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DIA DO ESTUDANTE | Plenária das Universidades de SP mostra falência da antiga oposição da UNE que se recusou a exigir um plano de lutas

Na sexta-feira (4), ocorreu a Plenária das Universidades de São Paulo convocada pelos DCEs da USP, Unicamp, Ufscar, IFSP e UFABC para organizar os estudantes para o Dia do Estudante, o 11 de Agosto. Apesar dessas entidades terem nas suas gestões, coletivos e partidos que se dizem Oposição de Esquerda dentro da UNE, como o Movimento Correnteza (UP), UJC (PCB) e Juntos (PSOL), mais uma vez se comprovou a falência da antiga Oposição e sua profunda adaptação à direção majoritária composta pela UJS, PT e LPJ se recusando a exigir um plano de lutas nacional que coordene e unifique todas as universidades do país para enfrentar os cortes bilionários à saúde e educação do governo de frente ampla Lula-Alckmin, o Novo Ensino Médio e o Arcabouço Fiscal.

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

quarta-feira 9 de agosto de 2023 | Edição do dia

A direção majoritária da UNE (UJS, juventude do PCdoB, PT e Levante Popular da Juventude) convocou em São Paulo, na sexta-feira, 11, às 8 horas da manhã um ato pro dia do estudante. Este ato, assim como nos demais estados do país, está sendo chamado sem qualquer construção desde as bases e plano de luta sério para enfrentar os novos cortes à saúde e educação, que eles não querem nomear já que estão sendo feitos pelo governo de frente ampla de Lula-Alckmin. Inclusive separam o ataque à educação, com o Novo Ensino Médio, dos demais ataques hoje em curso, como o arcabouço fiscal, um novo teto de gastos do governo Lula-Alckmin, os bloqueios orçamentários, além das reformas aprovadas nos últimos anos de reacionarismo e que Lula já declarou que não pretende revogar.

É por isso que nós da Faísca Revolucionária, nesta plenária em São Paulo, mas também ao redor do país, estamos colocando a importância de que todas as organizações políticas e estudantis que querem dar uma resposta à altura, exijamos da direção majoritária da UNE que sejam convocadas assembleias por todas as universidades do país, podendo organizar, unificar e massificar nossas lutas, com um plano de lutas nacional que busque se unificar com os trabalhadores, professores que com o novo ensino médio também veem seu trabalho e vida ameaçados, a enfermagem em luta pelo piso salarial, dentre demais categorias.

Entretanto, o que vimos nesta plenária convocada pela Correnteza (UP), UJC (PCB) e Juntos (PSOL) através dos DCEs que eles dirigem no estado de São Paulo, foi diretamente se negar a fazer essa exigência à direção que eles dizem se opor, mas que na prática parecem não querer questionar tanto assim. Por que os companheiros não querem exigir da direção burocrática petista da UNE que sejam construídas assembleias por todo país com objetivo de construir com o maior número possível de estudantes essa luta que é tão fundamental?

O que a direção majoritária da UNE composta pelo PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude vem buscando é a total subordinação da entidade ao governo federal, composto pela direita que no MEC defende projetos privatistas e os tubarões da educação, tendo em vista que defendem a mesma política e estratégia de conciliação de classes, ao invés de apostar na autoorganização dos estudantes aliado aos trabalhadores. Isso se evidenciou no último Congresso da UNE em que sequer discutiram e votaram a construção de um plano de lutas pelas demandas dos estudantes e juventude deste momento, incluindo se preparar pro dia do estudante neste 11 de agosto.

A Plenária das Universidades de SP poderia ser um ponto de partida e de apoio para enfrentar a política dessas burocracias estudantis que freiam a organização dos estudantes. Poderíamos ser um exemplo para impulsionar uma coordenação nacional da nossa luta, mas acabou sendo uma oportunidade perdida. O objetivo desta plenária, organizada pelo Correnteza, UJC e Juntos, era apresentar um discurso mais combativo e de luta, se opondo assim à direção majoritária da UNE, com supostas ações em São Paulo para barrar os ataques que estão sendo descarregados e construir o dia 11 de agosto.

Entretanto, além de sequer terem construído assembleias nas universidades que dirigem ao longo desta semana pré 11A, apresentando então propostas vazias, no momento em que nós da Faísca propusemos que a plenária saísse com uma exigência à UNE de que construa este dia com assembleias e um forte plano de lutas nacional, se negaram, preferindo fazer uma confusão na votação, propondo votar todas as propostas deles contra a proposta de exigir da UNE assembleias por todo o país. De fundo, propor uma votação assim não só confunde, como enfraquece nossa luta, porque para enfrentar todos os ataques colocados, mais vale ter uma política de unidade do que contrapor entre “propostas originais das direções da plenária” e a “proposta da faísca”. E não só, é contraditório também porque para conseguir realizar até o final a luta que em teoria eles estavam propondo levar adiante, é necessário exigir que a principal e maior entidade estudantil do país, a UNE, hoje nas mãos de uma burocracia, se movimente e se coloque a construir de fato, para organizar milhares de estudantes ao redor do país e alcançar a força que precisamos para estar à altura.

Essa postura, que muito se assemelha aos métodos burocráticos da direção majoritária da UNE, chegando a silenciar as diferenças, deixa claro como a Oposição morreu, escancarando como essas organizações constroem uma oposição que o governo gosta e que é de fachada, ao fazer discursos que parecem críticos e mais combativos, mas que na verdade somente buscam esconder a profunda adaptação que têm à política do PT e PCdoB. Inclusive porque após essa plenária, nada foi realizado de fato, sequer os encaminhamentos que disseram ter sido aprovados foram divulgados, que dirá implementados.

Qual a diferença então entre a direção majoritária e essa dita oposição? Não fica claro para quê servem essas reuniões que “a oposição” chama se recusam a apresentar um plano de lutas real para enfrentar esses ataques. Inclusive porque não vamos barrar os ataques só com as universidades que eles dirigem em São Paulo, nem só com a movimentação da dita oposição - que inclusive no último Congresso da UNE perdeu o cargo da Secretaria-geral, diminuindo sua força. Afinal, por isso nós da Faísca insistimos tanto na importância de fazer exigências, porque é fundamental que a direção da UNE saia da paralisia e movimente estudantes nas centenas de universidades dirigidas pelas correntes do PT e PCdoB pelo país.

Frente a isso, nós da Faísca Revolucionária, que intervimos desde a USP, Unicamp e UFABC, buscamos conectar a batalha para construir uma verdadeira Oposição de Esquerda da UNE que seja independente dos governos e reitorias. Essa batalha, no Congresso da UNE ficou marcado pelo escurraço contra o Ministro do STF Barroso, inimigo da enfermagem e articulador do golpe institucional, e na nossa posição intransigente contra a subordinação do movimento estudantil ao governo de frente ampla Lula-Alckmin. Defendemos a posição de que neste 11 de agosto fica claro os impactos do último Congresso da UNE ao subordinarem a entidade ao governo, mas que nem por isso devemos deixar de batalhar e debater quais os caminhos para mobilizar os estudantes ao lado dos trabalhadores para que tenhamos força para derrotar os ataques e enfrentar a direita que é parte do governo e fortalece, com a conciliação de classes, a extrema direita.

Chamamos cada estudante que concorda que é urgente um plano nacional de lutas construído em cada escola e universidade com assembleias com direito a voz e voto para massificar a nossa luta, coordenar nacionalmente e se ligar à classe trabalhadora num dia de paralisação que coloque a nossa força contra os ataques e a conciliação com a direita que fortalece a extrema direita. Fazemos esse chamado a cada estudante de se somar a exigência à UNE para desmascarar o seu papel extremamente burocrático que quer subordinar a entidade estudantil e nosso futuro à política de conciliação de classes do governo de Lula-Alckmin. É preciso fortalecer o surgimento de uma nova tradição do movimento estudantil que esteja à altura dos grandes acontecimentos, se forjando na luta de classes, nessa perspectiva de defender os nossos direitos para transformar o presente e preparar o nosso futuro comunista ao lado da classe trabalhadora. Seja parte dos blocos da Faísca em todo país neste 11 de Agosto, Dia do Estudante, para fortalecer essa perspectiva.


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