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NEGOCIATAS E TEATRO | Dilma e Lula seguram PT contra Cunha

terça-feira 27 de outubro de 2015 | 00:03

O governo está agindo nos bastidores para ganhar tempo e impedir que o PT vote pela cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética da Casa. Na avaliação do Palácio do Planalto, é provável que, com o agravamento das denúncias, Cunha seja obrigado a deixar o comando da Câmara antes mesmo da instauração do processo interno contra ele, cujo relator deve ser escolhido no início de novembro.

O caso Cunha e o coro contrário ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, prometem agitar as reuniões da Executiva e do Diretório Nacional do PT, nesta semana, em Brasília. Nos dois capítulos, os movimentos do Planalto e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que vai participar do encontro da cúpula do partido, na quinta-feira - indicam um recuo estratégico, ao menos por enquanto.

Tudo foi planejado para que o PT não peça mais em público a cabeça de Levy, embora o governo saiba que não poderá conter críticas à política econômica. A posição sobre Cunha, no entanto, ainda racha o partido.

Oito correntes petistas, entre elas a Mensagem ao Partido - grupo do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, outro alvo do "fogo amigo" - pressionam o PT para que feche questão e obrigue seus três representantes no Conselho de Ética a defender a cassação de Cunha. Apesar de dividida, a tendência Construindo um Novo Brasil (CNB) - integrada por Lula e majoritária no PT - quer desviar o foco desse embate.

Lula faz um jogo duplo tanto na questão Cunha como na de Levy, por um lado incentiva a CUT, MST e MTST e a chamada “Frente Povo sem Medo” a levantar estas reivindicações, por outro lado centraliza os deputados e senadores ao redor da mediação com Cunha. Este movimento é só aparentemente contraditório, ele tem uma coesão.

Trata-se de ajudar a colocar os “movimentos sociais” ativos na rua, custe o que custar, para blindar o governo e desviar de atacar realmente o governo, levantando cartazes contra Levy mas não se engajando em derrotar os ajustes. Incentivando a que tomem as ruas contra Cunha, que aparece como um espantalho de direita que blinda o próprio petismo de sua autoria e co-autoria de medidas junto a Cunha, como é o caso do PL 5069 que tem um deputado petista como co-autor. Para falar dos ataques de Cunha aos direitos das mulheres e LGBTs mas apagar que com 12 anos de governo do PT não se conseguiu o direito ao aborto e até mesmo o kit educativo anti-homofobia foi vetado.

Todo um movimento para desviar do foco do ajuste, tentar conter o processo de rupturas com o PT. Por outro lado esta “força” é usada para melhor negociar com Cunha e assim salvá-lo no leito de morte, e de quebra com o jogo duplo impor-se dia-a-dia cada vez mais sobre o conjunto dos rumos do governo Dilma.

Em meio a todos jogos de cena das negociatas com Cunha e dos atos contra o mesmo que blindam Dilma e o PT, o serviço principal a que Lula, Dilma, e o PT se prestam aos empresários vai ocorrendo: os ajustes.

Esquerda Diário com informações da Agência Estado




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