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Subordinação ao imperialismo | Lula segue comprando de Israel armamentos usados no genocídio em Gaza

Lula acredita que seus discursos lhe conferem um salvo-conduto para seguir normalmente as relações comerciais, econômicas, militares e diplomáticas com os sionistas.

sexta-feira 15 de março | Edição do dia

Lula parece crer em uma espécie de platonismo político na questão Israel-Palestina, dividindo o mundo sensível do mundo inteligível. Em palavras, critica o terrorismo sionista. Nos atos, continua o business as usual com Israel. Em outras palavras, Lula acredita que seus discursos lhe conferem um salvo-conduto para seguir normalmente as relações comerciais, econômicas, militares e diplomáticas com os sionistas. Relações que, diga-se, colaboram com os recursos necessários para que Netanyahu e o governo do Likud extermine a população palestina.

Além da já escandalosa notícia das negociações entre o Estado de Israel e a Força Aérea Brasileira (FAB) para venda de drones, é necessário frisar que a empresa ligada à produção desses equipamento não-tripulados é a Israel Aerospace Industries (IAI), estatal ligada ao Ministério da Defesa. A IAI, que fornece tecnologias em defesa espacial, aérea, terrestre, naval, cibernética e interna, viu suas vendas aumentarem para cerca de US$ 5,3 bilhões em 2023. Seu CEO, Boaz Levy, admitiu que os drones VANT Heron negociados com o Brasil “desempenharam um papel fundamental” no genocídios contra os palestinos em Gaza, ativo em operações de ataque.

Esta empresa tem longo prontuário de participação em guerras e massacres imperialistas, como durante a Guerra do Vietnã, em que fornecia armamento aos Estados Unidos. Para o governo de Frente Ampla não existe maiores problemas em financiar, com dinheiro público, a compra de ferramenta militar “testado” no genocídio dos palestinos, cuja verba será revertida para a manufatura de mais armamentos utilizados no genocídio.

Essas relações de compra de artefatos militares israelenses é incentivada por todas as potências imperialistas, que desde 1948 sustentam os esforços de guerra dos sionistas. De acordo com a própria ONU, os Estados Unidos e a Alemanha são os principais fornecedores de armas para Israel, seguidos pela França, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália. Embora tenha gerado discussões a nível internacional com as críticas a Israel, a política concreta de Lula com a compra dos drones israelenses é um dos símbolos da sua subordinação à chamada “estrutura de segurança internacional” do imperialismo - o que se pode entender pela satisfação de Antony Blinken em sua visita oficial a Lula.

O Brasil sustenta há décadas a presença de empresas israelenses no controle da produção de armamentos. A Elbit Systems Ltda., principal empresa de armamentos israelenses, é dona de três empresas de armas brasileiras (AEL, Ares Aeroespacial e a Defesa SA), produzindo armamentos usados na repressão ao povo negro e aos trabalhadores. Os caveirões que matam crianças de uniforme escolar nas favelas cariocas são realizados com materiais israelenses, assim como as armas que a polícia brasileira ostenta para assassinar trabalhadores negros são as mesmas que as Forças de Defesa de Israel (a infame Tzahal) usam para massacrar a população em Gaza, ou para fuzilar palestinos para abrir caminho ao assentamento ilegal de colonos na Cisjordânia. Esses acordos militares e de fornecimento de armas, que já existiam na década de 2000 durante os governos do PT, foram expandidos em nova escala por Bolsonaro em acordo de 2019 (ratificado por decreto legislativo em 2022). Esses acordos seguem de pé. Assim, no governo Lula-Alckmin, dinheiro público é enviado por meio do cumprimento de acordos para os cofres israelenses, verba que contribui no fortalecimento da máquina de guerra desse enclave imperialista no Oriente Médio.

O genocídio perpetrado pelo estado sionista de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza é o símbolo mais terrível da opressão imperialista de nosso tempo. Mais de 32.000 palestinos foram mortos em Gaza, 13.000 deles crianças. Na Cisjordânia, 358 palestinos foram mortos pelo exército sionista. Oitenta e cinco por cento da população de Gaza foi desalojada de suas casas pelo bombardeio, com 1,3 milhão de palestinos amontoados na cidade fronteiriça de Rafah. Organizações internacionais, como a Human Rights Watch e a Oxfam, afirmam que Israel está usando a fome como tática de guerra, destruindo os sistemas agrícolas e de distribuição de alimentos de Gaza.

É necessária a ruptura imediata de todas as relações comerciais, militares, econômicas e diplomáticas com Israel. É impossível ocultar com críticas verbais a colaboração concreta, mediante compra de armamento militar, com o governo genocida de Netanyahu. A atual política de Lula e do governo federal acompanha as exigências do imperialismo na manutenção dos acordos com Israel, apoiado por toda a extrema direita internacional, e não em menor medida pelo bolsonarismo no Brasil. É urgente, que as centrais sindicais, que dirigem grandes sindicatos pelo país, organizem as bases de trabalhadores para lutar em apoio e solidariedade à Palestina, exigindo a ruptura de todas as relações bilaterais. É preciso superar a demagogia de Lula e construir uma grande mobilização internacional em defesa do povo palestino, enfrentando o imperialismo.

Neste Esquerda Diário, levantamos o direito à autodeterminação nacional do povo palestino e lutamos por uma Palestina operária e socialista, dentro da estrutura de uma federação socialista no Oriente Médio. Somente um Estado que tenha como objetivo pôr fim a toda opressão, exploração e reação imperialista pode garantir a regeneração territorial da Palestina histórica, o direito de retorno dos refugiados palestinos e uma coexistência democrática e pacífica entre árabes e judeus. Essa tarefa deve ser assumida pela classe trabalhadora e pelos camponeses de toda a região. A unidade das massas palestinas e das massas árabes cujos governos normalizaram as relações com o Estado sionista, ou daqueles que estão se preparando para fazê-lo, é fundamental nesse caminho.




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