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MRT | V Congresso do MRT debateu como fortalecer a luta pela construção de um partido revolucionário internacionalista

Entre os dias 29/9 e 1/10 o Movimento Revolucionário de Trabalhadores, que impulsiona o Esquerda Diário, realizou seu V Congresso, presencialmente no Sindicato dos Bancários de SP. Foram 120 delegados e participantes, representando militantes que acompanharam online de diversas cidades de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Espírito Santo, Paraíba, Goiás, além do Distrito Federal. Debateu-se os desafios dos revolucionários do MRT e da Fração Trotskista, que esteve presente com delegações do PTS e do Révolution Permanente da França.

segunda-feira 2 de outubro de 2023 | Edição do dia

Foto: Principais porta-vozes do MRT nacionalmente

O Congresso foi presidido por Maíra Machado, coordenadora da subsede da Apeoesp em Santo André, e Marcello Pablito, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP. Foram 3 dias de discussões entre delegades, que eram 55% mulheres, mais de 20% de negros e negras, mais de 15% LGBT e 31% do movimento operário. Os debates se deram de maneira muito viva, com mais de 100 intervenções.

Como presidência honorária do Congresso, foi votada os metroviários, os trabalhadores da CPTM e da Sabesp, que no próximo dia 03 farão uma greve unificada contra as privatizações de Tarcísio, junto aos estudantes da USP em greve. Também foram votados como presidentes honorários os trabalhadores que saem à luta em todo o mundo, em especial os dos EUA que neste momento estão fazendo profundas greves e fundando sindicatos no coração do imperialismo em meio à crise capitalista global. Também foram nomeados pelo plenário como presidentes honorários os povos indígenas, que travam uma luta histórica pelo seu direito à demarcação de terras e autodeterminação, enfrentando os ataques dos capitalistas do agronegócio e de seus políticos, além das mães e familiares que lutam por justiça pelas vítimas do Estado racista sobretudo da polícia que assassina a juventude negra e pobre moradora de favelas. Por fim, o Congresso votou como presidente honorário o grande revolucionário russo Leon Trótski, que deixou enorme legado de continuidade do marxismo revolucionário internacionalmente para todos aqueles que se atrevem contra esse sistema de miséria e opressão.

Foram debates profundos sobre a situação internacional, nacional, balanço e orientação do MRT, além de resoluções, que estão socializadas publicamente aqui.

O Congresso expressou o fortalecimento do MRT do último período. Contou com fortes delegações do movimento operário, onde viemos de importantes avanços, especialmente nos trabalhos de professores, no Sintusp, metroviários de SP e petroleiros, mas contando também com representantes de rodoviários, da saúde, industriais, trabalhadores precários e outras categorias. Expressou ainda uma forte nacionalização do MRT, que é parte do movimento estudantil de diversas universidades espalhadas pelo país, tendo seus trabalhos mais dinâmicos em universidades estaduais como a USP, Unicamp, e UERJ, além de importantes federais como a UFABC, UFRGS, UFMG, UFRN, UFPE, UnB e UFF, mostrando dinamismo da Faísca Revolucionária, o que se expressou na intervenção no 59º Congresso dos Estudantes da UNE em julho deste ano.

A delegação de São Paulo se expressou fortemente no Congresso debatendo como intervir nos processos de luta em curso, tanto na greve estudantil da USP, quanto nas distintas categorias que votaram greves em São Paulo neste 3 de outubro. Aprofundamos a articulação no Congresso para que o MRT atue com peso nacionalmente para que esta seja uma forte jornada de luta, batalhando pela auto-organização e para superar as burocracias sindicais, que são um entrave a um combate decidido contra Tarcisio de Freitas. O governador de São Paulo está declarando guerra aos trabalhadores e ao povo do estado com seu objetivo de privatizar o Metrô, a CPTM e a Sabesp e com a precarização da educação. Debatemos como seguir fortalecendo essa luta a partir dos nossos trabalhos como ala do Sindicato dos Metroviários, como ala do Sintusp, em professores e em especial através da subsede da Apeoesp de Santo André, e com a Faísca Revolucionária no movimento estudantil da USP.

O debate sobre a situação internacional e os desafios da Fração Trotskista pela Quarta Internacional (FT-QI) se deram no primeiro dia, com informes de abertura a cargo de André Barbieri e Vitória Camargo.

Uma síntese do conteúdo dos debates pode ser lido aqui. Contamos com a importante participação de membros de organizações irmãs do MRT, que colaboraram nos debates como parte do nosso internacionalismo revolucionário, através de Claudia Cinatti e Elizabeth Yang do PTS da Argentina, e Lorélia Frejo, do Révolution Permanente da França.

Neste ponto, expressaram também como vem sendo as batalhas que a FT vem dando nestes países. Na Argentina estamos em meio à batalha eleitoral, com Myriam Bregman e Nicolás Del Caño do PTS sendo uma das cinco candidaturas presidenciais, num importante combate contra Javier Milei, Patricia Bulrich, e também contra a candidatura da ala direita do peronismo de Sergio Massa, sendo a única candidatura que chama a romper com o FMI e defende os interesses da classe trabalhadora, dos setores oprimidos e o fim dos ajustes. Foi o que se expressou novamente logo após o Congresso no debate televisivo presidencial onde Myriam Bregman teve uma forte intervenção.

Claudia Cinatti intervindo no Congresso

Lorélia do RP da França expressou os últimos avanços da FT na Europa, onde viemos de realizar acampamentos de verão com quase mil participantes, e com um trabalho muito dinâmico na França em particular, onde o RP está emergindo como organização mais dinâmica da extrema esquerda francesa.

O segundo dia começou com debate sobre a situação nacional, com informes de abertura de Iuri Tonelo e Danilo Paris.

A situação nacional está marcada por uma situação de estabilidade conjuntural, permeada por elementos instabilidade estrutural ligadas às contradições mais profundas do país, que a política de conciliação do governo Lula-Alckmin não tem capacidade de responder, e ao contrário disso, aprofunda essas contradições. O congresso elaborou o conceito de lulismo senil em um regime degradado para expressar que este terceiro governo de Lula não tem a mesma margem econômica e o mesmo cenário político para realizar concessões parciais, assim como também se dá em um regime político ainda mais degradado desde o golpe institucional, com o bonapartismo judiciário cumprindo um papel importante de avanço autoritário no país, assim como também com destaque aos militares, mesmo no contexto de maior isolamento da extrema direita desde o 8J. Na conjuntura há uma atuação pactuada entre executivo e judiciário, que buscam também incluir setores dos militares, com o objetivo de manter a estabilidade do país e relegitimar o regime político. Houve também uma viva discussão que abordou as hipóteses de continuidade de um processo de recomposição subjetiva da classe trabalhadora e do desenvolvimento da experiência de massas com o governo e da luta de classes. As primeiras expressões disso se deram em greves econômicas e agora também se expressam na juventude com os estudantes em greve da USP. Foi colocado como hipótese sobre esse processo de luta estudantil se desenvolver no próximo período também em outras universidades diante da profunda precarização enfrentada no conjunto das instituições públicas de ensino superior. Uma síntese do debate desenvolvido no congresso pode ser lido aqui.

Em seguida foi aberto o debate de balanço e orientação do MRT, com informes de abertura de Diana Assunção e Marcelo Tupinambá.

Foi um ponto com intervenções de dezenas de delegadas e delegados, discutindo os balanços e os principais desafios do MRT.

Além de seguir fortalecendo nossa intervenção na luta de classes, como apontamos acima, debatemos a importância de levar adiante campanhas internacionalistas e políticas nacionais que respondam a questões fundamentais da realidade da classe trabalhadora, da juventude e dos oprimidos. Uma das iniciativas centrais será seguir impulsionando a campanha contra a terceirização e a precarização do trabalho, que viemos organizando ligada a este Manifesto que lançamos junto a mais de mil intelectuais, juristas e referências da esquerda e dos movimentos sociais, que agora queremos alcançar 10 mil assinaturas para fortalecer essa luta.

Também debatemos de dar destaque para a campanha contra a violência policial e as chacinas que atingem principalmente a população negra moradora das favelas, batalhando por justiça para as vítimas da violência do Estado. Foi junto às mães e familiares das vítimas da violência policial que organizamos em comum um ato no Rio de Janeiro com 300 pessoas, como parte da luta para fortalecer uma mobilização independente e batalhando pela hegemonia operária, ou seja, para que os sindicatos e a classe trabalhadora assumam essa bandeira como sua.

Estes desafios que vamos levar adiante são ligados ao nosso objetivo estratégico de lutar pela construção de um partido revolucionário que faça a diferença na luta de classes. Um partido que seja internacionalista, que batalhe pela frente única operária e pela coordenação e auto-organização da classe trabalhadora, junto com às mulheres, negros, indígenas e LGBTs. Um partido que busque superar as experiências à esquerda do PT que fracassaram por apresentarem projetos reformistas, que terminaram se aliando ao PT no governo, ou pelas experiências stalinistas e centristas que não são uma alternativa aos trabalhadores por sua adaptação à conciliação de classes, à burocracia sindical ou ao regime político. Este partido surgirá como fruto de um processo de rupturas e fusões na esquerda e num futuro processo mais amplo de rupturas pela esquerda com o PT. O Congresso debateu essa perspectiva porque é preciso uma alternativa que enfrente este governo de frente ampla e as burocracias sindicais para derrotar todos os ataques dos governos e dos empresários, e também a extrema direita que sobrevive graças à conciliação. É este o caminho, o da luta de classes, para o qual nos preparamos e que pode se colocar através de giros bruscos da situação. É essa via que pode colocar a classe trabalhadora na rota da luta pela revolução operária e socialista, de um socialismo organizado pela base que abra espaço ao comunismo.

Veja mais: V Congresso do MRT aprova resoluções para batalhar por um partido revolucionário que faça a diferença na luta de classes

Votamos seguir fortalecendo o papel do Esquerda Diário, das redes sociais e das iniciativas ideológicas como o semanário teórico Ideias de Esquerda, as Edições Iskra, os podcasts Espectro do Comunismo e o Feminismo e Marxismo, na luta pela conteúdo trotskista da hegemonia operária, pela auto organização, internacionalismo proletário e outros elementos em combate contra a ideologia burguesa e o stalinismo.

Chamamos a todes que se identificam com a perspectiva revolucionária defendida pelo MRT e pela FT a conhecer o conjunto dos debates que fizemos no Congresso e a se somar conosco nesses desafios.




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