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Eleições do DASBC - UFABC | Entre um petismo orgulhoso da conciliação e um petismo “mascarado” nas lutas, votamos nulo!

segunda-feira 4 de dezembro de 2023 | Edição do dia

Começa hoje a votação para a eleição para o Diretório Acadêmico de São Bernardo, marcado por um cenário estadual de intensas lutas contra os ataques e privatizações da extrema direita em São Paulo com Tarcísio de Freitas, que se apoia nas medidas do governo de Frente Ampla Lula-Alckmin para avançar. Também em São Bernardo, com Orlando Morando, e na Capital, com Ricardo Nunes, é preciso enfrentar a direita com a força da aliança des estudantes com os trabalhadores. Nessas eleições, disputam duas chapas: “Chapa 1 - Somar para Contruir” (PT e independentes) e “Chapa 2 - A todo vapor” (Correnteza), ambas são parte da UNE (ainda que sequer citam que a primeira é majoritária e a segunda, supostamente de “oposição”) e, como temos visto a atuação dessa entidade nacional, não oferece nenhuma alternativa para organizar os estudantes, se ligar aos trabalhadores e defender os serviços públicos, entre eles, a educação. Nós da Faísca Revolucionária chamamos es estudantes a não criar expectativas em chapas subordinadas ao Governo Federal e as reitorias, que confiam na institucionalidade e não na força da nossa luta. Chamamos es estudantes a votar nulo, como forma de expressar a necessária batalha por uma nova tradição de movimento estudantil, que se apoie na auto organização des estudantes em cada curso, com assembléias com direito a voz e voto para que possamos retomar as nossas entidades como ferramentas de luta. Veja abaixo nossa declaração completa.

Hoje se inicia o processo eleitoral para o Diretório Acadêmico de São Bernardo do Campo (DA), no qual concorrem a Chapa 1 “Somar para Conquistar” (PT e independentes) e a Chapa 2 “A todo vapor” (Correnteza), duas chapas que são parte da União Nacional dos Estudantes, a primeira como força majoritária, que conseguiu no último congresso garantir a subordinação da entidade nacional ao governo de frente ampla Lula Alckmin. Com um MEC cheio de privatistas e idealizadores da Reforma do Ensino Médio, e a segunda, é parte da “Oposição que o governo gosta”, que, apesar do discurso, esteve em todas as fotos com o atual presidente do STF, Barroso, e agora o Ministro do STF, Flávio Dino, dois representantes da instituição, que organizou o golpe institucional que abriu caminho para mais ataques e a chegada da extrema direita.

Apesar disso, esse debate sequer apareceu, e os poucos que foram ao debate de chapas ou viram pelas redes do DA, assistiram um debate bem amistoso, quase um café da tarde. Nessa situação, com duas chapas muito amenas e que não mostram diferenças substanciais, já que colocam seu eixo no combate à extrema direita, sem criticar que parte dela que já é base do governo Lula, como é o Republicanos do Tarcísio, Damares e Mourão. O que está em jogo?

Por um lado, as eleições e o fraco debate entre as chapas. Por outro, os materiais de campanha expressam um rebaixamento programático e político das chapas, que não utilizam as eleições como espaço de politização dos estudantes. Buscando conectar os debates da vanguarda com a base dos cursos que muitas vezes só participa politicamente nesses momentos eleitorais. Por outro lado, demonstram o atraso do movimento estudantil e a falta de tradição numa universidade, com apenas 17 anos, que é baseada em uma burocracia acadêmica que referência a burocracia sindical petista e contou por anos com o apoio do Movimento Correnteza (antes Voz Ativa) para bloquear qualquer questionamento à estrutura de poder da universidade ou mesmo seu projeto petista de educação. Essa combinação do papel das direções com a falta de uma experiência de lutas, greves e debates entre as diferentes correntes do movimento estudantil, moldou um espaço apático que permite com que não se levem os debates até o fim, ao ponto da chapa 1, gravar um vídeo dizendo que o principal problema de São Bernardo são os ventiladores no RU e os bebedouros. Não são oposição dentro da UNE e nem dentro da UFABC, pois compartilham da mesma estratégia de conciliação com a reitoria e o governo.

A Chapa 1, liderada pelo PT - que há anos esteve à frente da entidade - se sente tão confortável na sua posição auxiliar da Reitoria e da burocracia acadêmica que teve orgulho de divulgar o apoio recebido por Luiz Marinho, atual Ministro do Trabalho no governo de Frente Ampla Lula-Alckmin, ex-sindicalista e ex-prefeito de São Bernardo do Campo, que em 2016 defendeu a retirada do termo “gênero” do Plano Municipal de Educação, se respaldando na justificativa de ser um suposto combate à "ideologia de gênero”.

Veja o vídeo no qual Luiz Marinho se volta à comunidade cristã brasileira em “defesa da família”, quase que se desculpando, e inviabilizando a questão de gênero dentro das escolas

Além de representarem diretamente o projeto de conciliação de classes do Governo Federal, defenderem nos debates o Arcabouço Fiscal - que é um novo teto de gastos do governo Lula- e se contentando com a miséria do possível, buscam manter as aspirações des estudantes rebaixadas de que “nada se pode fazer”, que Lula é refém de todo o sistema político e que o movimento estudantil é pode existir como um instrumento de “pressão”, aceitando que as decisões sempre virão do Estado capitalista, já que temem mais a luta de classes que pode questionar suas direções burocráticas e o seu governo, do que a própria extrema direita.

Na sua defesa do Arcabouço Fiscal dizem que é "aquilo que temos para hoje" sob a promessa de um futuro "projeto desenvolvimentista" às custas da redução dos direitos trabalhistas conquistados através da luta e que contribui à superexploração da classe trabalhadora, como deixa evidente a liberação da base do governo Lula para apoiar o projeto bolsonarista da “carteira de trabalho verde e amarela”, isso junto a manutenção das Reformas Trabalhistas, da Previdência e o Novo Ensino Médio.

Nós que fomos a primeira universidade que arrancou as cotas trans no sudeste do Brasil, não poderíamos deixar de denunciar a inadmissível manutenção de um RG transfóbico e bolsonarista pelo atual Governo Federal, que busca constranger e marginalizar as pessoas trans. Não surpreendentemente, nenhuma das chapas sequer levantaram a questão trans no debate. Uma vez que não é de hoje que Lula e o PT rifam os direitos democráticos com “Carta ao povo de Deus”, negando o direito ao aborto para pessoas com útero, ou até mesmo o direito ao casamento igualitário, como vimos recentemente a base do governo votando contra esse direito elementar.

A concepção institucional é tão forte na Chapa 1 que no debate sua pergunta a chapa 2 foi saber se eles apoiariam a candidatura do PT contra Orlando Morando (PSDB) que acontecerá daqui um ano. Aí está seu centro de gravidade: eleições, eleições e eleições. Correm da luta de classes como do diabo. Enquanto convivem há anos com a terceirização da universidade, em apoio a Reitoria que mantém a precarização do serviço público, em aliança com a empresa Real Food.

A Chapa 2, “A todo Vapor”, dirigida pelo Movimento Correnteza, (o qual compõe majoritariamente a atual gestão do DCE e estão à frente de outras entidades estudantis, como o DALI e o CABCT) não se difere muito mas, mesmo assim, traz consigo o lema "Por um DA com coragem para mudar", mas qual é a mudança exatamente? Já que buscam fazer do DA uma extensão da política auto proclamatória e passiva do DCE, que sequer cumpre com as resoluções votadas em Assembleia, além de mal chamar uma Assembleia a cada quadrimestre. Para imobilizar es estudantes, já temos exemplos que não faltam: a legitimação da Audiência Pública Fake, a ausência do cumprimento das Assembléias no começo do 3° Quadrimestre, a ausência da exigência a UNE aprovada em assembleia, apesar do Correnteza, e segue a lista. Na última Assembleia Geral dizíamos “novos encaminhamentos e velhos problemas”. E em meio a mais uma eleição, prometem “mudança”, mas seguem sem organizar nenhuma luta sobre os principais problemas enfrentados pelos estudantes: filas enormes no fretado, RU caríssimo, a falta de professores, que leva aos chutes e à baixa oferta de disciplinas, precarizando a vida des estudantes que não conseguem se formar. Se são as mesmas pessoas, com a mesma estratégia, como poderiam ter entidades diferentes?

Por isso, nossa declaração é um chamado aos estudantes a não optarem pelo “menos pior”, mas buscarem compreender profundamente da falta de alternativa que se colocam nessas eleições, de que o destino da entidade se dará menos por quem ganhar, mas sim, pelo compromisso de cada um que aposta na força do movimento estudantil para fortalecer as lutas ao lado dos trabalhadores, que apostam na força da nossa organização, de que temos que batalhar na base dos cursos para criar espaços de auto organização, passando por exigir assembléias e o cumprimento das suas resoluções.

Acreditamos que só assim podermos tomar o movimento estudantil nas nossas mãos, podendo superar essas experiências burocráticas que estão representadas pelo PT com seu debate corporativista, que busca separar as nossas lutas e assim enfraquecer tanto nós estudantes da UFABC, como também os trabalhadores (já que também são parte da direção do SINTUFABC e sequer constroem essa ponte entre os três setores, nem falar do desprezo pelos terceirizados) e também do Movimento Correnteza, que sempre que pode, demonstra sua adaptação ao governo de frente ampla Lula-Alckmin, e que honra sua tradição stalinista, bloqueando a auto organização e espaços verdadeiros de debates e elaboração coletiva dos estudantes para lutarmos contra os ataques em curso. Por isso, votaremos nulo e chamamos es estudantes a se organizarem para defender uma nova tradição de movimento estudantil , independente dos governos, das reitorias e que articule juntos aos estudantes nossas demandas.


Temas

UFABC    Juventude



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