Em reunião extraordinária do Conselho Universitário (CONSU), chamada ontem para debater o aumento do bandejão, o reitor junto a FIESP e outros membros da burocracia da universidade, decidiram elevar o preço da refeição de R$2,00 para R$3,00.
Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN
quinta-feira 14 de dezembro de 2017 | Edição do dia
Alguns meses após a reitoria apresentar uma proposta absurda de aumentar em 100% o valor do bandejão, para R$4,00, e os estudantes responderem ocupando a votação do Conselho Universitário - que teria aprovado esta proposta junto a uma série de ataques aos trabalhadores – Knobel finalmente conseguiu impor a sua vontade sem dialogar com estudantes e funcionários.
Ao ter início o período de férias, Knobel convocou uma reunião extraordinária para votar o aumento do bandejão, após uma sessão ter sido impedida pela luta dos estudantes e a segunda ter retirado essa proposta de pauta. Com base no discurso de que a Unicamp estaria passando por uma crise e necessitando de uma política de ajustes, Knobel tomou a postura autoritária para cortar a reposição automática de funcionários e docentes, os concursos, as gratificações dos funcionários, e agora no bandejão.
Em nenhum momento, porém, as contas da Unicamp estiveram abertas para que esses mesmos estudantes, funcionários e professores atingidos pelos cortes do CONSU pudessem saber onde está a crise e decidir sobre o orçamento da universidade. Criou-se apenas um grupo de trabalho entre os membros do próprio conselho que decidiu pela nova proposta de R$ 3,00, ou seja, ainda pelo aumento do bandejão que não ocorria em 10 anos.
Não obstante, dessa votação foi aprovado um aumento de bolsas SAE e a garantia de isenção do bandejão para estudantes com renda familiar inferior a R$1,5 mil. Porém, não é possível ter qualquer confiança de que a reitoria cumprirá sequer com isso, já que ainda hoje há diversos estudantes aprovados para receber alguma bolsa (em especial da moradia), mas não foram contemplados com o auxílio. As bolsas SAE exigem contrapartidas do estudante, como prestar serviço para a universidade (que deveriam ser prestados por trabalhador concursado). A moradia está ano a ano cada vez mais insuficiente para a demanda de estudantes ingressantes, sendo que a proposta de ampliação da moradia conquistada na greve de 2016 pelos estudantes não saiu das gavetas da burocracia. Não há como acreditar que a Reitoria se preocupa com a permanência dos estudantes de fato, ainda mais depois deste aumento.
Knobel está punindo os estudantes que lutaram por cotas nessa mesma greve, atacando a permanência estudantil, provando que quer ver uma universidade cada vez mais elitizada, sendo capaz de um autoritarismo que espera as férias para atacar os estudantes.