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Palestina | Lula se recusa a condenar nominalmente Netanyahu e Israel pelo massacre contra os palestinos

Pela imediata ruptura das relações econômicas, militares e diplomáticas do Brasil com Israel!

sexta-feira 10 de novembro de 2023 | 20:06

O governo Lula-Alckmin, mantém de pé as relações econômicas, militares e diplomáticas com os sionistas (estreitadas pelo governo Bolsonaro), e é um dos únicos na América Latina que não fez sequer um pronunciamento crítico contra o Estado terrorista de Israel, responsável pelo genocídio de 10.000 palestinos, sendo a maioria crianças e mulheres, na Faixa de Gaza.

Até agora, Lula se circunscreveu a repudiar as mortes das crianças em Gaza - algo cuja tragédia é evidente aos olhos de todos - e pedir um cessar-fogo, na qualidade de presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU. Entretanto, recusou-se a atribuir, em termos nominais e condenatórios, a responsabilidade ao agente estatal que promove o massacre de crianças palestinas: o Estado colonialista de Israel. Nem mesmo a figura grotesca de Netanyahu, amigo de Trump e Bolsonaro, foi nomeada criticamente, quando até mesmo governos capitalistas como o da Colômbia, México e Chile criticaram Israel, tendo a Bolívia rompido suas relações.

Os crimes de guerra e de lesa-humanidade têm como responsável Netanyahu e o governo israelense, com a utilização de armas químicas, como o fósforo branco, um elemento altamente incendiário que causa fortes queimaduras que podem penetrar o corpo de uma pessoa até os ossos, elemento que foi banido pelas própria ONU em 1980. Além disso, é criminoso o cerco total que Israel está realizando em Gaza, deixando milhões de pessoas sem acesso à água, eletricidade, alimentos, medicamentos, um bloqueio que atinge a população civil de maneira geral e que não é uma novidade nas ações do Estado Sionista.

Lula não denuncia os crimes de guerra cometidos por Israel e busca não esgarçar os laços de subordinação com Biden e o imperialismo norte-americano, francos apoiadores da ofensiva israelense - como já demonstrou diante de seu apoio ao governo golpista de Dina Boluarte no Peru, apoiando a repressão ao povo peruano, que o PSOL também sustentou como parte do governo. Além disso, percebe-se que o discurso de “combate à extrema direita” também não se realiza na prática.

Não menos escandalosos são os acordos comerciais e militares com Israel. O Brasil sustenta há décadas a presença de empresas israelenses no controle da produção de armamentos. A Elbit Systems Ltda., principal empresa de armamentos israelenses, é dona de três empresas de armas brasileiras (AEL, Ares Aeroespacial e a Defesa SA), produzindo armamentos usados na repressão ao povo negro e aos trabalhadores. Os caveirões que matam crianças de uniforme escolar nas favelas cariocas são realizados com materiais israelenses, assim como as armas que a polícia brasileira ostenta para assassinar trabalhadores negros são as mesmas que as Forças de Defesa de Israel (a infame Tzahal) usam para massacrar a população em Gaza, ou para fuzilar palestinos para abrir caminho ao assentamento ilegal de colonos na Cisjordânia. Esses acordos militares e de fornecimento de armas, que já existiam na década de 2000 durante os governos do PT, foram expandidos em nova escala por Bolsonaro em acordo de 2019 (ratificado por decreto legislativo em 2022). Esses acordos seguem de pé. Assim, no governo Lula-Alckmin, dinheiro público é enviado por meio do cumprimento de acordos para os cofres israelenses, verba que contribui no fortalecimento da máquina de guerra desse enclave imperialista no Oriente Médio.

Efetivamente, a política de Lula está em consonância com a própria retórica da Casa Branca, que através do secretário de Estado, Antony Blinken, pediu cinicamente por “pausas humanitárias” enquanto segue o envio de mísseis e bombas a Israel. Neste cenário, a busca de Lula por um acordo que agrade os Estados Unidos e as demais potências, na prática em uma oposição bastante moderada contra os bombardeios de Israel. A mesma ONU em que Lula deposita suas esperanças é a que sustenta os interesses de Israel desde 1948 com a criação do Estado de Israel, e, depois, com a "solução de dois Estados" que na prática só garante legitimidade para o Estado Sionista de Israel realizar sua limpeza étnica contra o povo palestino.

É preciso colocar de pé um movimento internacional anti-guerra, de traços anti-imperialistas, que responda de maneira independente, se opondo ao militarismo burguês, ao colonialismo sionista e ao imperialismo norte-americano desde uma perspectiva socialista revolucionária. É preciso que a União Nacional dos Estudantes (UNE) mobilize os estudantes e se posicione contra a guerra na Palestina, para exigir a condenação dos crimes de guerra e das violações de Direitos Humanos realizados por Israel, assim como a ruptura de todas as relações entre Brasil e Israel, inclusive das universidades que mantêm convênios com empresas ligadas a Israel, como estudantes fizeram na UFRGS, UFMG, UnB e Unicamp. Isso só pode ser arrancado com a força da nossa luta nas ruas, nos inspirando nos massivos atos que ocorrem em solidariedade ao povo palestino pelo mundo. Chamamos todas as organizações de esquerda, movimentos sociais, ativistas, entidades estudantis e sindicatos a se somarem!

A luta em defesa do povo palestino só pode se dar com total independência do governo Lula-Alckmin, e dos Estados capitalistas em geral e suas instituições imperialistas. O correto nesse momento seria lutar para que os sindicatos organizem assembleias com a base, para que os trabalhadores possam debater e se posicionar contra o massacre de Israel e em solidariedade aos palestinos. É preciso exigir das centrais sindicais, começando pela CUT e a CTB, que atendem ao chamado dos sindicatos palestinos à um apoio internacional, com uma jornada nacional de paralisação em solidariedade aos palestinos, e pela imediata ruptura das relações econômicas, militares e diplomáticas do Brasil com Israel, tal como os trabalhadores pelo mundo vem fazendo impedindo o envio de armas. Exemplos assim deram o Conselho Central dos Sindicatos da Índia, o sindicato italiano SiCobas, e o sindicatos dos portuários de Oakland, nos Estados Unidos, que paralisaram suas atividades e renunciaram a transportar armamento para Israel, assim como a Canadian Union of Public Employees, o maior sindicato do Canadá, que aprovou uma resolução em solidariedade com a Palestina e exigindo que seu governo “acabe com sua venda de armas para Israel”.

Nós lutamos pela realização plena e efetiva do direito do povo palestino à autodeterminação nacional e pela única solução estratégica verdadeiramente progressista, que é a luta por uma Palestina operária e socialista, como primeiro passo para uma federação socialista no Oriente Médio, que tenha como objetivo pôr fim a toda opressão e exploração, e que possa garantir a coexistência democrática e pacífica entre árabes e judeus. Apoiamos incondicionalmente a resistência do povo palestino, independentemente de suas direções atuais. Ao mesmo tempo em que, para defender a independência de classes, nos opomos categoricamente ao programa reacionário do Hamas (a construção de um Estado teocrático de tipo iraniano), e também aos seus métodos. Apostamos na confluência dos habitantes em Gaza com os trabalhadores árabes em Israel e com os trabalhadores israelenses que romperam com o sionismo, assim como na solidariedade da classe trabalhadora de todos os países do mundo para enfrentar os capitalistas e sobretudo o imperialismo, que sustentam o Estado sionista de Israel e seu massacre contra o povo palestino. Apostamos que essa unidade se dará com os métodos da classe trabalhadora, como a greve geral combinada com a intifada e o desenvolvimento de organizações de autodefesa capazes de unir todos esses setores da classe trabalhadora.

É necessário enfrentar o estado de Israel e lutar por uma Palestina operária e socialista!




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