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Segunda Anistia | Lula elogia almirante da ditadura e mantém silêncio sobre golpe de 64

Em discurso no evento de lançamento do submarino Tonelero no estado do Rio de Janeiro, Lula declarou seu “carinho” pelas Forças Armadas do Brasil. Além disso, o presidente fez uma homenagem especial ao almirante da reserva Alfredo Karam, militar que foi responsável por chefiar a Marinha no final da ditadura e que está na lista da Comissão Nacional da Verdade.

segunda-feira 1º de abril | Edição do dia

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Em discurso no evento de lançamento do submarino Tonelero no estado do Rio de Janeiro, Lula declarou seu “carinho” pelas Forças Armadas do Brasil. Além disso, o presidente fez uma homenagem especial ao almirante da reserva Alfredo Karam, militar que foi responsável por chefiar a Marinha no final da ditadura e que está na lista da Comissão Nacional da Verdade. O evento também contou com o reacionário presidente da França, Emmanuel Macron, que estava visitando o Brasil e com interesse em expandir a influência francesa sobre a região amazônica, bem como garantir lucros bilionários para a indústria bélica francesa, dando seguimento aos acordos com a Marinha brasileira para o desenvolvimento de submarinos e possíveis novos acordos para a energia nuclear e a produção de helicópteros militares.

Durante sua fala e após cumprimentar o almirante, Lula disse que Karam, agora perto dos 100 anos de idade e que estava na tribuna de honra do evento, estava com 100 anos e com cara de que viveria até os 120. Fala extremamente sintomática da posição de Lula como uma segunda anistia aos militares da ditadura. Karam foi diretamente um dos dirigentes das Forças Armadas no período final da ditadura, e agora, sem ter tido nenhum tipo de punição por seus crimes, vive com a maior das honrarias garantidas pelo governo federal.

Karam está listado como 21º na lista da Comissão Nacional da Verdade, como um dos “autores de graves violações de direitos humanos vinculados a esse plano de responsabilidade político-institucional”, segundo o documento.

Ao passo em que essa asquerosa figura segue impune, Lula silencia os atos contra a ditadura, que cumprem um importante papel de preservar essa memória contra um regime degradado que matou, torturou e precarizou a vida da classe trabalhadora brasileira. Isso se dá em um contexto onde os militares ganham cada vez mais força dentro do regime atual, fruto do golpe de 2016.

A preservação dos militares, tanto os que atualmente se viram contra os trabalhadores brasileiros, tendo sido importante base do governo de extrema-direita de Bolsonaro, garantindo que se passassem as reacionárias reformas do regime do golpe e responsáveis também pela desastrosa administração da pandemia de 2020, quanto dos militares responsáveis diretamente pela ditadura de 1964, mostram como a Frente Ampla busca, cada vez mais, aproximar setores da direita e extrema-direita a fim de pactuar uma “solução” à crise do neoliberalismo que favorece apenas a burguesia e ao imperialismo.

A classe trabalhadora não pode assistir a esse vergonhoso apagamento histórico que o governo Lula-Alckmin está levando à frente. Como apontado por Thiago Flamé neste artigo, “O pacto social em curso, que estamos chamando neste aniversário do golpe de uma segunda anistia, para frisar a profundidade do seu significado reacionário, não significa que a possibilidade de construção de uma esquerda revolucionária à altura dos desafios esteja mais distante do que 20 anos atrás. A desmoralização das instituições políticas, o surgimento de uma extrema-direita radicalizada, a falta de perspectiva de uma juventude a qual só oferecem uberização, novo ensino médio e repressão, podem ser os combustíveis que alimentem o ressurgimento do inconformismo de esquerda.”




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