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PETROLÃO | Pizza, eis a conclusão da CPI da Petrobras

Adriano FavarinMembro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

sexta-feira 23 de outubro de 2015 | 00:00

Muito bem recheada de hipocrisia e com um escaldante molho de fisiologismo. Essa foi a pizza com a qual os deputados e parlamentares se deliciaram ao fim da CPI da Petrobrás.

Sem citar um político sequer, o parecer final do relator Luiz Sérgio (PT-RJ) foi aprovado por 17 votos contra nove e uma abstenção. Com a inclusão de empresários da família Schahin, doleiros, carregadores de mala, funcionários e ex-funcionários da Petrobrás, o relatório não fez mais do que indiciar todos aqueles que, na verdade, já são investigados ou até mesmo já estão condenados na Operação Lava Jato.

Como parte dos acordos para agradar ‘os gregos e os troianos’, o nome do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi incluído, mas também foram mantidas as críticas à operação Lava Jato e ao expediente das delações premiadas. Como parte de toda a encenação, foram anexadas ao trabalho pelo presidente da Comissão todas as manifestações contrárias à posição do relator, de modo a permitir que o PSDB, o PMDB se diferenciassem na aparência do PT, porém, foi posto em votação apenas o relatório oficial.

Desse modo, o PSDB pode fazer seu papel de oposição e sugerir a inclusão da presidente Dilma, do ex-presidente Lula e até do Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no relatório. Também pode exigir a instauração de inquéritos policial e civil, o aprofundamento na coleta de provas e o processamento de 54 políticos, entre os quais Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Tudo ladrido inofensivo, tanto porque tais pedidos não tem qualquer efeito prático, já que tais parlamentares já são investigados, quanto porque a aceitação do relatório final já estava acordada ou era previamente conhecida entre todas as bancadas. Tornando risível a farsa, os tucanos Antonio Anastasia (MG) e Alysio Nunes Ferreira (SP) citados na Operação Lava Jato ficaram de fora do voto em separado do PSDB.

Também alguns deputados do PMDB resolveram se diferenciar no palavrório e apresentaram uma manifestação contrária pedindo que o relatório admitisse que houve corrupção institucionalizada e sugerindo que fossem mencionados todos os políticos com mandato acusados nos depoimentos e nas acareações da CPI. Tudo cena orquestrada, o PMDB não só votou orientado no parecer oficial do relator, como seus parlamentares já sabiam que tal manifestação não iria ser levada em conta, afinal, se tais políticos fossem mencionados, o PMDB ficaria páreo a páreo com o PT e o PSDB na disputa de qual partido teria o maior numero de menções.

Por envolver tantos políticos, era evidente que essa CPI terminaria em uma grande pizza. Por um lado o PSDB votou em separado para denunciar os parlamentares do PT e do PMDB, mas concordando com o relatório na hora de inocentar aqueles ligados ao seu partido. Já o PT e o PMDB, aliados para encerrar logo a CPI e blindar o presidente da Câmara Eduardo Cunha, como Lula tem articulado pelos bastidores e centralizado o PT e o PCdoB.

Em seu voto paralelo, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) propôs o indiciamento de Cunha por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa e solicitou que a CPI encaminhasse para Mesa Diretora, plenário e Conselho de Ética da Câmara o pedido de cassação do mandato do peemedebista.

Frente a esse teatro é necessário criar um movimento que exija uma comissão de investigação independente integrada por intelectuais e lideranças populares reconhecidamente honestas e independentes tanto do governo como da oposição de direita, com plenos poderes de investigação, acesso a todos os documentos e autoridade para colher depoimentos dos políticos. Além disso é preciso o confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores e que todos os funcionários políticos ganhem o mesmo salário que um professor e sejam revogáveis a qualquer momento por aqueles que os elegeram. Sem tomar medidas radicais que apontem a acabar com todo privilégio desta democracia de ricos e corruptos e abrir caminho a um governo dos trabalhadores seguiremos de escândalo em escândalo.




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