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Manifesto contra a terceirização | Encontro do Pão e Rosas com mais de 600 pessoas votou com centralidade um forte trabalho com o Manifesto contra a terceirização

O Encontro Comunista do Pão e Rosas aconteceu no último dia 25 com a presença de mulheres e lgbts de diversos estados do país e votou com centralidade a iniciativa do Manifesto contra a terceirização. De Norte a Sul do país, e já contando com mais de mil assinaturas de intelectuais, juristas, parlamentares e entidades acadêmicas e de representação de trabalhadores(as), o Pão e Rosas vai colher assinaturas para fortalecer a luta contra a precarização do trabalho, que tem rosto de mulheres negras no Brasil.

terça-feira 18 de abril de 2023 | Edição do dia

Contando com a presença de mais de 600 pessoas, o Encontro Comunista do Pão e Rosas aconteceu simultaneamente em distintos estados e teve participação provenientes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Bahia, Maranhão, Sergipe, Piauí, Pará, Paraná e Santa Catarina, que participaram presencialmente e conectadas. O Encontro buscou debater quais os significados de um feminismo socialista a partir da realidade das mulheres, LGBTs e especialmente das mulheres negras no Brasil e dos processos da luta de classes internacionais, contando com saudações direto da França e Argentina.

Vejam mais em: Encontro Comunista do Pão e Rosas: centenas por um feminismo socialista no Brasil

Depois de um forte e emocionante debate, com mulheres lutadoras à frente, como as metroviárias de São Paulo que protagonizaram uma greve recentemente, o Encontro debateu a necessidade de uma campanha contra a precarização e terceirização do trabalho, um mecanismo capitalista que busca dividir os trabalhadores e assim divide não somente efetivos e terceirizados, mas também homens e mulheres, negros e brancos. A terceirização do trabalho tem rosto de mulheres negras no Brasil, são mulheres que compõem fortemente esse tipo de trabalho, sobretudo na área de serviços, com menos direitos e salários. Veja o que disseram algumas das referentes do Pão e Rosas que estiveram à frente do Encontro Comunista.

“Essa campanha para nós tem uma enorme importância, nós lutamos contra a precarização do trabalho porque envolve um entrelaçamento profundo entre opressão e exploração. Quando falamos de precarização do trabalho no Brasil, falamos que o capitalismo se utiliza das opressões existentes para renovar suas engrenagens de exploração e assim cria uma poderosa relação entre a exploração do trabalho e a opressão de grupos sociais subordinados, como são as mulheres e negros. Portanto, estamos falando que para enfrentar as opressões, para ter qualquer perspectiva de libertação das mulheres negras é preciso enfrentar a exploração do trabalho, que tem a terceirização como um de seus mecanismos para aprofundar a extração de mais-valia e também o machismo e o racismo”, afirmou Maíra Machado, professora que conduziu o Encontro.

“Nossa campanha busca escancarar os significados da terceirização. Recentemente vimos os casos escandalosos de trabalho escravo nas vinícolas do Rio Grande do Sul, em que a terceirização foi justamente a porta de entrada para o trabalho escravo. Uma realidade nefasta para os trabalhadores e que foi aprofundada depois do golpe institucional e durante os anos de governo de extrema direita de Bolsonaro. Hoje, para enfrentá-la é preciso combater a terceirização e lutar pela revogação das reformas anti operárias, como é a reforma trabalhista, e essa luta precisa ser independente do governo Lula-Alckmin que já garantiu que não revogará nenhuma reforma, além disso foram nos governos do PT que a terceirização foi triplicada, avançando sobre a vida das mulheres negras”, disse Carolina Cacau, professora no Rio de Janeiro e militante antirracista.

"Hoje a terceirização se encontra em praticamente todos os tipos de trabalho, nas escolas estamos passando por um momento ímpar com os recentes ataques que são alimentados pela extrema direita, por um lado, e por um cenário também de precarização e reformas da educação, por outro. A realidade nas escolas também é a do trabalho precário, desde os professores que são fatiados em subcategorias, até as trabalhadoras da merenda, da limpeza, que são terceirizadas e recebem salários escandalosos, sempre com uma realidade de atrasos, demissões e alta rotatividade. Defender a educação e as escolas hoje também é se contrapor à terceirização e precarização do trabalho” afirmou a professora Flávia Valle, de Minas Gerais.

“Nosso encontro votou com trabalhadoras metroviárias, professoras, terceirizadas, funcionárias públicas, trabalhadoras da construção civil, da iniciativa privada e estudantes universitárias uma forte campanha e trabalho com o manifesto contra a terceirização, votamos que em cada local de estudo e trabalho vamos recolher assinaturas, fazer atividades e debates. Já estamos com mais de mil assinaturas de intelectuais, juristas, parlamentares e entidades, mas vamos percorrer todo o país para que se ampliem e esse conteúdo ganhe mais força para lutarmos contra o trabalho precário e terceirizado, essa é uma luta que deveria estar no interior de todos os sindicatos e movimentos sociais do país”, disse Letícia Parks, referência da luta antirracista.

“O “Manifesto contra a terceirização e a precarização do trabalho: contra a terceirização, pela erradicação do trabalho escravo, a revogação integral da “reforma” trabalhista e o reconhecimento dos plenos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras em plataformas digitais pode ser uma ferramenta nas mãos de cada trabalhador e cada jovem que se sente indignado frente a realidade do mundo do trabalho, chamamos todos a contribuir com ele para fazermos uma grande campanha com a força das mulheres, negros, trabalhadores, e lgbts, porque é inaceitável esses níveis de exploração e opressão. Por isso, desde nosso surgimento como Pão e Rosas batalhamos pela efetivação dos trabalhadores terceirizados nos serviços públicos sem a necessidade de concurso, e queremos seguir nessa luta defendendo direitos iguais em cada local de trabalho” afirmou Valéria Müller, trabalhadora da educação no Rio Grande do Sul.

"Como afirmamos no nosso Encontro, reivindicamos o comunismo, baseado nas ideias de Karl Marx, e o comunismo é a expressão do desenvolvimento histórico de uma classe que tem o potencial revolucionário de transformar a sociedade pela raiz, nós temos a profunda convicção que essa classe tem as mulheres negras e lgbtqiap+ na sua vanguarda, e é com esse potencial que também buscamos construir um partido revolucionário. Por um feminismo socialista e comunista que tem uma estratégia revolucionária se coloca na ordem do dia combater a fragmentação e a precarização das nossas vidas, é para contribuir nesse sentido que vamos impulsionar esse manifesto em todo o país”, concluiu Odete Cristina, estudante da pós graduação da UFMG.

Assine você também o Manifesto contra o trabalho precário e a terceirização!




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