×

LUTA SECUNDARISTAS | Cadeiraço na Zona Oeste: mesmo com repressão Estudantes marcham e ocupam a Avenida Paulista

sexta-feira 4 de dezembro de 2015 | 00:00

Um ato contra a reorganização das escolas e o fechamento de mais de 90 escolas realizado ontem (quarta-feira, 02/12) mostrou mais uma vez a resistência dos estudantes. Por volta das 17 horas, os estudantes voltaram a parar mais um ponto importante da cidade de São Paulo, dessa vez o cruzamento da Av. Henrique Schaumann com a Rua Teodoro Sampaio, Zona Oeste de São Paulo. Sentados novamente em cadeiras, com faixas e músicas (“Se a minha escola fechar, a cidade vai parar”) por quase duas horas eles resistiram à pressão causada por causa do trânsito e dos policiais. O ato foi dos estudantes, eles que conduziram, eles que deram aula em pleno horário de pico. Os adultos presentes – transeuntes, fotógrafos, jornalistas, ativistas dos direitos humanos – foram testemunhas de como um importante levante da juventude não aceita de forma passiva as medidas e os ataques do Governo Alckmin. O reforço policial chegou, e houveram bombas. Muitas bombas. Após a primeira grande dispersão os estudantes seguiram pela Rua Teodoro Sampaio, seguidos pelos policiais. Pararam novamente o trânsito, mais um cadeiraço, dessa vez a Avenida Rebouças. Os manifestantes chegaram a percorrer um pequeno trecho dessa avenida sentido Av. Paulista. Mas após forte pressão policial, e mais um início de tumulto, a Av. Rebouças foi liberada. O grupo seguiu pelas ruas paralelas, e logo após passar pela Rua Oscar Freire, mais bombas de gás lacrimogênio foram jogadas nos estudantes. Ainda com as suas cadeiras, os jovens percorreram ladeira acima uma avenida na contramão (Av. Haddock Lobo), com o intuito de deixar para trás as viaturas policiais. Finalmente chegaram na Avenida Paulista, por volta das 19h45. Paralisaram por cerca de 20 minutos totalmente um dos lados da avenida, sentido Consolação, onde realizaram uma breve assembléia, enquanto as pessoas da calçada compravam e lhes traziam água.

Mas o que querem os estudantes?

Não houve depredação no percurso do ato pacífico, apenas estudantes com suas cadeiras (que se tornou ícone de resistência nas ruas) querendo chegar a um destino para serem vistos pela sociedade e gritarem que não aceitam esse plano de reorganização e o fechamento de muitas escolas. O Secretário da Educação Herman e o Governo Alckmin, que lançaram esse projeto sem dialogar com a população, têm enfrentado forte resistência dos secundaristas - vide a primeira onda de manifestações iniciadas no início de outubro, e as mais de 200 escolas ocupadas. A própria imprensa tem questionado e pressionado para que o Governo apresente uma explicação convincente. Mesmo frente às notas de repúdio das Faculdades de Educação da USP, Unicamp, Unifesp, além de notas advindas de diversos institutos educacionais, que são contra esse plano de reorganização, o governo não tem cedido. Uma das demandas históricas dos professores, a redução do número de alunos por sala de aula, tem sido apresentada como forma alternativa ao plano de fechamento das escolas. Um áudio que vazou de uma reunião realizada no último domingo (29/12) mostrou que o Governo responderia às contestações da forma como temos visto: com truculência. O medo é que as ocupações e as manifestações tomem maiores proporções, quem sabe um novo “Junho de 2013”. Há dois anos atrás o governo teve que recuar com o aumento da passagem, mesmo dizendo que haveria cortes em outras áreas de serviços essenciais. Por que agora o governo não volta atrás com o fechamento das escolas? Por que agora, com a ajuda do Governo Federal - que também tem aplicado grandes cortes na área da educação – não diminuem os lucros dos banqueiros que têm sido os maiores da história? “Hoje a aula é na rua, Governador a culpa é sua”, gritam os estudantes em seus atos.Assim como ocorreu no Chile, os nossos secundaristas estão obstinados a vencerem esse plano. Para isso eles contam com o apoio da comunidade escolar e de toda a sociedade. Processos de lutas como esse são os embriões da revolução e nos deixam exemplos a serem seguidos: a resistência contra medidas que afetam a classe trabalhadora.

17h15 - Estudantes fazem cadeiraço no cruzamento da Rua Teodoro Sampaio com Av. Henrique Schaumann

18h30 Estudantes dançam os jingles da manifestação

18h45 - Após a repressão policial com bombas, policiais seguem os estudantes pela Rua Teodoro Sampaio (em direção à Avenida Paulista)

19h00 - Em sentido à Avenida Paulista, estudantes fazem um breve cadeiraço na Avenida Rebouças

19h10 - Estudantes marcham pela Avenida Rebouças sentido Avenida Paulista

19h15- Mãos com armas, com bombas de gás e com cacetetes impedem a passagem dos jovens manifestantes. Av. Rebouças sentido Av. Paulista

19h25 – Os estudantes marcham pela Rua Oscar Freire, momentos antes de serem repreendidos com bombas de gás lacrimogênio

19h40 – Depois de ladeira acima com suas cadeiras, respirando gás lacrimogênio, os estudantes chegam na Avenida Paulista.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias