segunda-feira 2 de novembro de 2015 | 23:57
Em diversos meios setores empresários e banqueiros, além de políticos dos principais partidos dominantes no país tem expressado uma “saída” para a crise econômica no Brasil que é de penetração do capital financeiro no país, ou uma “associação” com potências como os EUA e a Europa (o que para os trabalhadores só poderia significar uma piora nas suas condições de vida). No entanto, o empresário Abilio Diniz foi além: afirmou nesta segunda-feira que o "Brasil está em liquidação". "O País está muito barato para investidores estrangeiros. Para investidores internacionais, é o momento de se aproveitar disso. Estamos em um momento ruim, mas é um momento", disse em entrevista a jornalistas antes de participar do BRF Day em Nova York.
Ou seja, trata-se de uma das expressões mais abertas de defesa de um “Brasil à venda” frente ao contexto atual. Mas combinado com esse discurso, o empresário disse que não há uma crise econômica no Brasil, mas sim uma crise política, que teria afetado a confiança de investidores, empresários e consumidores. "No momento em que superarmos a questão política, a solução para a situação econômica virá muito rapidamente”.
Solução da “questão política”, significa o governo retomar poder de iniciativa, ou “governabilidade”, para aplicar os ajustes que reduzem salários e atacam direitos trabalhistas e sociais. “Solução para a situação econômica”, neste contexto, não significa outra coisa que ampliar os lucros dos empresários.
"Todo mundo diz que o Brasil está em crise. Eu amo a crise, em toda a minha vida eu cresci em crises. Não há crise econômica no Brasil", ressaltou o empresário. Abílio contou que passou por vários momentos complicados da economia brasileira em sua vida e citou como exemplo a crise da dívida nos anos 90, quando estava no Conselho Monetário Nacional (CMN) e participou das negociações em Nova York. "Agora, o País tem US$ 370 bilhões de reservas em dinheiro. É completamente diferente", disse ele.
OPINIÃO
Thiago Flamé, editor do Esquerda Diário, comentou as declarações: “um empresário como Abilio Diniz diz que ama a crise, pois em momentos de crise os empresários demitem e com o aumento do desemprego podem rebaixar o salário dos trabalhadores. Assim, apesar da crise, mantêm ou até aumentam seus lucros. Além disso, entregando as riquezas nacionais para os capitalistas estrangeiros e se associando a eles também enchem seus bolsos de dinheiro. Abilio Diniz, com esse discurso nos EUA coloca em prática o que FHC chama de desenvolvimento associado, ou seja, "vender" o país para as potências".
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