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Precarização da vida | A dramática situação do acesso à água e saneamento em Pernambuco

Estudo feito pelo Tribunal de Contas do Estado, o TCE, mostra que a situação do estado é grave, com uma parcela significativa da população sem acesso à agua tratada e também a coleta de esgoto.

quarta-feira 13 de setembro de 2023 | Edição do dia

Com dados de 2021, o mais recente Painel do Saneamento mostra em dados, a realidade dramática que os pernambucanos, especialmente os setores mais pobres, sentem diariamente. 16% da população do estado não tem acesso à água e apenas 30% tem coleta de esgoto. Sim, em pleno século XXI, ainda há uma quantidade enorme pessoas que não tem mesmo acesso à uma tecnologia básica de água encanada. A situação é pior no interior. Em Santa Cruz da Baixa Verde, no Sertão do Pajeú, apenas 1,5% da população tem acesso à água encanada.

No entanto, na Região Metropolitana esse problema ainda existe em larga escala, com mais de 10% da população sem acesso à água encanada. Em municípios como Camaragibe, esse número chega a 20%. E esse número ainda esconde que em muitos lugares com água encanada, a água chega apenas poucos dias na semana, ou só em determinado período do dia, obrigando muitas vezes os moradores a ter de organizar o armazenamento de forma precária. Para piorar, muitas vezes há interrupção no abastecimento, de forma que nem mesmo naquela data planejada a água chega.

Já a abrangência da coleta de esgoto é ainda menor, obrigando a população a recorrer a soluções como fossas ou mesmo córregos de esgoto à ceu aberto. Em municípios da Região Metropolitana, como Cabo de Santo Agostinho, apenas 12,5% da população tem acesso à coleta de esgoto. Como resultado, foram registrados mais de 5000 casos de doenças relacionadas, com 200 mortes que poderiam ser perfeitamente evitáveis.

Se a própria ausência de coleta de esgoto já polui os lençóis freáticos e rios, há de dizer que uma parte considerável do esgoto não é tratado da forma correta, aumentando ainda mais a poluição dos rios. Dessa forma, vemos como o Rio Capibaribe ficar cada dias mais poluído.

Apesar disso tudo, 80% dos municípios não tem plano municipal de saneamento! Frente a esse cenário de calamidade, começa uma campanha da mídia e de políticos para privatizar a Compesa. O governo Raquel Lyra, em parceira com o BNDES, já começou os estudos para a privatização da empresa e recente ocorreu uma discussão na Alepe sobre o tema. No entanto, esses setores passam direto pelo fato que a Compesa já opera com Parcerias Públicos Privadas e que mesmo assim continua no estado de calamidade e não chega nem perto de atingir as metas traçadas. Se a situação atual da Compesa é drástica - até mesmo pelo processo de precarização para justificar a própria privatização - a privatização seria ainda pior, como mostram vários exemplos. A qualidade do serviço continua péssima e os preços aumentos. Além disso, várias localidade onde não seja lucrativo a operação do serviço podem ficar simplesmente sem água nem esgoto! Isso sem contar as demissões e a precarização do trabalho na empresa.

Ao contrário do que propõe esses gestores capitalistas, responsáveis diretos pela calamidade relatada, o que necessitamos é de uma Compesa 100% estatal, gerida pelos trabalhadores e com controle da população, com o Estado provendo os recursos necessários! Isso, no marco de uma Reforma Urbana Radical, junto a um plano de obras públicas, para garantir a universalização do acesso à água e ao saneamento e moradia digna a toda a população pernambucana!




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