O motoboy João Richard de Oliveira Gama Lopes, de 25 anos, foi assassinado pela polícia com tiros no peito, na Estrada do M’Boi Mirim, na zona sul de São Paulo.
sexta-feira 20 de janeiro | Edição do dia
O assassinato de Richard aconteceu no último domingo, 15, quando o jovem saiu com a sua moto, que tinha sido comprada recentemente, para um baile funk no Capão Redondo, junto com seu primo de 17 anos.
A família de João recebeu mensagens de que o jovem estava sendo abordado pela polícia na Estrada do M’Boi Mirim. Quando a família chegou ao local, o motoboy já estava morto com tiros no peito. O primo de Richard foi encontrado na delegacia no dia seguinte com vários hematomas.
De acordo com a família de Richard, o jovem foi agredido e o celular e os documentos dele desapareceram. Moradores do Jardim Souza, amigos e familiares do jovem denunciam que a polícia vem ameaçando e causando violência na região após protesto por justiça por Richard que ocorreu na avenida Guarapiranga na última segunda-feira, 16, que foi reprimida pela polícia.
A polícia militar continuou a perseguir os amigos e familiares no enterro de Richard na terça-feira, 17, no Cemitério Parque das Cerejeiras, no Jardim Angela, apreendendo as motos das pessoas que foram até o velório. Moradores afirmam que a polícia diz que irá impor toque de recolher, ameaçando matar quem estiver na rua após às 20h de hoje e amanhã.
Policiais foram vistos na região portando fuzis nas ruas na tarde da quarta-feira,18. “Eles [PMs] estão falando que todos que deram entrevistas vão morrer, um por um. Estão batendo, rasgando a camiseta dos meninos." afirmou morador em entrevista ao UOL.
Esse é o caráter dessa instituição asquerosa que é a polícia, que tem em sua mira o povo negro e pobre, que tira o vida da juventude negra sem hesitar como foi com a vida de Richard, não permitindo que nem sua família e amigos pudessem vestir camisetas em sua homenagem, pois os PM obrigaram que todos as retirassem, ou mesmo que pudessem sepultar o seu corpo de Richard em paz.
Não podemos ter nenhum tipo de confiança de que será pelas mãos da justiça burguesa que virá a punição dos policiais que assassinaram Richard, e tantos outros negros nessa país, como foi com o caso de Genivaldo, onde a justiça protegeu e diretamente negou a prisão dos agentes policiais de que o mataram. Ou qualquer setor desse regime político como o Congresso reacionário ou do governo eleito, que tem como vice Geraldo Alckmin, que administrou a maior chacina do Estado, em 2015.
Esse é o Brasil do golpe institucional de 2016, que após quatro anos do governo racista de Bolsonaro, que declarou em diversos momentos ser inimigo dos negros, e que agora tem seu sucessor direto em São Paulo, com o governo Tarcísio de Freitas, que já anunciou que vai massacrar ainda mais a vida da juventude negra, com a maioridade penal e nomeando um PM envolvido no brutal Massacre do Carandiru para cargo de assessor na Administração Penitenciário de São Paulo.
A comunidade do Jardim Souza já apontou a saída para impor justiça por Richard, que só virá de forma efetiva com a luta negra, aliada aos trabalhadores e todos os setores oprimidos, de forma independente, pode arrancar justiça por Richard e para toda a juventude negra que tem seu futuro ceifado pela polícia.