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CRISE GOVERNO | Temer renova críticas a Dilma Rousseff

Nesta segunda-feira, o vice-presidente Michel Temer se queixou em público de algumas medidas tomadas pelo Governo. Temer fez críticas ao projeto de recriação da CPMF, defendida pelo Governo na semana passada.

terça-feira 1º de setembro de 2015 | 23:30

Imagem: AP

“A sociedade não aplaude a volta repentina de um imposto”, disse Temer, durante um encontro de empresários e executivos em São Paulo, no Fórum da revista Exame.

As reações negativas a um novo tributo em plena recessão já haviam feito com que a presidenta retrocedesse e não apresentasse essa proposta ao Congresso. Sem poder contar com as receitas que viriam dessa cobrança extra, o Governo apresentou nesta segunda-feira a proposta para o orçamento de 2016 admitindo um déficit de cerca de 30 bilhões de reais.

Apesar de todos os cortes orçamentários e medidas provisórias contra os trabalhadores, desempregados e aposentados, é a primeira vez na história brasileira que um governo admite que seu próximo orçamento anual arrecadará menos do que gastará.

Temer admitiu que o déficit era “extremamente preocupante”. Mas reconheceu que era uma maneira de demonstrar transparência. “O orçamento está sendo feito assim [com déficit] para registrar a transparência absoluta das questões orçamentárias. Ou seja, não há maquiagem nas contas”, disse o vice.

Desde que a crise política se instalou no Palácio do Planalto, cada gesto de Temer é interpretado como um passo para distanciar-se do PT. Na semana passada, o vice anunciou que deixaria de ser a interface no Congresso, uma tarefa que assumiu em abril a pedido da presidenta, cansada das derrotas dos projetos apresentados na Casa. Disse, no entanto, que seguiria leal a Rousseff.

Durante a conversa desta segunda-feira com empresários, disse que o Governo trata de fazer o que for possível, e que pode cometer erros. “Acho que quando alguém se engana o melhor é confessar o erro. Uma pessoa não pode enganar-se e dizer que não se enganou”, disse Temer.

Apesar de alegada lealdade, Temer e o PMDB se dispõem a tomar uma distância considerável do PT e buscar articular outras alianças, postulando-se como "fiel da balança" da crise política. Nesta semana, o PMDB exibirá na televisão oito peças publicitárias em que as principais lideranças do partido dirão que o "brasil precisa de mudanças".

"O Brasil é um só, e sempre vai ser maior e mais importante do que qualquer governo", diz em um dos anúncios o vice-presidente Michel Temer, que na semana passada se afastou da função de articulador político do governo com os partidos aliados.

Dificilmente se poderá enxergar nas mensagens "unificadoras" do PMDB alguma mudança que não seja para manter de pé o putrefato regime político dos Sarney, Cunha, Renan Calheiros e os políticos profissionais da burguesia. O que se encontra por trás das mensagens deste partido, excrescência remanescente da ditadura militar, é essa: o PMDB "sempre vai ser maior e mais importante do que qualquer governo".

Este discurso do "diálogo" e de "reunificar a sociedade" é parte da operação pela "governabilidade petista a serviço dos ajustes" (que teve no presidente do Itaú, Roberto Setúbal, o mais novo defensor de Dilma), que se une com a busca do PMDB de creditar-se como o mantenedor do equilíbrio político, de cuja desordem teria muito a perder.

Apesar destas "mensagens cifradas", Temer e o PMDB estão de acordo completo com os ajustes de Dilma e da direita no Congresso. O PT de Lula e Dilma (junto a Renan e sua "Agenda Brasil") e o PSDB da direita tradicional assinam embaixo desta tese, contra os direitos dos trabalhadores, das mulheres e da juventude.

EFE/Esquerda Diário




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