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RACISMO NOS EUA | Estados Unidos: Protestos por um novo assassinato racista

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

sexta-feira 27 de novembro de 2015 | 00:00

No dia 15 de Novembro, Jamar Clark foi atingido por um tiro na cabeça. Quem atirou foi um agente policial de Minneapolis num suposto enfrentamento enquanto prendiam o jovem de 24 anos. Com exceção dos policiais, as testemunhas afirmam que Clark estava algemado e encontrava-se no chão quando foi atingido.

O assassinato de Jamar obrigou a abrir uma investigação federal no Departamento de Polícia. Pouco se sabe sobre os detalhes, pois as autoridades tem se recusado a publicar as imagens da apreensão de Clark. A familia e as testemunhas solicitaram à NAACP (siglas em inglês do Órgão de Defesa dos Direitos Afro Americanos) que exijam a publicação do vídeo.

Desde a morte de Clark, tem se realizado protestos e mobilizações quase diárias frente à 4º Delegacia da Polícia (a do agente acusado). Nos dias anteriores alguns manifestantes teriam sido presos e na segunda feira, dia 23 de Novembro quando um grupo atirou contra os manifestantes, representantes do Black Lives Matter (A vida dos negros importam) denunciaram que a polícia agiu negligentemente. O ataque deixou como consequência 5 pessoas feridas, internadas porem fora de perigo.

Violência Policial e Violência Racial

O assassinato de Jamar Clark acontece nos EUA quando continuam se desenvolvendo mobilizações contra o racismo e a violência policial. Desde o assassinato do jovem, cresceu nas redes sociais e meios de comunicação o pedido de #Justice4Jamar. Entorno desta consigna foram feitas também protestos em várias cidades, cortes de estrada e bloqueios.

Desde o começo das marchas em Minneapolis, a polícia e as autoridades temem o crescimento dos protestos. Ainda estão frescas as lembranças da revolta de Baltimore em Abril, que obrigou às autoridades a acusar formalmente os responsáveis da morte de Freddie Gray e as imagens de Ferguson em 2014 invadida pelas tropas da Guarda Nacional, apos o assassinato de Michael Brown.

Cada assassinato de um jovem negro, prova a inutilidade das respostas dos governos locais e as propostas de Barack Obama: As câmeras para os oficiais ou a proibição de uso de armamento militar pela polícia local não teve efeito algum para conter a brutalidade racista da polícia. Os “excessos” policiais são só a expressão extrema dentro de uma estrutura institucional racista que sustenta o encarceramento massivo dos jovens afro-americanos, a estigmatização social e a expulsão do sistema educativo e laboral.

Ainda na quarta feira passada em 25 de Novembro, foi publicado o vídeo de um policial disparando 16 vezes contra o adolescente LAquean McDonald de 17 anos em Outubro de 2014. O policial foi formalizado no dia em que as imagens tornaram-se públicas, não sem antes esgotar qualquer tentativa de conter as acusações contra o agente Jason Van Dyke, para evitar protestos. Apesar do anuncio do julgamento e o policial ter se entregado, a expectativa são mais manifestações. No fechamento desta edição, aconteciam em várias cidades mobilizações que exigiam justiça por Laquean e Jamar, enquanto denunciavam o ataque às manifestações da segunda-feira em Minneapolis.

Os tiros contra o protesto que exigia “Justiça para Jamar” são um recordatório do racismo que permanece presente na sociedade estadunidense. Como o ataque à igreja Emanuel em Charleston (Virginia) onde 9 pessoas negras foram assassinadas, ou a presença amedrontadora de grupos brancos armados no aniversário da morte de Brown, mantem viva a imagem da opressão racial, independente do nível mais ou menos violento.

As raízes dos protestos vão além da indignação pela brutalidade policial e mergulham na desigualdade mais profunda da democracia estadunidense, da que o racismo é um dos seus principais pilares. Por causa disto, o grito que nasceu em Ferguson: “Sem justiça não haverá Paz” ecoa e ecoará com mais força e maior frequência.




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