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Eleições 2022 | PROS se junta à coligação Lula-Alckmin: veja quem são as figuras asquerosas que essa sigla promoveu

O PROS atualiza a sua aliança com o PT nessas eleições anunciando na última semana o apoio à candidatura Lula-Alckmin, apesar dos protestos do seu então candidato, o coach evangélico Pablo Marçal. Esse partido que surge em 2010 foi base eleitoral da campanha de Dilma Rousseff em 2014, mas também de Haddad em 2018, sendo um conglomerado de figuras reacionárias das mais asquerosas que manteve o vínculo do PT com uma direita “renovada” do regime, sobretudo no pós-golpe de 2016.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

quinta-feira 25 de agosto de 2022 | Edição do dia

Bolsonaro luta pelo seu segundo mandato se apoiando nos militares e em setores do Centrão se valendo de ameaças golpistas contra as urnas, propondo uma escalada autoritária no regime para dar continuidade aos ataques que trouxeram à população a essa situação de fome e desemprego. Após a escalada dessas ameaças em reunião com embaixadores, o Estado norte-americano e setores como a FIESP, a Febraban, reagiram refratários às ameaças golpistas. Junto ao STF, entraram em cena com as “cartas em defesa do Estado democrático de direito”, se delimitando politicamente de Bolsonaro, dando apoio indireto a transição de governo para uma gestão Lula-Alckmin.

Longe de qualquer “espírito democrático” desses agentes que foram parte do golpe de 2016 que abriu caminho à eleição de Bolsonaro, expressaram pleno acordo com os ataques de seu governo, defendendo a manutenção das reformas, privatizações e ajustes, vendo em Lula-Alckmin uma garantia melhor que a proposta golpista de Bolsonaro no momento. A posse de Alexandre de Morais foi símbolo de um pacto para estabilizar o regime e seus ataques, tornando a correlação de forças para as suas aventuras golpistas bastante débeis.

Junto a figuras como Temer, a FIESP e a Febraban, as centrais sindicais como a CUT, e a UNE, assinam a carta, que expressou no dia 11 uma “ampla” aliança “entre Capital e Trabalho”, que busca manter os trabalhadores de fora da cena política. Contou ainda com a assinatura de presidenciáveis inclusive da UP e PCB, sócios-menores dessa política de conciliação, buscando seu espaço nesse pacto conservador.

Neste contexto de alianças reacionárias entre o PT e a direita mais asquerosa que o PROS (Partido Republicano da Ordem Social), declara que irá se somar à coligação com a chapa Lula-Alckmin, rifando a sua candidatura própria. Um apoio que pouco acresce mesmo em termos eleitorais à chapa Lula-Alckmin, frente à inexpressiva força da candidatura do coach evangélico Pablo Marçal ou de base parlamentar no Congresso atual. O que expressa esse apoio é o PT colocando sob sua órbita todo e qualquer espaço à direita que não esteja com Bolsonaro, não importa o quão excrescente ele seja.

O PROS foi um dos únicos partidos da direita que se manteve aliado ao PT no pós-golpe institucional, tendo sido parte da coligação de Haddad em 2018 e base de muitos dos seus governos estaduais e prefeituras. O que não impedia, naqueles anos, de favorecer candidaturas das mais asquerosas figuras que emergiram no regime no mesmo período.

Dentre eles, atual candidato ao governo do Ceará pelo União Brasil com apoio de Bolsonaro, o deputado federal Capitão Wagner, era filiado ao PROS em 2020, quando encabeça o motim policial no Ceará, governado pelo petista Camilo Santana. Um motim incentivado pelo bolsonarismo, que foi expressão do uso de métodos milicianos, com terror sob a população métodos fascistoides, que culminou em um tiro contra Cid Gomes, quando montou uma retroescavadeira em uma esdrúxula ação contra os amotinados.

Ou ainda o misógino empresário Oscar Maroni, dono do Bahamas Night Club, um hotel-prostíbulo de luxo, candidato a deputado federal pelo PROS em 2018. Um milionário que promoveu uma festa gratuita com bebidas e prostituição para comemorar a prisão de Lula, chegando a oferecer prêmio a quem matasse Lula na cadeia.
Outro nome importante da sigla nos últimos anos foi o Senador Eduardo Girão, eleito pelo PROS. Hoje no Podemos, chegou a declarar apoio ao então candidato ex-ministro Sergio Moro. Apesar de negar ser governista, fez campanha para Bolsonaro em 2018 e estava à frente na defesa de Bolsonaro no Senado na CPI da COVID.

Somaram-se a esses asquerosos naquelas eleições ninguém menos que Fernando Collor, o ex-presidente que deu início ao avanço neoliberal, perseguindo servidores e privatizando uma série de estatais, e que inclusive foi conselheiro de Bolsonaro quando aumentou o preço dos combustíveis. Hoje no PTB de Roberto Jefferson, se soma ao rol de figuras que apoiam a sua reeleição.

Nos estados em que governa, o PT também contou com apoio do PROS. No Rio Grande do Norte de Fátima Bezerra (PT), o PROS é base de seu governo, com figuras como Albert Dickson, um médico que encabeça projetos de proibição de debate de gênero e sexualidade nas escolas do estado, e até a criação de um Dia do Orgulho Hetero. No mesmo estado em que tem os maiores índices de assassinatos à população LGBTQIA+, esse foi o tipo de figura que esteve na base do governo estadual do PT, mesmo esse ano que migrou pro PSDB. Inclusive Cid e Ciro Gomes, oligarcas de Sobral, chegaram a passar um tempo na legenda do PROS quando ela foi lançada.

O protesto contra essa coligação de parte de setores do PROS hoje expressa a localização desse partido que agrega todo tipo de figuras, inclusive apoiadoras de Bolsonaro, ou que buscam promover “novas” representações da direita. Entre eles está o “influencer” Pablo Marçal, empresário e coaching messiânico que se candidatou à presidência propondo “mudar a mentalidade do povo brasileiro”. Se apresenta como “cristão, filantropo, empreendedor imobiliário e digital, mentor, estrategista de negócios, especialista em branding e jurista por formação" e já escreveu 25 livros de autoajuda e motivação, tal como o livro: ”Como fazer um milhão antes dos 20”. Ficou conhecido também através de uma reportagem no Fantástico sobre uma aventura em que legou um grupo a subir uma montanha e quase levou à morte de 60 pessoas, que tiveram que ser resgatadas.

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Esse é o PROS que se soma ao arco reacionário de alianças que o PT anuncia como o que vai derrotar a extrema-direita. Uma aliança que contou com intervenção direta do TSE, que reconduziu Euripedes Gomes de Macedo Junior à presidência do partido há poucas semanas, um aliado de Lula. A decisão foi referendada pelo STF, através de Gilmar Mendes, na última sexta-feira, 19, e agora Alexandre de Moraes cobra o PROS para se pronunciar sobre a candidatura de Marçal.

Tais alianças, inclusive com Alckmin, repetem como farsa a tragédia da estratégia de governabilidade petista com gente que quer aprofundar os ataques sobre a classe trabalhadora, e que abriu caminho para o fortalecimento da direita golpista. Com essa política, o PT pavimenta a trilha para que os setores mais reacionários da política e da burguesia se fortaleçam com seu governo, o que certamente irá se voltar duramente contra os trabalhadores, os setores oprimidos e o povo pobre.

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A extrema-direita só pode ser derrotada através da luta de classes, unificando as fileiras operárias, de empregados e desempregados, com as camadas pobres de informais e precarizados, junto aos movimentos sociais. Por isso é necessário exigir que as centrais sindicais como a CUT, assim como a UNE, rompam com a sua política de garantir que os trabalhadores e estudantes sejam massa de manobra para os acordos políticos com a direita, e construam um plano de luta contra Bolsonaro e suas ameaças golpistas e pela revogação de todas as contrarreformas e ataques.

Somente assim que a classe trabalhadores e o conjunto setores oprimidos possam ser um fator político independente dessa direita na atual conjuntura, e impor um plano de saída para a crise. Parte desse plano é a necessidade de impor pela luta contra as reformas também a redução da jornada de trabalho para 30h semanais, sem redução de salário, para gerar emprego e renda às famílias, na perspectiva da divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados, e da sua unificação. Isso é a única via de responder à crise, para que não sejam os trabalhadores, mas os capitalistas e a direita que paguem pela crise.

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