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Aumento das greves na China | Relatório aponta para aumento significativo dos protestos e greves na China em 2023

O Boletim Trabalhista da China (CLB, em inglês), que é uma organização independente do PCCh (Partido Comunista Chinês), publicou relatório que mostra um aumento significativo dos protestos e greves na China em 2023. Somente no primeiro semestre foram 741 casos, contra 830 em todo o ano passado. Pesquisadores apontam que podem chegar a 1,3 mil paralisações e greves até o fim do ano. O motivo é a desaceleração da economia e fechamento e realocação de fábricas.

quarta-feira 13 de setembro de 2023 | Edição do dia

Nos últimos meses a rede social Douyin, uma espécie de Tiktok chinês, foi inundada de vídeos de protestos em que trabalhadores aparecem nos portões de suas fábricas exigindo pagamentos atrasados e seguro social por exemplo. Em um dos vídeos, um trabalhador em frente à fábrica da Huijuchang Textile, na cidade Jiangyin, denuncia que o lugar em que trabalhou por 20 anos faliu e ele está sem seguro social e sem dinheiro, uma situação desesperadora.

O relatório do Boletim Trabalhista da China afirma que após a pandemia as greves atingiram um novo patamar, e que “muitos protestos estão relacionados com a desaceleração da demanda no comércio internacional”. O relatório aponta que a maioria dos protestos são do setor de construção, mas houve um aumento de 10 para 59 no setor industrial de janeiro a maio deste ano.

Segundo o relatório, o maior motivo do aumento dos protestos se deu por conta de uma “onda de fechamentos de fábricas e realocações” nas regiões litorâneas da China como Guangdong. As exportações caíram 14,5% e as importações 12,5% em julho e os setores mais afetados além da construção foram as fábricas de tecnologia e de roupas.

Durante a pandemia ocorreram diversos protestos contra a política reacionária do PCCh de “covid-zero”, que por um lado proibia a circulação de pessoas e não garantia condições mínimas de vida e por outro mantinha trabalhadores infectados em alojamentos fabris aglomerados. Em 2022 houve também uma histórica greve na maior fábrica de Iphones do mundo, a Foxconn uma multinacional de capital Taiwanês que super explora os trabalhadores chineses com um histórico cruel que levou muitos ao suicídio.

O aumento das greves e protestos na China e em outras partes do mundo, reflexos da crise aberta em 2008, reatualizam a definição de Lenin de que estamos em uma época de crises, guerras e revoluções. O que permite colocar uma interrogação sobre se estamos diante de uma recomposição da subjetividade do proletariado chinês, como questiona André Barbieri em artigo de 2022, que pode lhe interessar. O certo é que nossa classe é internacional e não está derrotada. Precisa se reorganizar em todo o globo contra as burocracias reacionárias como o próprio PCCh que nada tem de comunista e, com Xi Jinping à frente, se abre cada vez mais ao capital privado que por sua vez ganha poder político paulatinamente.




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