a tendência da precarização do trabalho por aplicativos é hoje uma grande ameaça aos direitos trabalhistas.

O avanço das tecnologias de informação no mercado, utilizadas por empresas como Uber e iFood, mas também pela indústria 4.0, representam uma precarização desenfreada do trabalho de entregadores e motoristas de aplicativos que, no Brasil, enfrentam agora a PL da Uberização, medida do governo Lula-Alckmin que legitima o trabalho precário e o trabalho subordinado sem direitos.

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O avanço tecnológico que, em uma sociedade livre da exploração capitalista, poderia facilitar a vida dos trabalhadores, diminuir as jornadas de trabalho e garantir a produção na medida certa para toda a população, se torna exatamente o seu oposto: uma desculpa do grande capital para a exploração cada vez maior da classe trabalhadora. A falácia dessas grandes empresas de que o trabalho humano é substituível por máquinas cai por terra em exemplos como esse, em que 1.000 trabalhadores ocupam postos precários de trabalho sentados por horas em frente a câmeras analisando filmagens. Situações como essa mostram que o capital não sobrevive sem o trabalho humano: o que seria do iFood na pandemia se não houvesse os trabalhadores para fazerem entregas? Ou do Chat GPT sem os trabalhadores no Quênia que eram pagos uma miséria para moderar a ferramenta de inteligência artificial antes de ser levado ao público?

As grandes empresas e a burguesia propagam cada vez mais a ideia de que a classe trabalhadora enquanto classe está em extinção e cada vez mais pulverizada, sem chance de se organizar e lutar contra a crescente precarização do trabalho e da vida desses trabalhadores. Mas a verdade é outra: a classe trabalhadora segue sendo pilar essencial no funcionamento da sociedade, e os trabalhadores da Amazon e das plataformas fazem parte da mesma luta que os trabalhadores terceirizados e efetivos. Esses setores demonstram grande disposição de luta, como os entregadores que se recusam a aceitar a precarização legalizada da PL da Uberização, ou os trabalhadores da Amazon nos Estados Unidos que se sindicalizavam enquanto Jeff Bezos visitava o espaço sideral com o dinheiro tirado da exploração da juventude precarizada.

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Por isso é necessário a união dessas categorias, de trabalhadores terceirizados e efetivos, uberizados e precarizados, na luta contra o avanço do capital aos direitos trabalhistas. No Brasil, é preciso fortalecer a luta desses setores, a partir das grandes centrais sindicais como CUT e CTB e de organizações estudantis como a UNE, organizando o conjunto da classe trabalhadora e se apoiando nas lutas internacionais como a dos jovens trabalhadores da Amazon nos EUA, mas também de diversos outros exemplos pelo mundo que lutam contra as grandes empresas. É preciso lutar contra a falácia do fim da classe trabalhadora e batalhar por uma sociedade em que a tecnologia esteja a serviço da grande maioria da população, e não dos lucros do capital.




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