sábado 14 de novembro de 2015 | 01:27
A câmara de vereadores de Campinas, que havia se tornado escândalo nacional quando aprovou a moção de protesto contra o MEC pela inclusão de uma questão no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que citou um texto da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir, trouxe a tona recentemente um novo absurdo com a tentativa de uma nova moção para retirar de circulação o filme Meu Corpo, Minhas Regras e parte do filme Olmo e Gaivota.
Vinícius Gratti (PSD) protocolou um documento no qual apela ao Ministério da Cultura, dizendo que o clipe faz apologia aos crimes de aborto e vilipêndio religioso. No entanto, o conteúdo tem a ver com o direito de escolha da mulher em relação ao próprio corpo, a possibilidade de gravidez indesejada e destaca a posição feminina, abordando questões silenciadas da mulher. Segundo a diretora Petra Costa, o filme surgiu para mostrar o que se passa na cabeça da mulher durante os nove meses de gravidez, um tema pouco retratado no cinema.
Essa tentativa de censura representa um pensamento retrógrado da Câmara de Vereadores de Campinas que se soma a “emenda da opressão” que busca impedir o debate e gênero nas escolas. E se dá em um contexto nacional de luta contra o PL 5069/13 de autoria de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e de deputados de diversos partidos, entre eles, o presidente do PT em Rondônia, Padre Ton. Também em um cenário em que está colocada a luta pela legalização do aborto e direito ao corpo, no Rio de Janeiro, no último ato algumas mulheres levaram inclusive seus filhos para dizer que a maternidade deve ser uma escolha, ou seja, meu corpo, minhas regras!
Nenhuma moção parlamentar pode impedir a liberdade artística e a possibilidade de abertura do debate sobre a situação da mulher que um vídeo ou filme proporcionam, sobretudo quando o feminicídio é uma constante e mulheres são assediadas no local de trabalho ou demitidas quando engravidam no país.
