Na véspera da tensionada eleição presidencial estadunidense, nesta segunda-feira (2) Jair Bolsonaro manifestou pelas redes sociais o alinhamento com o atual presidente Donald Trump, que se reflete na prática com a submissão comercial e ideológica do Brasil ao imperialismo norte americano.
segunda-feira 2 de novembro de 2020 | Edição do dia
FOTO - Chris Kleponis-Pool/Getty Images
"Quanto às eleições, todos sabem do respeito que tenho pelos EUA bem como do bom relacionamento com o presidente Donald Trump".
Escreveu Bolsonaro na noite desta segunda-feira (2) marcando o perfil oficial de Trump no Twitter.
A continência do presidente brasileiro a bandeira estadunidense não é meramente simbólica. Em negociações comerciais importantes, Bolsonaro prefere sair perdendo economicamente do que soltar a mão de Trump.
Esse foi o caso da tarifa zero ao etanol, em que Trump sinalizou retaliação comercial ao Brasil caso não reduzisse as já baixas tarifas de importação do etanol norte-americano, sem a mesma reciprocidade em relação ao açúcar brasileiro exportado aos EUA. Assim como abriu uma “cota” de livre tarifa de importação de 750 mil toneladas de trigo dos EUA.
Também foi o caso da concessão da base militar de Alcântara no Maranhão, decreto legislativo aprovado pelo Senado para o lançamento de satélites, mísseis e foguetes dos EUA, sem nenhuma transferência de tecnologia ao Brasil e sem controle dos especialistas brasileiros em certos setores da base que é uma das mais bem localizadas do mundo.
Ainda, nos documentos feitos por 11 ministérios sobre a entrega da base de Alcântara aos EUA, contava um plano avançado de ampliação e modernização da base com a possibilidade de remoção de pelo menos 350 famílias quilombolas da região, ameaçados por perda de terras já a muitos anos.
A retirada do Brasil como país em desenvolvimento junto a outros 20 países da OMC (Organização Mundial do Comércio) foi tutelada pela Casa Branca, como forma de aprofundar a já limitada pressão por abusos comerciais de países industrialmente desenvolvidos. Em troca, Bolsonaro e Paulo Guedes (ministro da economia) aceitaram entrar na OCDE ( Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mais conhecido como “clube dos países ricos” com altos índices de PIB e IDH.
Bolsonaro sabe muito bem que o resultado das eleições nos EUA impactará seu governo, já que apesar de não ganhar nas relações econômicas, acredita se sustentar através da identificação das pautas de extrema-direita em que se vê como o “Trump dos trópicos”. Uma provável vitória de Biden, no entanto, não significa um duro golpe a ofensiva imperialista sobre a América Latina. O ideológico americanismo fundamentalista também pode se adequar muito bem com os interesses democratas.
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