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Eleições 2022 | Bolsonaro retoma o tom golpista questionando os resultados das eleições

Desde o 7 de setembro, Bolsonaro havia equalizado seu discurso golpista e de deslegitimação do resultado das urnas. Agora, há apenas 4 dias do primeiro turno, ele retoma o tom golpista, dizendo inclusive que irá “ganhar em 1º turno”

Cristina SantosRecife | @crisantosss

quinta-feira 29 de setembro de 2022 | Edição do dia

Bolsonaro retoma o tom golpista questionando os resultados das eleições

Desde o 7 de setembro, Bolsonaro havia equalizado seu discurso golpista e de deslegitimação do resultado das urnas. Agora, há apenas 4 dias do primeiro turno, ele retoma o tom golpista, dizendo inclusive que irá “ganhar em 1º turno”.

Com a proximidade das eleições e pesquisas que apontam a possibilidade de vitória da candidatura Lula-Alckmin já no 1º turno, Bolsonaro parece querer abandonar a postura mais comedida que vinha apresentando desde o 7 de setembro e retomar o discurso golpista.

Na quarta-feira, o presidente utilizou de Fake News para dizer que as forças armadas podem fechar seções eleitorais, afirmando que o TSE está considerando impedir os eleitores de usar camisa verde e amarela. Mentiras para inflar sua base. Segundo Bolsonaro, domingo haveria “um mar de verde amarelo votando” e isso depois contrastaria com Lula ganhando, no que soa como um discurso preparatório para a deslegitimação dos resultados que ele já vem alarmando.

Junto a isso, também nesta quarta-feira, o partido de Bolsonaro - o PL - divulgou um documento que diz que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas por funcionários do TSE, reproduzindo muitos dos argumentos que o próprio presidente utiliza em seu discurso contra as urnas eletrônicas.

Nesse cenário, vale lembrar também que o TSE diretamente está concedendo aos militares, que são defensores do Bolsonaro, que eles próprios sejam uns dos avalistas dos resultados eleitorais. Ou seja, da maneira mais arbitrária e autoritária possível, o Judiciário se alinha com as Forças Armadas nas eleições de 2022 para supervisão eleitoral, fortalecendo a tutela militar.

Sabemos que a burguesia pode utilizar de muitas artimanhas para fraudar as eleições e não partimos de uma suposta soberania da verdade das urnas eletrônicas. Em 2018, por exemplo, a burguesia, pela via do Judiciário na figura do STF, prendeu o candidato que estava à frente das pesquisas, tentou proibir que Haddad utilizasse a imagem de Lula em sua campanha e ainda proibiu o voto de mais de 3 milhões de pessoas com a desculpa da biometria na região Nordeste, importante região eleitoral para o PT. Foram estas eleições fraudadas as que deram a vitória a Jair Bolsonaro, isso em si já deixa seus ataques à urna e supostas fraudes eleitorais a favor de Lula bastante lunáticos.

Outro elemento que Bolsonaro parece tapar os olhos para não ver é que alas da grande burguesia estão alinhadas à candidatura Lula-Alckmin, alas nas quais essa semana se somaram ao bote (talvez esteja mais para cruzeiro de luxo) grandes banqueiros e alguns empresários que a até pouco tempo eram firmes apoiadores de Bolsonaro, como Flavio Rocha do Grupo Riachuelo e Eugenio Mattar, CEO da Localiza. O grande capital agrário, o agronegócio, segue com Bolsonaro.

Ou seja, os resultados das pesquisas que colocam Lula na frente está sim ligado à um profundo repúdio à Bolsonaro que parte de distintos setores e se expressa de maneira distorcida na esperança de vencê-lo com o voto, mas que se soma ao trabalho da burguesia em garantir a manutenção dos ataques que Temer e Bolsonaro conseguiram dar na classe trabalhadora e no povo pobre, as reformas e as privatizações, justamente os elementos que Lula-Alckmin já garantiram manter intactos da agenda golpista. Ou seja, se não batalhamos por colocar a classe operária na ofensiva e derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo com nossos métodos - greves, paralisações, atos de rua - a burguesia capitaliza nosso justo repúdio ao bolsonarismo com meras ilusões eleitorais e institucionais que manterão a obra do golpe institucional.

Por isso é criminosa a atuação das direções diante das ameaças golpistas de Bolsonaro. Lula, o PT e as direções das grandes centrais sindicais simplesmente aguardam a eleições, ao mesmo tempo que atuam como freio de diversos processos de luta que estão acontecendo - como das distintas categorias de trabalhadores da saúde: dos hospitais federais, enfermagem, agentes de saúde - exatamente para que as mobilizações não se desenvolvam em seu potencial de colocar em questionamento a manutenção das reformas e das privatizações, que é um dos principais elementos do que mantêm a tão grande fatia da burguesia, nacional e estrangeira, alinhada com a candidatura Lula-Alckmin.

Diante da maior probabilidade da derrota, Bolsonaro parece querer apostar em "cair atirando" para moralizar sua tropa mais reacionária. Essa tropa que não deixará de existir a partir da derrota eleitoral de Bolsonaro e continuará como um setor social que representa o que há de mais retrógrado e reacionário.

Nós do Esquerda Diário, reafirmamos que é urgente a tarefa de exigir que as direções das grandes centrais sindicais deixem de subordinar nossos sindicatos ao calendário eleitoral e convoquem imediatamente um plano de luta contra os ataques da extrema-direita e contra as reformas e privatizações que o conjunto da direita aplaude de pé. As candidaturas da esquerda em sua maioria depositam ilusões nas saídas eleitorais e institucionais, como se a derrota eleitoral de Bolsonaro por si, e ainda de mãos dadas com todos os golpistas que possibilitaram sua ascensão, derrotará o bolsonarismo. Sabemos que não. A derrota de Bolsonaro e do bolsonarismo, assim como do conjunto da obra do golpe institucional, só poderá ser imposta pela mobilização independente da classe trabalhadora, aliada ao conjunto do povo pobre e oprimido, levantando um programa independente de enfrentamento à extrema direita, aos militares e a direita, colocando a imediata revogação integral da reforma trabalhista e das privatizações, e levantando demandas da nossa classe e do povo oprimido como o controle de preços pelos trabalhadores e população para enfrentar a carestia e divisão das horas de trabalho sem redução salarial para enfrentar o desemprego. Demandas que podem unificar a nossa classe de maneira independente dos empresários, patrões e seus políticos.

As candidaturas que o Movimento Revolucionário de Trabalhadores está apresentando nessas eleições pelo Pólo Socialista e Revolucionário, levantam esta perspectiva.

Veja também: O que defendem os candidatos Marcello Pablito e Maíra Machado?




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