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CORREIOS | Correios serão “centros de serviços aos cidadãos” sem contratação ou infraestrutura

Parceria dos Correios com Telebras e Serpro prevê emissão de diversos documentos nas agencias de Correios, mas não pretende contratar funcionários ou melhorar a infraestrutura para realizar trabalho extra.

quinta-feira 5 de novembro de 2015 | 00:58

Foto: http://blog.correios.com.br/

Saiu no último Primeira Hora* (03/11), mas já estava publicado no site oficial dos Correios desde a semana passada (29/10). Observem a nota:

“Os Correios se uniram à Telebras e ao Serpro com o objetivo de desenvolver um projeto unificado de governo para disponibilizar serviços públicos federais aos cidadãos, de maneira ágil e desburocratizada, nas agências postais de todo o País. Um termo de compromisso foi assinado entre as três estatais federais nesta quarta-feira (28), em São Paulo, durante a Futurecom, considerada o maior evento do setor de comunicação da América Latina.

Além dos serviços ao cidadão já disponíveis nas agências dos Correios, a população também passará a contar com emissão de documentos, quitação de dívidas com a União, emissão de declarações e de certidões públicas e cadastramento em programas sociais do Governo Federal, por exemplo.”

Alguns documentos citados no texto do Primeira Hora são CNH e Passaporte. Parece até que as agencias estão ociosas, como se não bastasse CPF, DPVAT, Banco do Brasil, Telesena, PostalCap...

Basta um pouquinho de raciocínio lógico pra entender que o que esse anúncio significa é simplesmente mais trabalho para os atendentes. Mais trabalho. E basta ser um atendente ou um cliente habitual dos Correios pra saber que “de maneira ágil e desburocratizada” só pode ser cinismo.

Dia 30/10 foi comemorado o dia do Atendente, com café da manhã em todas as agências do país. Ganhamos uma mochila. Deve ser pra guardar o tanto de coisas que teremos que anotar pra saber fazer tantos serviços diferentes. E, claro, tem que anotar também como lidar com cada “B.O”. decorrente de cada serviço, como os atendimentos que não são processados mas geram falta de dinheiro no caixa, as contas pra lançar os erros, e por aí vai.

Lidamos diariamente com um Sistema Automatizado da Rede de Atendimento (SARA, para os íntimos) que nos proporciona estresse e ansiedade com sua lentidão, funções mal programadas e os infinitos erros. Mas a cara de pau é tamanha que a ECT finge que nada está acontecendo e só faz aumentar o leque de produtos, serviços e consequentemente metas e cobranças, cada vez mais descaradas.

Recentemente criaram um título de capitalização, o PostalCap, e foi programado um dia D de vendas deste serviço. Cobraram durante todo o mês, com pressão e ofertas de “premiações” irrisórias, mas obviamente desejadas por trabalhadores que recebem tão pouco. O que aconteceu no tal dia? Sistema fora do ar. Estresse e frustração parecem ser as palavras chaves da ECT de como tratar seus trabalhadores.

Se nos lembrarmos de que o Concurso previsto para este ano foi cancelado (http://www.esquerdadiario.com.br/Concurso-dos-Correios-e-cancelado-mas-para-a-ECT-tudo-vai-bem), e de que mesmo antes de cancelar já não estava previsto contratação de atendentes (http://www.esquerdadiario.com.br/Correios-anuncia-concurso-em-meio-a-campanha-salarial), e que inclusive documentos foram divulgados dentro da empresa sugerindo que havia atendentes demais, como se fecha essa conta? É isso que explica uma agencia como a AC Barão Geraldo, na cidade de Campinas, onde as filas são sempre longas, não há ar condicionado, os assaltos já se tornaram frequentes.

Por outro lado, concentrar esses serviços nos Correios também significa “economizar” com contratação de funcionários em outras empresas e órgãos públicos, o mesmo que fazem com os bancos ao transferirem o trabalho para correspondentes. Quantos trabalhadores poderiam ser contratados e ao invés disso simplesmente despejam o serviço em nossas costas. Como se não significasse absolutamente nada.

Na última greve, destacamos como o fenômeno da participação de atendentes na mobilização se expressou em todo o país e aparentemente a ECT não aprendeu nada com isso. Não podemos mais aceitar tamanha exploração, e a greve já mostrou o caminho.

Os atendentes precisam se organizar, e é tarefa do movimento sindical impulsionar espaços democráticos para isso. Precisamos nos reunir, debater os ataques que viemos sofrendo e nos articular para, junto aos otts e carteiros, dar um basta a esta realidade de exploração.

* Primeira Hora é um informativo interno da ECT para transmitir notícias institucionais aos funcionários, sob o ponto de vista da direção da empresa.




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