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Governo Lula-Alckmin | Marina Silva, defensora do Golpe Institucional, volta ao Ministério do Meio Ambiente

Apesar do discurso ambientalista e da pose progressista, Marina não somente apoiou o golpe institucional de 2016 como também tem um longo histórico de apoio de empresários, banqueiros e representantes do agronegócio.

Marília Rochadiretora de base do Sindicato dos Metroviários de SP e parte do grupo de mulheres Pão e Rosas

terça-feira 3 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Durante os anos de bolsonarismo, o Ministério do Meio Ambiente foi um verdadeiro show de horrores, defendendo o garimpo e madeireiras, Ricardo Salles foi defensor incansável do agronegócio e da destruição dos biomas. Diversos escândalos de desmatamento aconteceram, com números recordes na Floresta Amazônica, na queimada do Pantanal e outras, como contribuição da extrema-direita à crise climática global que hoje assusta na Europa com cidades na França e na Alemanha marcando de 24 a 17 ºC em pleno inverno. Ao passo que o papel da extrema-direita é inegável e suas consequências precisam ser combatidas, a defesa de empresas e um modo de produção que destrói o planeta pintada da verde não é uma alternativa para defender a natureza.

Marina Silva voltou à pasta de ministra do meio ambiente, cargo que ocupou durante os dois primeiros mandatos do governo Lula, entre 2003 e 2008. Porém a promessa de desmatamento zero na Amazônia, além de ampliação de verbas para o ministério e outros órgãos ligados ao meio ambiente, entra em contradição direta com sua trajetória de relações muito próximas com o empresariado, incluindo aí banqueiros e representantes do agronegócio.

Após sua ruptura com o PT em 2008, Marina se candidata à presidência nas eleições de 2010 (neste então, pelo PV), tendo como vice o bilionário Guilherme Leal, sócio e copresidente do conselho de administração da Natura, empresa de cosméticos. Naquele momento Marina já fazia um discurso morno para apaziguar a relação com os empresários, tendo reunido dezenas de apoiadores a partir do movimento Nossa São Paulo, criado por Oded Grajew, um dos percussores do “lulismo empresarial”.

Outros como Israel Klabin, acionista da empresa de papel e celulose que leva seu nome, um setor reconhecidamente destruidor de biomas e florestas, ou Ricardo Young, ex-presidente do Instituto Ethos e dono da rede de idiomas Yázigi, e Fernando Garnero, presidente da Brasilinvest, foram nomes que também declararam apoio à candidatura de Marina em 2010. As reuniões articuladas pelo movimento Nossa São Paulo chegaram a reunir mais de 60 empresários incluindo segmentos como construção civil, papel e celulose, agronegócio e ate mesmo açúcar e álcool
Em 2014, após a morte do candidato Eduardo Campos, Marina se torna a candidata apoiada pelo PSB à presidência, já pela Rede Sustentabilidade, tendo como candidato à vice Beto Albuquerque, que foi um importante articulador do discurso para acalmar os ânimos dos empresários e angariar apoio à sua candidatura. Nesse mesmo ano, Marina apoiou Aécio Neves do PSDB no segundo turno das eleições presidenciais. Finalmente em 2018, saiu como candidata novamente pela Rede tendo como vice Eduardo Jorge do PV.

Durante o golpe institucional em 2016, Marina apoiou e recomendou que os parlamentares da Rede votassem a favor do impeachment de Dilma Rousseff, fazendo declarações onde dizia que não se tratava de um golpe e que estavam colocadas as bases para um impeachment e levando o partido a mudar de posição na última hora e apoiar o golpe.

Nas últimas eleições presidenciais Marina se reconciliou com o PT e com Lula, e foi uma das maiores articuladoras da campanha no segundo turno para convencer empresários indecisos sobre o apoio à chapa Lula-Alckmin. Em 17 de outubro de 2022 se reuniu com cerca de 600 empresários, junto com Simone Tebet e Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central no governo FHC, do PSDB). A organização partiu de nomes como Neca Setúbal, Teresa Bracher e Maria Stella Gregori, na residência de Candido Bracher, ex-presidente do banco Itaú Unibanco.

Reafirmamos que comemorar a derrota de Bolsonaro não pode nos levar a ter ilusões de que através da conciliação de classes e da aliança com empresários teremos respostas aos problemas estruturais do país. Os governos de conciliação encabeçados pelo PT só fortaleceram a direita e abriram espaço para o surgimento do bolsonarismo. Ao lado dos empresários do agronegócio, da cana de açúcar e do álcool, do papel e celulose, dos banqueiros, entre outros, é impossível defender a riqueza, a diversidade natural e os biomas brasileiros. Os empresários e o capitalismo destroem a natureza em nome do lucro, que para eles está acima da vida. Apenas através da aliança dos povos indígenas, quilombolas e trabalhadores da cidade e do campo, com independência de classe, poderemos desenvolver um projeto de desenvolvimento realmente sustentável e baseado na vida, derrotando os projetos da extrema direita reacionária. O capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo!




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