Depois de estudantes ocuparem as faculdades Sciences Po em Paris, Poitiers e no Havre, agora foi a vez da famosa Sorbonne ser ocupada com barracas e bandeiras da palestina. A universidade, palco central da luta estudantil de maio de 68 que se unificou com as greves operárias à época, é novamente cenário da luta estudantil internacional, se inspirando nas ocupações em Columbia e Harvard nos EUA. Os estudantes mostram o caminho da solidariedade internacional contra o genocídio na Palestina!
Lina HamdanMestranda em Artes Visuais na UFMG
segunda-feira 29 de abril | Edição do dia
Imagem: Manifestantes seguram uma bandeira palestina gigante em frente à Universidade Sorbonne, em Paris, 29 de abril de 2024.
© Sarah Meyssonnier/Reuters
Enfrentando uma forte repressão das direções universitárias e das classes dominantes, em particular através do governo Macron, a juventude francesa se soma à luta internacional em solidariedade à Palestina.
"Palestina Livre": a luta se expande nas maiores universidades do mundo
Na última quarta-feira, a Sciences Po Paris foi ocupada pela primeira vez: bandeiras palestinas, cartazes e estandartes de solidariedade com Gaza encheram o pátio da escola. Uma mobilização diretamente inspirada na enorme dinâmica em curso nos Estados Unidos onde dezenas de milhares de estudantes estão se mobilizando, ocupando os seus campi e enfrentando uma enorme repressão.
Mas durante a noite de quarta para quinta-feira, dezenas de caminhões da polícia expulsaram os estudantes da universidade. Ao passarem pelo portão da escola, continuaram a cantar: “Israel assassina, Macron cúmplice”. Uma determinação inabalável que ficou evidente na manhã seguinte, quando uma manifestação foi convocada com centenas de pessoas presentes.
[DIRECT] Rassemblement à Sciences Po : « Nous sommes tous des enfants de Gaza » 🇵🇸
Plusieurs centaines de personnes réunies en soutien à l’occupation de @sciencespo Paris et contre la répression, après que la police ait pénétré dans les locaux de l'université dans la nuit du… pic.twitter.com/JvNkdD0qxb
— Révolution Permanente (@RevPermanente) April 26, 2024
Uma nova ocupação foi iniciada na sexta e muita gente voltou a se aglomerar, com uma determinação incrível. Enquanto a polícia começava a emitir intimações, os gritos de resposta recomeçaram: “Mesmo que Macron não nos queira, estamos aqui”. A tarde foi pontuada por discursos de estudantes e ativistas, com a chegada de deputados da France Insoumise e de Anasse Kazib, porta-voz do Révolution Permanente, grupo irmão do MRT na França.
📢 « IL VA FALLOIR CONSTRUIRE UN MOUVEMENT DE MASSE » - @ANASSEKAZIB À SCIENCES PO
« On doit revendiquer la relaxe de tous les réprimés. Face au gouvernement et au génocide, il faut que toutes les facs entrent dans la bataille, pas juste pour soutenir Sciences Po, mais pour… pic.twitter.com/YFwtk0gRSo
— Révolution Permanente (@RevPermanente) April 26, 2024
Novas manifestações e universidades foram ocupadas em outras cidades da França, elementos sintomáticos da raiva que se expressa em uma juventude que se recusa a ser testemunha silenciosa de um genocídio.
Nesta segunda-feira (29), estudantes da Sorbonne ocuparam a célebre universidade parisiense para também denunciar o massacre em Gaza. Cerca de 150 estudantes montaram acampamento na faculdade com gritos de "Gaza, a Sorbonne está com você". Uma pequena organização estudantil de extrema-direita tentou adentrar a manifestação, mas foi expulsa sob vaias dos estudantes pró-palestina.
🔴 [DIRECT] Campement en cours à La Sorbonne pour la fin du génocide ! 🇵🇸
« Gaza, Gaza, Sorbonne est avec toi » scandent les étudiants. Après Columbia et Sciences Po, c’est au tour de la Sorbonne d’organiser un campement en solidarité avec la Palestine et pour dire stop au… pic.twitter.com/qAQURC45Gi
— Révolution Permanente (@RevPermanente) April 29, 2024
Enquanto o exército israelense se prepara para atacar a cidade de Rafah, os estudantes franceses denunciam em particular a cumplicidade do Estado francês com os massacres em Gaza. Ariane Anemoyannis, porta-voz da juventude do Révolution Permanente e membra do Comité Palestino em Paris 1, explica do pátio da Sorbonne: “É um movimento contra os massacres, para dizer basta à cumplicidade da França a Israel. Estamos fartos da cumplicidade das nossas universidades com as universidades israelenses, com os grandes grupos que fazem dinheiro com os massacres em Gaza e na Cisjordânia e por isso decidimos armar tendas e bandeiras palestinas no pátio da Sorbonne. »
Apesar da administração da universidade ter fechado rapidamente as entradas do campus para evitar que estudantes de outros campi da Sorbonne se juntassem ao movimento, muitos apoiadores reuniram-se na praça à frente da Sorbonne para estender uma enorme bandeira palestina e juntar-se às palavras de apoio.
On est devant La Sorbonne aujourd’hui contre le génocide en Palestine, pour soutenir nos camarades de Sciences Po, Columbia, Harvard qui ont montré la voie ! La mobilisation reprend 🇵🇸 pic.twitter.com/TWbovqSFrA
— Lorélia Fréjo (@LoreliaFrejo) April 29, 2024
Enorme repressão das classes dominantes
Esta raiva, que se explode de centenas de milhares de jovens em todo o mundo, hoje assusta as classes dominantes nos Estados Unidos e na França, que procuram sufocar a mobilização estudantil de todas as formas. O enorme aparato policial é acompanhado de proibições a manifestações, a repressão judicial e a criminalização do apoio à Palestina também se intensificam com detenções por “apologia ao terrorismo”, enquanto as direções universitárias cancelam reuniões que discutem a Palestina e convocam os estudantes mobilizados e os ameaçam de expulsão.
Na tarde de hoje (29) a polícia francesa expulsou violentamente os estudantes ocupados na Sorbonne. Na quinta-feira passada, a administração universitária já havia reprimido duramente os estudantes mobilizados contra a chegada de Emmanuel Macron à Sorbonne e contra a cumplicidade do Estado francês com o genocídio do povo palestino.
As classes dominantes imperialistas mostram que têm medo que a mobilização da juventude exploda e se expanda, procuram abafar a raiva por todos os meios, criminalizando o movimento de solidariedade e reprimindo judicialmente. Enquanto isso, os estudantes que ocupam suas universidades mostram hoje o caminho, conformando um polo internacional de resistência que precisa ser ampliado mais do que nunca. Contra a repressão e pela solidariedade ao povo palestino, devemos nos levantar!
🚨 LA POLICE ENTRE DANS LA SORBONNE POUR REPRIMER
La police vient d'entrer dans la cour de la Sorbonne pour expulser les étudiants solidaires de Gaza. C'est la 2ème fois en quelques jours que les forces de répression se permettent d'entrer dans la fac.
Solidarité ! pic.twitter.com/MGil6TeoEO
— Révolution Permanente (@RevPermanente) April 29, 2024