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USP | Trabalhadores da USP se somam à greve em SP no dia 28N contra as privatizações de Tarcísio

Trabalhadores da Universidade de São Paulo aprovaram em assembleia da categoria se somar à greve no dia 28N contra as privatizações e demais ataques do governo de São Paulo.

sexta-feira 24 de novembro de 2023 | Edição do dia

Na última quinta-feira (28), os trabalhadores da USP aprovaram sua paralisação para o dia 28 de Novembro, se incorporando à greve e mobilização que outras categorias como os metroviários, ferroviários, trabalhadores da Sabesp, professores vem convocando no Estado de São Paulo para este dia. Trata-se de uma decisão importante que foi tomada pelos trabalhadores diante de um cenário de imensos ataques sendo proferidos pelo Governador Tarcísio de Freitas ao funcionalismo público e à população de conjunto do Estado. Exemplo disso as privatizações do metrô, CPTM e da Sabesp, além de perseguições políticas para aqueles que lutam, como ficou evidente na demissão política de 8 metroviários que lutam contra as privatizações e reformas que irão prejudicar duramente a população, como a PEC 009/2023 que reduzirá os investimentos da educação em até R$ 10 bilhões ou a PLC 138/2023 que irá implementar uma reforma administrativa a fim de se avançar no ataque aos serviços públicos e o funcionalismo.

A adesão de categorias estratégicas, como os metroviários de São Paulo, é um ponto de apoio muito importante para enfrentar as medidas de Tarcísio. As grandes centrais sindicais como a CUT e a CTB além da Força Sindical e UGT deveriam estar construindo nos locais de trabalho a greve do dia 28/11, com assembleias nas suas bases, para dar uma resposta à altura dos ataques de Tarcísio, que quer “mostrar serviço” para alçar sua candidatura como representante nacional da da extrema direita mirando as eleições de 2026. Não à toa, Tarcísio, que se apresenta de forma mais “comedida” do que setores mais descontrolados do bolsonarismo, não nega o seu alinhamento político às pautas da extrema-direita e estará junto com Bolsonaro na Argentina para a posse do recém eleito presidente Javier Milei, representante da extrema direita.

Nesse marco, é importante a adesão dos trabalhadores da USP a esse dia de luta, já que a própria Universidade de São Paulo tem sido expressão do projeto privatista que aumenta a precarização do trabalho, o sucateamento dos serviços prestados a população e desmonte da educação, o que demonstra uma confluência entre o projeto político de Tarcísio para o serviço público e o projeto oriundo de décadas do tucanato executado pelas gestões reitores da universidade. Afinal, essa mesma reitoria de Carlotti vêm sendo parte, tal qual as gestões passadas, de implementar o avanço da privatização e terceirização da universidade pela via do desmonte de unidades, arrocho salarial, ataques às políticas de permanência estudantil e a falta de contratação que sobrecarrega diariamente os trabalhadores, sejam docentes ou funcionários administrativos e operacionais. Essa mesma confluência de projetos que permite que o ex-reitor Vahan Agopyan seja,o atual secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do bolsonarista Tarcísio.

Mais recentemente, um enorme ataque foi aplicado ao se efetivarem as demissões sumárias dos trabalhadores das embarcações do Instituto de Oceanografia da USP, onde a própria reitoria sequer se dispôs a pagar verbas rescisórias, mesmo depois desses trabalhadores terem dedicado décadas de suas vidas na construção de conhecimento desta universidade. Isso para que essas embarcações e a valiosa pesquisa que elas representam, tal qual outras unidades e postos de trabalho, sejam operadas por uma empresa privada que irá lucrar em cima disso tudo.

Esse modelo de privatização é o que Tarcísio quer implementar a toque de caixa para o serviço de transporte e abastecimento de água. Mesmo depois de uma situação caótica como a falta de luz que atingiu a população do Estado em distintas cidades por dias e que é fruto do serviço privatizado da ENEL que precarizou as condições de trabalho no abastecimento de energia elétrica no Estado e que fomentou as condições para que a população sofresse com esse tipo de problema recentemente. Privatizações que também são implementadas com o auxílio do Arcabouço Fiscal de Lula e Alckmin, que reduzem investimentos públicos para implementar ataques desse tipo.

Ao mesmo tempo, essa situação absurda também abre espaço para uma divisão entre os trabalhadores através da terceirização, que impõe condições extremamente precárias e falta de direitos aos trabalhadores, atingindo sobretudo trabalhadoras mulheres e negras, que muitas vezes cumprem o mesmo papel que os efetivos. Prática que dentro da USP se expressou em diversas denúncias de assédio e de uma intensa precarização de serviço ao nos depararmos com atrasos de pagamento e de benefícios regularmente em distintas unidades como vimos na Faculdade de Medicina no início do ano e no Hospital Universitário há poucos dias e que vem se generalizando cada vez mais entre o serviço público no Estado. Por isso, esse enfrentamento deve ser vinculado a uma defesa da unidade entre as fileiras operárias como parte fundamental da nossa luta começando pela igualdade de direitos e salários e a efetivação dos trabalhadores terceirizados como o Sintusp defende há muitos anos e como aponta o Manifesto contra a Terceirização e Precarização do Trabalho

No âmbito educacional, a redução de 5% do orçamento que significaria em um corte de bilhões de reais para um setor que já sofre com a falta de investimento e pela imposição de condições precárias para seu funcionamento, trata-se de um ataque duríssimo e sem precedentes que embora não seja um corte que por hora atinja diretamente as universidade estaduais, a perspectiva deste governo é de também reduzir seus orçamentos, se apoiando em cada ataque já realizado.

Isso se dará sobretudo a partir da reforma tributária, aprovada pelo governo Lula-Alckmin, que vem sendo planejada no Estado e que extinguirá o ICMS, no qual 9,57% do valor arrecadado deste imposto é repassado entre a USP, UNESP E UNICAMP, para a implementação de um novo imposto, sendo que não há nenhuma garantia de que haja um repasse entre uma parte deste novo imposto às universidades e que seria equivalente ao valor atual repassado por parte do ICMS. Dentro desse cenário, o próprio reitor Carlotti já deu seu recado sobre o que pretende fazer, conforme foi noticiado no (Jornal da USP):

“(...) A expectativa é que tenhamos queda na arrecadação no início da implementação dessas mudanças. Por isso, não dá para começarmos os próximos anos sem termos uma reserva orçamentária. Temos de ser prudentes e manter uma reserva para evitar situações desagradáveis, de restrições, como já tivemos no passado”

Ou seja, a reitoria já demonstra que não irá investir ou realizar repasses da reserva de R$ 2,25 bilhões para outras finalidades dentro da universidade, mesmo diante de um cenário grave de falta de contratações, bolsas de permanência estudantil, entre outras necessidades urgentes na universidade. Uma política que já vem sendo mantida pela reitoria, sendo conveniente essa situação à mesma, na medida em que isso abriria espaço para que a universidade capte recursos do setor privado e para seja cada vez mais dependente deste setor.

Um efeito disso são os próprios avanços de fundações privadas cujos os donos são em sua maioria diretores das unidades e membros do gabinete da reitoria, inclusive ex-reitores, e que abocanhando a administração inclusive de unidades da USP e de projetos políticos que escancaram institucionalmente esse sentido como a “Proposta de Política de Inovação para a USP”, que estabelece a criação de empresas um novo pilar da universidade, demonstrando a real intenção do que estaria a serviço o conhecimento produzido pela universidade, por parte dessa mesma burocracia.

Uma situação na qual os trabalhadores devem se preparar e que já vemos expressões generalizadas de enfrentamento como a greve que os estudantes realizaram neste ano por mais contratações e contra as consequências dessa política privatista e de desmonte perpetuada pela reitoria e em consonância com o governo. Outro ponto de apoio também são as inúmeras demonstrações de solidariedade internacional por parte de trabalhadores, estudantes e movimentos sociais ao povo palestino frente o massacre cometido pelo Estado de Israel na Palestina. Algo que inclusive, mais uma vez os trabalhadores da USP demonstraram seu apoio nessa mesma assembleia que deliberou a paralisação para o dia 28. Como parte dessa mesma luta contra o massacre ao povo palestino o Sintusp realizou um importante debate com os representantes dos trabalhadores de cada unidade e oficializou a exigência de que não apenas o governo brasileiro mas a USP rompa suas relações com o Estado de Israel.

Por isso, é importante a participação dos trabalhadores da USP nessa luta e na adesão à greve do dia 28N e é urgente que as centrais sindicais como CUT e CTB também construam em cada local de trabalho assembleias para que os trabalhadores sejam parte dessa luta e para que a construção deste dia signifique uma resposta contundente frente aos ataques, o que passa também para que isso não se resuma a um único de mobilização e paralisação.




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