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Basta de lesbocídios | Justiça por Carol: manifestações ocorrem pelo país contra violência lesbofóbica

O caso atroz do lesbocídio de Carol Campelo, uma jovem maranhense de 21 anos, trouxe manifestações pelo Brasil exigindo justiça contra essa violência brutal, parte de tantos outros homicídios de mulheres lésbicas, que terrivelmente vem crescendo no Brasil

terça-feira 19 de dezembro de 2023 | Edição do dia

Ontem o Vão do MASP (Museu de Arte de São Paulo), no centro-sul da capital paulista, foi local de um ato clamando por justiça por Carol, assim como pelo fim da lesbofobia e misoginia, fenômenos dos quais o Estado é responsável, ao mesmo tempo que está matando e execrando as mulheres e os LGBTs por meio de seu braço armado: a polícia. O ato juntou diversas pessoas e foi recheado de faixas e cartazes com fortes mensagens pelo fim do lesbocídio. “Quem matou Ana Caroline?”, “Basta de lesbocídios! Arrancar justiça para Carol com a nossa mobilização: o Estado é responsável”, “Qual o preço de ser uma lésbica visível?” e “Podia ser eu” são alguns dos cartazes que os manifestantes levantavam com força no fim do dia 18, da Avenida Paulista à Praça Roosevelt, parando o trânsito da cidade para fazer com que todos ouçam esse duro grito no peito contra a violência sistêmica e fruto do capitalismo. O ato também foi carregado de memória, não só a Ana mas a tantas outras lésbicas assassinadas simplesmente por serem quem são e por omissão culposa do Estado: Luana, Priscila, Emily e tantas outras também foram lembradas e comemoradas por justiça, e para fazer lembrar do que o sistema quer esquecer e desintegrar: a memória e a vida dos setores oprimidos, das mulheres, das lésbicas e dos sujeitos que desafiam as formas degradantes da miséria do possível.

Hoje na capital potiguar, Natal, ainda ocorrerá uma reunião on-line às 17 horas para organizar um forte ato por justiça por Carol. Diversos coletivos feministas, lésbicos e LGBTs estão levantando essa luta. Em Florianópolis também está sendo puxado um ato por justiça à jovem maranhense, nesta quarta-feira dia 20 às 17 horas, no Largo da Catedral, bem no centro da cidade. É importante fazer um chamado aos habitantes de ambas capitais e arredores para somar nessas mobilizações tão importantes.

A luta pelo fim da opressão de gênero e sexual tem um recorte fundamental, o berço da luta pelo fim dessas opressões é também a luta pela classe trabalhadora no nosso país. São milhões de mulheres que sofrem ataques cotidianamente, e que são reprimidas sexualmente e fisicamente dentro de casa por violência doméstica e fora de casa ao trabalho ou nos espaços públicos múltiplos a fora. A lesbofobia é uma violência de classe também, contra as mesmas mulheres estranguladas por uma extensa e dupla jornada de trabalho e vulneráveis a um ódio misógino e homofóbico cultivado pelas relações de poder do capitalismo, que demarca como parte do controle da vida e dos sujeitos uma política de morte a esses sujeitos oprimidos da classe trabalhadora. É com a insurreição e as lutas auto organizadas dos trabalhadores que poderemos alcançar grandes conquistas políticas pela liberdade sexual da população, o fim da exploração feminina e das opressões aos setores oprimidos. Quantas dessas mulheres lésbicas assassinadas não eram trabalhadoras, de periferia e também negras? As demarcações sociais da luta contra a opressão estão intimamente conectadas com a luta dos sujeitos da classe trabalhadora, em constante ataque por meio de violências de gênero e sexualidade e de degradação das condições de trabalho e de vida da população.

As centrais sindicais e as direções estudantis, junto com os coletivos de mulheres e coletivos LGBTs, devem se organizar para promover uma forte luta pela base por justiça e por combate contra a brutalidade e a violência do sistema capitalista. E que homens e mulheres, ombro a ombro, lutem para combater o machismo, a homofobia, a lesbofobia e a misoginia. Fatores esses que são da raiz do fortalecimento da extrema direita no Brasil, e que é necessário varrer por meio da auto organização da classe trabalhadora lado a lado com a população, por um outro caminho que não o da conciliação de classes, que serve para fortalecer essas violências sociais e emergir o discurso de ódio, como faz o governo Lula-Alckmin garantindo ministérios para o Republicanos, partido do reacionário governador Tarcísio de Freitas. É preciso fazer uma real luta pela educação sexual nas escolas, contra a reforma do Novo Ensino Médio, que mina o pensamento crítico-reflexivo, e não confiar no Governo Lula que implementou o RG transfóbico, que foi ideia do Governo Bolsonaro. As direções estudantis e as centrais sindicais, como a CUT, CTB e UNE, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, portanto, devem confiar na força da auto organização e lutar por uma alternativa à manutenção da ordem e das raízes fundamentais de opressão na sociedade brasileira. Independente dos governos e dos patrões. O Brasil é um dos países que mais mata LGBTS, que relega a transexuais, lésbicas, gays e travestis aos postos mais precários de trabalho, mostrando mais uma vez que a luta pelo fim da opressão e da homofobia é também uma luta anticapitalista.

Que a luta contra a misoginia e a lesbofobia, que ceifa inúmeras vidas cotidianamente da maneira mais cruel possível de jovens, crianças e adultos, some cada vez mais manifestações pelo país! Justiça por Carol! E como diz o cartaz citado, que arranquemos justiça para ela com a nossa mobilização!




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