No oitavo dia de mobilizações massivas de trabalhadores, movimentos sociais e povos indígenas contra o processo em curso na província argentina de Jujuy, o deputado constitucional Alejandro Vilca (PTS) anunciou que "os membros da Frente de Esquerda Unidade renunciam e se retiraram desta Convenção, que, como dissemos desde o primeiro dia, é totalmente antidemocrática, fraudada e reacionária".
sexta-feira 16 de junho de 2023 | Edição do dia
No início da sessão desta quarta-feira, 14, onde os deputados se preparam para debater e votar a reforma constitucional de Gerardo Morales, Alejandro Vilca tomou a palavra para anunciar que "os deputados da Frente de Esquerda Unidade renunciam e se retiram desta Convenção, que como dissemos desde o primeiro dia foi totalmente antidemocrática, fraudada e reacionária”.
“Em diferentes meios de comunicação, o governador Morales proferiu ataques à nossa bancada”, disse Vilca, deputado provincial do PTS (partido argentino irmão do MRT brasileiro) pela FITU, comentando que “[Morales] nos questiona porque estamos cumprindo o mandato para o qual fomos eleitos para estar aqui. Assumimos nossos cargos com a convicção de mostrar, a cada dia que este durou e de todas as formas possíveis, que nesta Convenção um novo pacto estava sendo tramado pelas costas do povo. Uma convenção repleta de irregularidades, com o único objetivo de atentar contra os direitos e liberdades democráticas”.
“Morales diz que a rejeição que se expressa nas ruas é apenas da Frente de Esquerda. Falso!”, comentou o referente do PTS/FITU e alertou que “não querem ver que é o povo de Jujuy que se levanta. E nós fazemos parte desse povo que está começando a lhes dizer “basta”! São professores, servidores municipais, agentes de saúde, indígenas, organizações sociais e muitos mais que dizem ’aumentem o salário, abaixo a reforma’”.
“Incomoda-os que a esquerda rejeite esta Constituinte, mas aqui não se discute aumentar o salário para cobrir o custo das necessidades familiares, acabar com a precarização do trabalho, garantir trabalho genuíno, teto, ou acabar com altas tarifas e reestatizar a empresa de energia , ou que o Lítio seja colocado sob o controle dos trabalhadores e das comunidades originárias. Ao contrário, o que se discute aqui é tirar mais direitos do povo, como tentaram ao querer proibir o direito de protestar, buscando atacar o direito de voto e apoderar-se da totalidade do poder público. E é assim que eles se autodenominam republicanos", disse ele.
Por fim, Vilca expressou que “se tiveram que voltar atrás em alguns pontos foi por causa da rejeição pública e das mobilizações. E se insistem em ir contra o direito de protesto social é porque temem que o povo saia às ruas contra as medidas de ajuste que vão tentar aplicar amanhã. Somos coerentes: estamos sempre do mesmo lado, junto com os trabalhadores. Vocês, entre peronistas e radicais, apoiam um regime decadente e vão aprovar juntos esta reforma reacionária. Não vamos fazer parte dessa farsa que conspira contra os trabalhadores. Não estamos renunciando para que um substituto assuma, estamos saindo para acompanhar a mobilização nas ruas, junto com os trabalhadores e o povo que reivindica que essa reforma seja derrubada e que os salários cresçam”.
Nessa sexta, 16, as mobilizações nas ruas continuaram, dessa vez com milhares de indígenas a frente:
Décimo día de movilizaciones masivas en Jujuy contra la reforma de Morales y el PJ.
Las comunidades indígenas hoy son protagonistas con su tercer Malón inundando las calles de la ciudad capital.
"Arriba los derechos, abajo la reforma" cantan. pic.twitter.com/5mbAILAUOw— Natalia Morales (@NatuchaMorales) June 16, 2023
Recentemente a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores teve a melhor votação para governador de uma candidatura à esquerda do peronismo desde 1983 na Argentina, isso em meio a uma grave crise inflacionária de 100% ao ano que corrói os salários e aposentadorias. Em todos os lugares o peronismo se alia ao macrismo para passar os ataques do FMI e fazer o povo pagar pela crise, jogando água no moinho demagógico de Javier Milei e da extrema-direita que defendem medidas liberais para resolver a crise. O PTS, organização-irmã do MRT na Argentina, tem impulsionado a organização dos trabalhadores e setores oprimidos para combater os ataques e também a extrema-direita, acompanhe pelo Esquerda Diário.
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