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Carnificina | Armas de Israel que destroem Gaza também matam a juventude negra no Brasil

Em meio ao massacre do povo palestino, a Câmara dos Deputados aprova mais um acordo de cooperação em “segurança” entre Brasil e Israel: É necessário a ruptura de todas as relações comerciais, diplomáticas e técnico-militares do Brasil com Israel que o governo Lula-Alckmin mantém!

sábado 21 de outubro de 2023 | Edição do dia

Os bombardeios de Israel já custaram a vida de mais de 1.524 crianças e mais de 600 ainda estão sob os escombros. Muitos morreram durante o ataque ao hospital de Gaza na última terça-feira (17), no qual um total de 500 palestinos perderam a vida. Para compreender a magnitude do massacre: são 117 crianças assassinadas por dia ou uma criança palestina assassinada a cada 12 minutos. Em meio a essa barbárie contra o povo palestino promovida pela política do Estado terrorista de Israel, a Câmara dos Deputados aprovou um acordo de cooperação em “segurança” entre Brasil e Israel nesta quarta-feira (18).

Segundo o novo acordo, podem ser campos de cooperação: investigação e inteligência policial; segurança no uso da tecnologia da informação e comunicações; práticas de governança em situações de crise e emergência; indústria, tecnologias e serviços aplicados à segurança pública; análises criminais e forenses, entre outras, segundo a Agência Câmara. Ou seja, uma política para aprofundar a repressão do povo negro no Brasil e do povo Palestino na Faixa de Gaza, Cisjordânia e no interior de Israel.

É neste contexto que o militarismo israelense tem se vinculado cada vez mais com as universidades israelenses e brasileiras (estas através das cooperações estabelecidas). Esses chamados centros de excelência cumprem o papel nefasto de serem desenvolvedores da alta tecnologia bélica que é testada contra os palestinos, ao mesmo tempo que fornecem novos produtos de exportação. Essas novas tecnologias - além de servirem para manter o apartheid e a imposição da ocupação israelense com cada vez menos soldados - são também fornecidas para exportação a partir da indústria de segurança de Israel. Inclusive o Brasil se configura entre um dos maiores compradores desses produtos táticos e militares.

A principal empresa de armamentos israelenses é a Elbit Systems Ltda. A Elbit é dona de três empresas de armas brasileiras (AEL, Ares Aeroespacial e a Defesa SA), essas que possuem fábricas no Brasil, sendo responsável pela produção de armamentos, como os 28 veículos blindados guarani APC construídos no Brasil e vendidos para a Filipinas reprimir neste país. São diversas as compras feitas pelo Estado Brasileiro de armamentos desta empresa, de drones a sistemas de inteligência. As relações entre Brasil e Israel têm como um de seus pilares a exportação de armas. Bolsonaro, em 2019, enquanto cumpria seu mandato, realizou uma viagem para Israel, viagem que rendeu em um decreto legislativo aprovado em 2022 que ‘prova o acordo de cooperação na área de defesa assinado entre o Brasil e Israel em 2019’. Esse decreto segue em vigor no governo Lula-Alckmin, mesmo em meio ao massacre do povo palestino que Israel promove.

As relações entre o governo brasileiro e Israel não começaram no mandato de Bolsonaro. Em 2003, no primeiro ano de governo Lula, as forças armadas brasileiras abriram um escritório em Tel Aviv e já em 2010, no último ano do segundo mandato do atual presidente, o governo brasileiro assinou um acordo de cooperação de segurança com Israel no final de novembro de 2010 para facilitar a cooperação e os contratos militares. Essa sequência de ações, que iniciaram a aproximação entre Brasil e Israel durante os governos Lula, mostram uma profunda demagogia do governo, que aprofundava as relações com Israel, ao mesmo tempo sustentava um discurso supostamente democrático em defesa do povo árabe. Devido a esses acordos militares com o Estado sionista, as armas que miram no povo palestino miram também na juventude negra reprimida diariamente pela polícia brasileira.

Com a iminência da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que ocorreram no Brasil respectivamente nos anos de 2014 e 2016, o Brasil buscou cada vez mais as relações com Israel (o muro construído na cidade do Rio de Janeiro, muito similar aos de Gaza, que separava as favelas da Maré, foi realizado com a ISDS no país).

Segundo a ativista palestina Sahar Vardi, em relato ao jornal Brasil de Fato, no ano de 2013, quando a juventude brasileira tomou as ruas do país questionando a precarização dos transportes e demais serviços públicos e colocando todo o regime político em crise, o governo brasileiro investiu 1,13% do PIB para a modernização das Forças Armadas com equipamentos israelenses. A partir desses eventos esportivos, a empresa israelense International Security, Defence Systems (ISDS), com o aval do Ministério de Defesa de Israel, foi encarregada do treinamento do Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro (BOPE) e do Batalhão de Ferguson, responsáveis pelo assassinato de Michael Brown, caso que gerou grande comoção nos Estados Unidos e deu origem ao Black Lives Matter.

No estado de São Paulo, em 2015, durante o governo de Alckmin, o estado adquiriu de Israel 6 blindados no valor de 30 milhões de reais. Os veículos foram recebidos em um evento no qual Alckmin entregou as chaves dos blindados para o secretário de segurança Alexandre de Moraes. Outra dado que chama atenção é o uso das metralhadoras leves “Negev” (armamentos de guerra, de calibre restrito para uso em campo aberto, disparam mais de 700 balas por minuto), compradas pela PM paulista em 2020, ainda sob gestão Doria, mas foram apresentadas como novas aquisições nesta segunda (16); são as armas usadas em apartheid palestino compradas para serem utilizadas nas favelas do Brasil.

Esse histórico de colaboração com a indústria bélica israelense é parte do que explica a política que Lula levou à frente como presidente temporário do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil falou de cessar-fogo, de “paz” e da “defesa das crianças”, e diz isso repudiando quase que em pé de igualdade a ação do Hamas e as ações militares que o exército de Israel leva à frente, bombardeando indiscriminadamente casas de civis, hospitais, escolas e até abrigos de refugiados da ONU, apoiado pelo imperialismo norte-americano e europeu, matando crianças e mulheres palestinas como parte de seu "castigo coletivo" pelas ações do Hamas.

O exército de Israel está bombardeando as crianças e a população palestina, inclusive usando bombas de fósforo branco, atirando mísseis em palestinos que se deslocam pela Faixa de Gaza. Também não compartilhamos a estratégia do Hamas, mas é preciso dizer que nesse cenário a política e o discurso do governo Lula avalizam as atrocidades cometidas por Israel. Além disso, mantém as relações diplomáticas com esse país, bem como segue com a colaboração que aprofunda os meios de repressão do povo palestino e brasileiro.

Por isso é preciso a mais ampla solidariedade internacional com o povo palestino. Abaixo os bombardeios e a intervenção militar israelense legitimados pelo imperialismo americano e europeu! O povo palestino tem o direito de se defender! Palestina livre do rio ao mar! Que o Brasil rompa todas as relações técnico-militares, diplomáticas e comerciais com Israel! Não ao envio de armas para Israel!

Abaixo o Estado sionista de Israel! Por uma Palestina livre, operária e socialista, onde convivam democraticamente palestinos, judeus e todas as etnias presentes no território.

Fontes: Ponte Jornalismo

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