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Eleições 2022 | Príncipe Luiz Philippe de Orleans é reeleito deputado compondo a base escravista de Bolsonaro

Ontem, 2 de outubro, ocorreu o primeiro turno das eleições para presidente, governadores, senadores e deputados no Brasil. Considerada a eleição mais importante da história desde o período da redemocratização, tendo em vista que o seu resultado definirá qual a tendência política do país para os próximos anos. O desenho que já está tomando forma, com os resultados do primeiro turno, ressalta que o cenário brasileiro está mais à direita do que o esperado, inclusive pelas pesquisas e intelectuais, com uma disputa acirrada entre Lula e Bolsonaro.

Emilly VitoriaEstudante de ciências sociais na UFRN e Militante da Faísca Revolucionária

terça-feira 4 de outubro de 2022 | Edição do dia

O primeiro saiu como favorito a ganhar no segundo turno, mas com Bolsonaro melhor posicionado para travar a disputa. Fica claro que o bolsonarismo, enquanto força social, está definitivamente consolidado enquanto um movimento de massas, longe de acabar pós eleições, mesmo em um cenário em que o PT com a chapa Lula-Alckmin ganhe no segundo turno.

O cenário é tão absurdo que o monarquista de extrema direita, Luiz Philippe de Orleans e Bragança do PL, partido do atual presidente, foi reeleito para deputado federal em SP com 79.210 votos, porém com 39 mil a menos do que nas eleições anteriores. Ele chegou ao cargo em 2018 e agora se reelege apoiado no bolsonarismo e suas pautas. O deputado é conhecido por propagar desconfiança sobre a veracidade das urnas eletrônicas e recentemente comemorou em suas redes sociais a vitória da extrema-direita italiana.

É extremamente reacionário que um monarquista, descendente de um império responsável pelo saqueamento, assassínio e expropriação das terras brasileiras e dos povos originários, bem como a escravização e o genocídio da população negra e indígena durante a colonização, tenha qualquer espaço na política brasileira. Hoje, esses setores representados por Bolsonaro, mostram nitidamente o projeto de país que querem para o Brasil.

No Congresso, a direita ganhou mais espaço e o bolsonarismo ocupa cargos, com diversos ex-ministros do Governo Bolsonaro sendo eleitos senadores pelos próximos oito anos, como a reacionária Damares Alves, eleita senadora no DF, Marcos Pontes em SP e o próprio vice presidente Hamilton Mourão no RS, entre outros. O que se tira disso é que a direita e a extrema direita, representadas pela bancada do boi, da bíblia e da bala, seguem fortalecidas e amplamente representadas no Congresso Nacional.

Representam o Brasil dos senhores de escravos, das oligarquias e do latifúndio, o que extermina indígenas, oprime negros e negras, desmata predatoriamente, entrega as riquezas naturais do país e explora brutalmente a classe trabalhadora, responsável por mover e fazer tudo que essa corja toca e toma para si. Mas esquecem que existe e resiste o Brasil de Palmares, da Revolta dos Malês, da Conjuração Baiana, de Canudos e tantas outras rebeliões e greves operárias como as do pré-golpe de 64 e as do ABC durante a ditadura militar e esse não é só o outro lado da história de um país, mas a história de uma classe, a nossa classe, a única que pode varrer para a lata de lixo da história essa escória nojenta.

Nesse sentido, esse pequeno resgate histórico com exemplos de luta e auto organização dos trabalhadores e setores oprimidos deve servir para moralizar, inspirar e principalmente demonstrar que a única saída para essa conjuntura reacionária só pode se dar no terreno da luta de classes, a linguagem que faz tremer a burguesia brasileira e de todo o mundo, com a classe trabalhadora organizada e dirigida através de partido revolucionário, com uma estratégia para vencer.

Deste modo, frente ao resultado das eleições neste turno e com a direita e extrema direita intactas, a conciliação de classes com a Frente Ampla feita para "derrotar" Bolsonaro, se mostra mais uma vez incapaz de colocar um fim no filho indesejado desse regime golpista. Assim, não é apostando em alianças com a direita, negociando o inegociável e depositando confiança nas instituições do regime do golpe que encontraremos a saída para a crise política e econômica, bem como para a polarização. Não será cedendo ainda mais a esses setores, como promete Lula para o segundo turno, que vai se enfrentar com a extrema-direita, ao contrário. O resultado no primeiro é produto da maior direitização da campanha de Lula, que arou o tereno para a extrema-direita. É urgente construir uma resposta batalhando por uma saída de independência de classe que a imponha pela luta nas ruas com os métodos operários, como greves e paralisações. Só assim será possível avançar no enfrentamento ao bolsonarismo, atender as demandas econômicas mais urgentes da classe trabalhadora e na superação dessa velha política.

É necessário exigir das centrais sindicais dirigidas pelo PT, como a CUT, e também a CTB e UNE, dirigidas pelo PCdoB, que rompam a sua cruel paralisia a serviço da conciliação do PT, e construa um plano de lutas que possa combater a extrema-direita na luta de classes.




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