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ARGENTINA: ENCONTRO NACIONAL DE MULHERES | Milhares marcharam no 30º Encontro Nacional de Mulheres

Milhares de mulheres marcharam pelas ruas de Mar del Plata para dizer basta de violência contra as mulheres, contra as redes de tráfico e prostituição e também para exigir o direito ao aborto.

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

sexta-feira 16 de outubro de 2015 | 09:22

Fotografia: Enfoque Rojo

O Encontro superou os obstáculos impostos por uma Comissão Organizadora rotineira. Desde o ato de abertura realizado em um estacionamento, vislumbrou-se sua incapacidade para canalizar a energia das jovens, estudantes e trabalhadoras que chegaram em Mar del Plata.

Mas a força desatada no 3J com a histórica mobilização #NemUmaMenos se fez sentir nas oficinas lotadas, no amplo repúdio e raiva contra os feminicídios que ocorriam enquanto acontecia o Encontro, e nos debates pelo direito ao aborto.

Em marcha pelos nossos direitos

A tradicional mobilização começou a reunir milhares de mulheres a partir das 18 horas no Independência e Luro. Enquanto reuniam-se as colunas e preparavam-se para marchar, escutava-se os primeiros cantos contra os feminicídios, pelo direito ao aborto e contra o governo nacional que nega esse direito elementar em acordo com a oposição direitista e a Igreja Católica.

A marcha encabeçada pelas organizadoras aglutinou a totalidade do Encontro, com a notória ausência das mulheres do kirchnerismo, que não somaram-se à mobilização.

A Frente de Esquerda marchou junto a milhares de mulheres encabeçadas pela bandeira “Com Scioli, Macri e Massa não há Nem Uma Menos. Aborto legal já”.

Estiveram presentes as principais candidatas, do PTS a companheira de chapa de Nicolás del Caño, Myriam Bregman, Andrea D’Atri, que encabeça a chapa ao Parlasur; Soledad Sosa (deputada de Menoza) do PO e Angelica Laguna (deputada estadual de Neuquén) da Izquierda Socialista, entre outras.

Também participaram da mobilização a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto, organizações sindicais e de esquerda. Com uma percurso que percorreram as massivas colunas de mulheres do centro da cidade, chegando a percorrer a avenida Peralta Ramos junto ao mar, a mobilização acabou após passarem frente à Catedral onde os participantes denunciaram a Igreja por sua participação na última ditadura militar e lembraram a aliança que mantém com o governo federal em sua negativa de reconhecer às mulheres o direito ao aborto legal e gratuito.

Merece um parágrafo a parte a falha da Frente para a Vitória, que havia desembarcado com grande presença e participou de várias oficias defendendo com cara de pau as conquistas da “década ganha”. Mas estiveram ausentes da mobilização, evidentemente as organizações de mulheres kirchneristas preferiram evitar encontrar-se cara a cara com as que exigem que se implementem medidas urgentes para frear a violência, para que se faça realidade o grito #NemUmaMenos, e com as que reivindicam o direito ao aborto legal, negado pelo kirchnerismo e que já tirou a vida de mais de 3 mil mulheres durante seus 12 anos de governo.

Este novo Encontro Nacional de Mulheres mostrou que apesar do rotineirismo da Comissão Organizadora, acostumada aos consensos, as mulheres chegaram massivamente ao encontro. Entre as que querem organizar-se para lutar por seus direitos, a esquerda se consolida como uma referência política, como demonstrou a enorme coluna do Pão e Rosas e da Frente de Esquerda. Com elas marchara as que defendem seus postos de trabalho, as que lutam pelo direito ao aborto legal, para acabar com os feminicídios. Com o kirchnerismo, depois desta “década ganha”, somente marcha... o kirchnerismo. Mas além da gasta retórica de “mais democracia, mais direitos”, a Frente para a Vitória confirma uma vez mais que em sua agenda não estão os direitos das mulheres.

Quem marchou com Pão e Rosas

O Pão e Rosas marchou com uma das maiores delegações deste Encontro Nacional de Mulheres, com mais de 2 mil estudantes, trabalhadoras, familiares de vítimas do “gatilho fácil”, como as famílias de Franco Casco e Jonhatan Herrera, e militantes do DDHH.

Elas fizeram parte da delegação as operárias de Madygraf sob gestão operária, e da WorldColor também ocupada por suas trabalhadoras e trabalhadores; as operárias da alimentação de Kraft, as trabalhadoras da telefonia, da saúde, as professoras dos SUTEBA recuperados, de Ademys e UTE da Cidade de Buenos Aires

Este Encontro Nacional de Mulheres foi também a oportunidade para atravessar as fronteiras e unir as lutas das trabalhadoras, com a presença das operárias da fábrica Fripur, indústria de peixes. As trabalhadoras que resistiram ao fechamento da fábrica abandonada por aqueles que acompanharam o recém criado Pão e Rosas Uruguay, que soma-se às organizações irmãs na Argentina, México, Brasil e no Estado Espanhol.

“O Pão e Rosas, companheira, veio plantar sua bandeira contra aqueles que nos oprimem e apoiam este sistema”, escutou-se desde a Catedral até o ponto de desconcentração. Ali realizaram um ato de encerramento com as trabalhadoras de Madygraf , WorldColor e Fripur, e também saudaram às participantes a deputada nacional e candidata à vice-presidência pela Frente de Esquerda, Myrian Bregman. Andrea D’Atri, fundadora do Pão e Rosas e candidata ao Parlasur, convocou todas as mulheres presentes a somarem-se à luta nas ruas para acabar com a violência contra as mulheres e conquistar nossos direitos, como parte da luta por uma sociedade sem exploração nem opressão.




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