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Racismo | Os capitalistas lucram com o racismo e por isso o desemprego é maior entre negros

O desemprego é mais acentuado entre negros, como mostram os dados levantados pelo o IBGE. Assim não seria se os grandes capitalistas não lucrassem com a miséria de vida da população negra do país.

Julia CardosoEstudante de Ciências Sociais da USP

terça-feira 20 de fevereiro | 15:56

Segundo dados da pesquisa do IBGE, realizada no final de 2023, temos o dado de que o desemprego entre pretos é de 8,9% e pardos de 8,5%, enquanto em brancos esse número é de 5,9%.
Isso para além de que o mesmo racismo que coloca a população, principalmente periférica, na situação de desemprego, faz com que resta a esta parcela da população os postos de trabalhos mais precários, como a terceirização ou ainda empregos informais. Por isso que vemos que a terceirização nas universidades e empresas são ocupados, em sua maioria, por corpos de mulheres negras. Ou ainda, nos trabalhos de apps em que são jovens negros que trabalham por horas e horas comuma bag nas costas, sem terem qualquer direito trabalhista.

Sobre isso, ainda é possível fazermos um paralelo com o período de escravidão no Brasil, o qual foi um sistema brutal de exploração, e que com com a sua abolição, muitos dos negros livres foram jogados nas perifierias tornando-se marginalizados e desempregados. Sendo que temos hoje, como herança da escravidão, um exército de pessoas negras empobrecidas e precarizadas que retroalimenta os postos de trabalho precários de hoje.

Agora, por que isso ocorre?

Isso acontece porque o capitalismo combina exploração e opressão . Assim, se utiliza dos mais oprimidos (Mulheres, Negros, LGBTs) para ocupar os postos de trabalho por mais horas e de forma mais precária. Ou seja, oprimir para ser tais postos de trabalho a única alternativa.
O que vemos com isso é também uma divisão irracional das jornadas de trabalho porque enquanto uns trabalham por longas horas, outros não têm trabalho. Essa divisão serve a um único objetivo: aumentar lucros dos capitalistas.

Como temos visto aqui no Brasil, o Racismo não está só no mercado de trabalho. O Estado se utiliza dele não só para empobrecer, mas para matar. Basta olhar para o caso do motoboy Everton Goandete da Silva, que foi esfaqueado por um homem branco e em seguida preso pela Brigada Militar em Porto Alegre. Nada explica, se não o racismo, a vítima ter sido apreendido. Em SP, vemos a Operação Escudo já matar mais de 20 pessoas na Baixada Santista.

Assim, vemos que a manutenção do racismo tem por trás uma política para manter os lucros burgueses e oprimir para que nenhuma movimentação de massa ameace essa ordem social. Política esta que tem como primeira cara a extrema-direita que expressa total confiança na polícia que mata a juventude negra, a exemplo de declarações do governador de Tarcísio de Freitas (Republicanos - SP), que expressou total confiança na polícia atacando a escola de Samba Vai-Vai pela sua crítica a Polícia com o “O Diabo veste farda”, e também sendo o responsável pelas várias chacinas que tivemos no Estado.

Por outro lado, essa política não deixa de ser levada pela Frente Ampla, protagonizada pela chapa Lula-Alckmin neste momento. Isso porque, vimos a promulgação da Lei da Terceirização durante os governos do PT, para além do reforço da bancada dos evangélicos e dos militares, as figuras que mais repercutem discursos de ódio contra a juventude oprimida. Para além de nesse momento, o governo federal apoiar financeiramente os projetos de privatização, que vão oferecer mais precariedade a vida de todos os trabalhadores, em especial negros, para além de não revogar nenhuma das reformas (Trabalhista, Previdência, NEM).

Não se pode deixar de mencionar ainda que o estado recorde de chacinas no último período, é o estado da Bahia que é governado por Jerônimo Rodrigues do PT. Para além de que, os ministros que representariam o Movimento Negro no Congresso, Silvio Almeida e Anielle Franco (PT), em nada se manifestam sobre as várias chacinas que vimos no período recente. Ou seja, em nada se comprometem com a luta antirracista de forma anticapitalista.

No entanto, se vemos que a existência do racismo se faz para manter a ordem do capitalismo, há uma única maneira de acabar com o racismo, acabando com o capitalismo. Por isso que é na força do Black Lives Matter nos Estado-Unidos, que enchiam às ruas contra o racismo e expulsava os policiais dos sindicatos por entenderem que estes eram guarda costas dos interesses do Estado burguês, que devemos nos inspirar e seguir exemplo. Seguir o exemplo do Quilombo dos Palmares que aqui no Brasil lutou contra o Racismo de 400 anos de escravidão. Portanto, é preciso vermos que apenas a classe trabalhadora organizada junto dos mais oprimidos, batalhando por uma unificação de todos trabalhadores desempregados, efetivos e terceirizados, é que pode dar uma saída com o fim de toda a opressão racista do Brasil e do mundo.




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