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Piso salarial da enfermagem já! | “12 h no plantão e passa a noite em cadeira de plástico”: veja porque as enfermeiras lutam pelo piso salarial

O Esquerda Diário esteve hoje no ato das enfermeiras em Brasília pelo piso salarial da categoria e colheu alguns depoimentos de trabalhadoras do porque estão em luta.

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

quarta-feira 5 de outubro de 2022 | Edição do dia

Hoje ocorreu um ato em frente à Câmara dos Deputados em Brasília, organizado por diversas confederações e sindicatos pelo país em defesa do piso salarial da enfermagem, autoritariamente retirado pelo STF. No contexto de fortalecimento da extrema-direita nas eleições, que foram linha de frente em precarizar a saúde e atacar as enfermeiras com o negacionismo e as reformas, a categoria mostra o caminho de como derrotar efetivamente o bolsonarismo: na luta de classes.

Ligia e Elaina, enfermeiras de Águas Lindas do Goiás, nos disseram:

“A enfermagem merece respeito, deveriam inclusive aprovar a lei do piso na íntegra, não com todos aqueles cortes. Nosso salário só abaixa, a inflação sobe e acaba diminuindo muito nosso poder de compra, se o salário não progredir também fica difícil. Eu tenho 13 anos de profissão e digo que vamos seguir lutando. Nós vimos muita gente morrendo, colegas e amigos. A gente tinha medo de adoecer nossos familiares, mas tivemos que enfrentar, teve muito colega que adoeceu mentalmente, alguns que morreram. E não tinha EPI, não tinha nada. Em nenhum minuto fomos valorizadas. Tinha que estar todo dia no seu setor, com risco de levar o vírus pra casa, foi muito tenso mesmo. A gente pensa na população, porque a enfermagem é essencial, tem que se mobilizar porque a população não sabe o que a gente tá passando. Esses políticos tem que fazer lei para garantir nossos direitos, o piso já é uma realidade e não vamos parar até que ele seja cumprido na íntegra”

Falamos também com representantes do Centro Acadêmico de Enfermagem da UERJ que vieram do Rio de Janeiro apoiar essa luta. Elas nos disseram que “viemos nos somar na luta dos trabalhadores e defender nosso futuro, porque a gente sabe que isso tudo é fruto da pressão dos poderosos, do capital privado que lucrou muito na pandemia e não quer dar nada para a enfermagem.Tamo aqui para fazer muito barulho e somar!”

Uma trabalhadora do DF, Rebeca, nos disse:

“Uma das nossas pautas também são as ‘homecares’, a gente sabe que nos órgão públicos já tem fonte de custeio para isso. Tem colega meu que fica 12 horas no plantão, pagam do próprio bolso comida e transporte, e passam a noite numa cadeira de plástico ou no chão mesmo. E pagam só 70 reais o plantão, é um descaso. E olha que curioso, não sei se vocês viram, mas o Barroso barrou nosso piso um dia antes de cair o pagamento! E logo depois, teve o aumento dos salários dos ministros do STF, cada um deles inclusive tem uma pessoa paga para vestir a toga para eles, nem se vestir eles sabem! E olha, a saúde aqui do DF só vai melhorar mesmo quando sair esse Ibaneis daqui viu! Teve empresário também que entrou com ação na justiça querendo impedir que os enfermeiros do setor privado entrassem em greve, coagindo mesmo, com risco de ser mandado embora caso se manifestasse. Mas a gente tá firme e forte. Não sei se viram também, o dono da Rede Dasa, um dos homens mais ricos do Brasil segundo a Forbes, foi um dos primeiros a dizer que se pagar o piso a empresa ia quebrar, chega a ser piada. É bom essa luta ter visibilidade, para os colegas mais tímidos verem a gente e pensarem ‘eu posso estar lá também’!”

Esses depoimentos revelam a grande disposição de luta das enfermeiras e refletem uma vontade genuína de grande parcela da classe trabalhadora e da juventude que quer derrotar o bolsonarismo e as reformas com mobilização e luta. Por isso, é fundamental que as centrais sindicais, dirigidas pelo PT e PCdoB, rompam sua paralisia eleitoral para não ferir os acordos de Lula com os patrões e a direita, organizem nacionalmente um plano de lutas, unificando os trabalhadores e os oprimidos nas ruas. E é essa força social que pode enfrentar consequentemente Bolsonaro, essa corja reacionária de extrema-direita, mas também as reformas e ataques que são aplicadas ou têm aval direto do STF. O resultado eleitoral mostra que as alianças com a direita apenas abrem mais caminho para a extrema-direita; precisamos confiar apenas na força da classe trabalhadora!

Leia mais: Seguir a luta contra Bolsonaro sem trégua e com ainda mais força




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