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EACH - USP LESTE | Suspensão de 120 dias para Boueri e a contaminação permanece

Em maio desse ano terminou o processo administrativo movido contra o ex-diretor da EACH, José Jorge Boueri, que autorizou,o depósito de 109m³ de terra contamina no campus em 2011. Para avaliar esse caso de crime ambiental, a comissão processante, estabeleceu que a pena do ex-diretor deveria ser 30 dias de suspensão. O reitor da USP, Antônio Zago declarou considerar que o ato do ex-diretor deveria ser julgado como mais grave, e decidiu que a pena do Boueri pelos crimes ambientais cometidos na EACH deve ser a suspensão de 120 dias.

sexta-feira 14 de agosto de 2015 | 02:14

A criação de uma CPI e de uma comissão processante para investigar a terra contaminada da EACH apenas foi possível em consequência da forte mobilização do movimento estudantil que exigiu o afastamento do diretor Boueri, e da greve das três categorias (estudantes, funcionários e professores) pela investigação e descontaminação do campus.

Se por um lado é verdade que a mobilização conseguiu pressionar a reitoria a fazer algo, é necessário enxergarmos essa suspensão de 120 dias menos como uma real tentativa de solucionar o caso do que uma resposta da reitoria ao movimento estudantil, na tentativa de amenizar os ânimos, mas os problemas se mantém. Boueri, após se afastar através de sucessivas licenças, será suspenso e então irá se aposentar.

Há anos o campus da EACH vem sendo considerado em segundo plano pela universidade. Sabemos que cursos como obstetrícia, gerontologia, licenciatura em ciências da natureza e outros não atendem às demandas do mercado como outros cursos e por isso acabam sendo secundarizados. Essa precarização acaba sendo fortemente agravada não apenas pela contaminação no solo, mas pela crise pela qual a universidade passa. Já foram centenas de bolsas de pesquisa cortadas, mais de mil funcionários demitidos e congelaram a contratação de professores e funcionários até não sabemos quando.

Esse quadro de crise se liga à punição de Boueri na medida em que a reitoria tenta responder, de maneira insatisfatória, aos anseios do movimento estudantil que exige a resolução da contaminação do solo.

Ao mesmo tempo extrapola a contradição de uma reitoria que suspende o responsável por um grave crime ambiental por apenas 120 dias, ao passo em que criminaliza estudantes e trabalhadores que lutam contra o autoritarismo e por mais democracia na universidade. Esse éo caso de representantes discentes e diretores do DCE que estão sendo processados, e do trabalhador e Diretor do SINTUSP Marcelo “Pablito”, ameaçado de demissão por lutar em defesa de cotas raciais e do ensino público. Os crimes cometidos pelo alto escalão administrativo contra a universidade pública, como nesse caso o crime de improbidade administrativa e movimentação ilegal de terra, são ignorados e abafados pelo poder público. Quando muito, os responsáveis recebem penas brandas como é o caso do ex-diretor da EACH.

Mais absurdo ainda é comparar essas perseguições a estudantes e trabalhadores que lutam em defesa de cotas raciais com o tratamento dado pela reitoria aos estupradores da medicina. Na CPI dos casos de estupro da medicina o Zago chegou a dizer que não podemos "endemonizar" os "meninos" que estão sendo acusados. Ou seja, às diretoras do DCE que levantam a voz contra a reitoria Zago diz que elas devem ter "hombridade" e ainda processam elas ameaçando a sua expulsão. Ao Boueri são apenas 120 dias de suspensão. Trata-se de um absurdo que não podemos aceitar.

Nesse sentido, a decisão de Zago, o reitor do “diálogo”, mostra o quanto ele está longe de ser democrático, como tenta vender no seu discurso. E evidencia o caráter antidemocrático, elitista e racista da Universidade de São Paulo. A reitoria faz isso ao mesmo tempo em que corta bolsas, tenta desvincular o HU para as mãos da fundação faculdade de medicina e abre os braços para a iniciativa privada dentro da USP.

É com o espírito e a gana que tivemos na EACH para impedir com que o curso de obstetrícia acabasse em 2011, para garantir o espaço estudantil que conquistamos semestre passado e com a mobilização dos estudantes, professores e funcionários que conseguiremos reverter a situação. EACH resiste!




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