Guilherme de Almeida SoaresSão Paulo
terça-feira 7 de junho de 2016 | Edição do dia
Depois de quase um mês do governo golpista de Michel Temer, podemos sinalizar para onde vai o seu governo. Ao contrário do que muitos esperaram que o impeachment da Dilma pudesse fazer com que existisse um novo governo que trouxesse estabilidade a política nacional, o que estamos vendo é um governo extremamente frágil e com uma enorme debilidade de cumprir o seu principal papel.
O fato é que setores da burguesia representado por setores mais diretamente ligados ao imperialismo, estão pedindo por duros ataques e imediato contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade. A grande questão que está colocada é que o governo golpista do Temer está no fio da navalha, pois é um governo que não tem a legitimidade do voto e qualquer medida que ele tomará poderá causar alterações na luta de classe.
A prova de que o governo golpista de Michel Temer é um governo frágil é de que a primeira pequena batalha que foi a luta dos artistas contra o fechamento do MINC, Temer já tomou seu primeiro revés, ainda que seja parcial. Outra pequena batalha que o governo de Michel Temer perdeu é em relação ao seu recuo com o veto do programa Minha Casa, Minha Vida por conta das manifestações realizada pelo MTST.
Por mais que estas sejam importantes lutas, o fato é que apesar do golpe institucional e do governo prometer ataques brutais contra os trabalhadores não estamos vendo nenhum nível da luta de classe. A principal responsabilidade de não ter alteração na luta de classes é da burocracia sindical da CUT, CTB ligadas ao ex-governo petista e da Força Sindical ligada ao atual governo golpista de Michel Temer. O PSTU e o PSOL por não terem uma política independente para responder a crise econômica e a crise política, mas também por não darem nenhum exemplo nos lugares onde atuam também tem responsabilidade por alterar a luta de classe.
O motivo da CUT e a CTB não organizarem nenhuma luta contra o golpe institucional é que estas apoiaram um governo que assimilou os métodos da direita, aplicou ataques contra os trabalhadores, fez acordos com a direita e praticou inúmeros métodos de corrupção para governar para os ricos. Já a Força Sindical e outras centrais sindicais menores como a UGT, representam setores sindicais que apoiaram o golpe e cumprem hoje papel de transmissão dos interesses do governo golpista.
O fato é que as disputas de interesses dentro da frente golpista que envolve o empresariado, a mídia, o Legislativo e o Judiciário e a ausência da luta de classe abre espaço para que ocorram lutas pelo alto entre as diferentes frações burguesas. De um lado temos o ‘’partido midiático’’ e setores de empresários que estão mais críticos ao governo de Temer, pois o governo de Temer, apesar de preparar ataques mais duros do que vinha aplicando Dilma, está com as mãos atadas ao Congresso e às eleições de outubro para aplicá-los. De outro, parte do partido judiciário que discute dentro de seu partido quanto tem que atingir o PMDB e o PSDB e de outro temos grande parte do PSDB que está ‘’um pé dentro e um pé fora do governo de Temer’’ e o Temerista José Serra que quer se fortalecer através do seu ministério.
Apesar do ‘’partido Judiciário’’ estar mostrando ter divergências táticas entre suas distintas frações, este tem a ‘’faca e o queijo na mão’’ para poder tirar Michel Temer assim quando quiser. Apesar de existir uma ala do partido do Judiciário que defende a impunidade geral para os tucanos, existe outra favorável a cassar alguns tucanos renomados (Aécio) e que pode derrubar Temer com as intermináveis delações e gravações que coleta, só depende Gilmar Mendes marcar uma sessão do TSE para cassar a chapa Dilma e Temer.
Frente a este cenário, o presidente golpista Michel Temer em reunião realizada no final da manha nesta segunda,6, decidiu, por manter nos cargos, por ora, o ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, o advogado geral da União Fabio Medina Osório e a secretária das Mulheres, Fátima Pelaes. O Encontro contou com a participação dos ministros Eliseu Padilha e Geddel Viera Lima.
Segundo o relato dos auxiliares que tiveram acesso ás conversas, o presidente golpista disse que vai dar um ‘’voto de confiança’’ a Alves, até que surjam novos elementos contra o ministro. Embora o pedido de investigação e as citações ao ministro Henrique Eduardo Alves do PMDB na operação Lava Jato preocupem o governo por conta do desgaste, a avaliação da cúpula era de que não haveria fato novo em relação ás investigações que já estava sendo feita.
Qual é a saída que a burguesia está pretendendo? Quais são os problemas que terão que enfrentar?
Já está em discussão na mídia, mas também entre alguns senadores e deputados a possibilidade de realizar novas eleições. Realizar novas eleições implica de um lado em buscar legitimidade para um futuro ajustador capaz de impor os ataques contra os trabalhadores e demais setores da sociedade, o que pode facilitar para a burguesia que tem interesses por estes ataques, mas de outro lado implicaria ter que se enfrentar eleitoralmente com o ex-presidente petista Lula que tem certo prestigio perante as massas, o que necessariamente significa novas investidas da Lava Jato sobre Lula e o PT para impedir que chegue em condições de vencer.
Frente a uma possível renúncia do presidente Michel Temer, as novas eleições podem se dar através de uma convocação de Gilmar Mendes sob regras mais antidemocráticas do que as atuais, mas também o por meio de acordos com o Temer para poder votar uma PEC de novas eleições. Outro cenário possível é a cassação da Chapa Dilma – Temer no TSE, com eleições convocadas express, presidida pelo Gilmar Mendes.
A saída dos trabalhadores e demais setores populares da sociedade.
Contra este podre regime de 1988, devemos lutar por Assembléia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força da mobilização dos trabalhadores e demais setores populares da sociedade capaz de questionar este sistema carcomido. Frente a isso é necessário exigir que a CUT, CTB rompam com a subordinação ao ex-governo, levantando um plano de greves e piquetes para paralisar a economia, impedir as demissões e por abaixo o golpista Temer, junto a uma nova Constituinte imposta pela luta, independente do PT. É inegável que há setores da CSP-Conlutas e do MML que não concordam com a linha vergonhosa e de direita do PSTU de não participar da jornada do 10J. Convocamos todos estes setores a, de maneira independente da burocracia sindical, estarmos na ruas defendendo nosso direitos.
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