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OPINIÃO | As vertentes do tropicalismo frente ao temor da sociedade

Esse artigo procura analisar as vertentes fundamentais para a origem do tropicalismo, traz também a visão antropofágica das letras tropicalista e promete nos levar a formação do movimento e de seus idealizadores, por fim, mostrar o tropicalismo frente ao temor da sociedade.

Kaique Zacarias PintoGraduando em História - PUCC

terça-feira 5 de janeiro de 2016 | 14:29

A FORMAÇÃO: DE CAETANO AOS MUTANTES

O tropicalismo trouxe consigo a mais rica cultura para história brasileira, não somente pelas suas características de filhos baianos, mas também pela diversificada homogenia. É importante a todo o momento elucidar, que nenhum dos tropicalistas pensou em criar o movimento como Tom Zé diz:

“Ninguém pensou: vamos fazer o tropicalismo, ninguém pensou isso, ninguém disse isso para gente. A gente simplesmente trabalhou em cima da realidade brasileira e aquelas notas escritas na pauta, trabalhos com aquela visão que estava fervendo em nosso cérebro. Ai de repente essa visão começou a disparar olhos para todo lado. (ZÉ, 2012) [1]

Para uma breve e clara compreensão do movimento, podemos utilizar uma breve metáfora. Se o tropicalismo fosse um circo, Tom Zé seria apresentador onde possuí um papel fundamental, mas é apenas a sombra do circo, pelo qual, acaba oculto. Já Caetano e Gil são as atrações principais deste circo, sendo assim, acabam sendo atacados de formas primordiais. É importante lembrar, que um dos principais motivos do tropicalismo não ter ressurgido, foram os boatos da “venda” da vaga de Tom Zé.

“1968 Gil e Caetano vão para Inglaterra, como eu não fui fiquei aqui no Brasil, começaram a inventar fuxicos para Gil e Caetano e eles acreditaram, olhem que patetas, foi então que começaram a espalhar que tinha uma vaga no tropicalismo. Os amigos de Caetano e Gil que tinham dinheiro começaram a ir para Inglaterra e fiquei sabendo que iriam me substituir. (ZÉ, 2007) [2]

Em Outubro de 1999, Claúdio Tognolli jornalista e também professor da ECA/USP diz:

“Tom Zé, eu gostaria que você me explica-se como Caetano e o Gilberto Gil tentaram enterrar você, puxando o bastão de que eles são os únicos herdeiros presuntivos da dita cultura tropical baiana. Tom Zé ficou nervoso, não quis tocar no assunto. (TOGNOLLI, 2007) [3]

Isso ocasionou também uma queda da fama de Tom Zé, porém mais tarde foi totalmente reconstruída.

Além de Tom Zé, Caetano e Gil, não podemos esquecer-nos de todos os outros que estruturaram o movimento. Torquato Neto na área da poesia, Hélio Oiticica e Zé Celso Martins na área das artes, sendo que Hélio dá origem ao nome do movimento após Caetano ver sua exposição nomeada “Tropicalismo”, a mesma que caracteriza tanto a exposição, quanto a música composta por Caetano. Para analisarmos vamos a uma tentativa de Oiticica definir sua obra que daria origem ao nome do movimento:

“Tropicália é um tipo de labirinto fechado, sem caminhos alternativos para a saída. Quando você entra nele não há teto, nos espaços que o espectador circula há elementos táteis. Na medida em que você vai avançando, os sons que você ouve vindos de fora (vozes e todos tipos de som) se revelam como tendo sua origem num receptor de televisão que está colocado ali perto. É extraordinário a percepção das imagens que se tem: quando você se senta numa banqueta, as imagens de televisão chegam como se estivessem sentadas à sua volta. Eu quis, neste penetrável, fazer um exercício de imagens em todas as suas formas: as estruturas geométricas fixas (se parece com uma casa japonesa-mondrianesca), as imagens táteis, a sensação de caminhada em terreno difícil (no chão ha três tipos de coisas: sacos com areia, areia, cascalho e tapetes na parte escura, numa sucessão de uma parte a outra) e a imagem televisiva.(...)”

“Eu criei um tipo de cena tropical, com plantas, areias, cascalhos. O problema da imagem é colocado aqui objetivamente, mas desde que é um problema universal, eu também propus este problema num contexto que é tipicamente nacional, tropical e brasileiro. Eu quis acentuar a nova linguagem com elementos brasileiros, numa tentativa extremamente ambiciosa em criar uma linguagem que poderia ser nossa, característica nossa, na qual poderíamos nos colocar contra uma imagética internacional da pop e pop art, na qual uma boa parte dos nossos artistas tem sucumbido. (OITICICA, 1969)”

Ao analisarmos a letra tropicália, de Caetano Veloso é possível encontrar grandes partes das características apresentadas na exposição:

“O monumento não tem porta/ a entrada é uma rua antiga estreita e torta/ e no joelho uma criança sorridente feia e morta/ estende a mão (...) no pátio interno há uma piscina/ com água azul de amaralina/ coqueiro brisa e fala nordestina e faróis (...) emite acordes dissonantes/ pelos cinco mil alto-falantes/ senhoras e senhores ele põe os olhos grandes sobre mim (...)/ O monumento é bem moderno/ não disse nada do modelo do meu terno/ que tudo mais vá pro inferno meu bem (....)”

Napolitano faz uma analise impressionante dessas duas comparações:

“Enquanto Oiticica esboça um roteiro para a sua obra-ambiência, Caetano hiperdimensiona a amplitude deste roteiro, transformando a própria ideia de Brasil-nação num imenso monumento, ambiência fantasmagórica e fragmentada, onde o espectador-ouvinte tem diante de si um desfile das relíquias arcaicas e modernas do Brasil. Não por acaso, a canção de Caetano começa citando a carta de Pero Vaz de Caminha, em tom de blague, tendo ao fundo o som de uma floresta tropical e de percussão indígena. Ao contrário da proposta da esquerda nacionalista, que atuava no sentido da superação histórica dos nossos males de origem e dos elementos arcaicos da nação (como o subdesenvolvimento sócio-econômico), o Tropicalismo nascia expondo estes elementos de forma ritualizada. A ritualização paródica operada nas obras e discursos dos eventos e personagens que vão convergir em 1968 sob o nome de Tropicalismo, pôde assumir dois significados: por um lado, se afasta da crença da superação histórica dos nossos arcaísmos, provocando no espectador a estranheza diante de todos os discursos nacionalistas. Neste sentido, afirma o Brasil como absurdo, como imagem atemporal, estática e sem saída. (NAPOLITANO, 1998)”

E depois Zé Celso, aparece com o manifesto tropicalista “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade e dando vida dirigindo na revolução do teatro. Glauber Rocha na área cinematográfica com o cinema novo (Terra em Transe). E na música temos Rogério Duprat, maestro fundamental que apresentou toda genialidade da mistura musical ao movimento, trazendo assim, Os Mutantes para compor o grupo. Caetano traz Gal ao grupo, pois era fundamental sua presença para fortalecer toda transfiguração da MPB, sendo assim transcender a Bossa Nova.

ESTRUTURAS DO TROPICALISMO: CONCRETISMO, ANTROPOFAGIA MODERNISTA E POP ART

Até hoje se tem a dúvida, de onde veio tanta genialidade, sem objetivos e sem pautas. Foi um momento marcado por frases como “É proibido, proibir” ou “Seja Marginal, Seja Herói”, o que talvez tenha incentivado o grupo a criar cada vez mais, frases que também naquele momento assustou o público, um período que pensar é crime e a criação de frases de afrontamento, trouxeram conforto ao público e desconforto para Caetano e Gil. Marcos Napolitano, professor de história social na FFLCH/USP, diz algo muito interessante em um artigo:

“Em que pesem as polêmicas geradas inicialmente (e não foram poucas), o Tropicalismo acabou consagrado como ponto de clivagem ou ruptura, em diversos níveis: comportamental, político-ideológico, estético. Ora apresentado como a face brasileira da contracultura, ora apresentado como o ponto de convergência das vanguardas artísticas mais radicais (como a Antropofagia modernista dos anos 20 e a Poesia Concreta dos anos 50, passando pelos procedimentos músicais da Bossa Nova), o Tropicalismo, seus heróis e "eventos fundadores" passaram a ser amados ou odiados com a mesma intensidade. Atualmente, mais amados do que odiados, diga-se. (NAPOLITANO, 1998) [4]

O concretismo muito visível em suas músicas com um banho antropofágico nos trás uma visão ideológica nunca vista, importante ressaltar que a ideologia do movimento tropicalista é totalmente de esquerda e anti-imperialista, por mais que Caetano tenha uma forte influência americana, tanto de filmes quanto musical, porém, era algo que lhe incomodava bastante e ficar longe de todo um lado político era uma de suas principais características.

Enquanto o Art Pop nos traz cartazes com frases como “É Proibido Proibir” ou “Seja Marginal, Seja Herói” com imagens de um traficante famoso naquela época, o Cara-de-Cavalo, que havia sido assassinado violentamente pela polícia, o concretismo e a antropofagia modernista, eram vistos em canções como “Miserere Nóbis” de Gil e Capinam, que mistura o latim com o português, assim como os modernistas fizeram com o “Tupi or not Tupi, is the question”(Antropofagia a Shakespeare: To be or no to be, is the question), de “Bat Macumba” de Gil e Caetano, interpretada pelos Mutantes, a qual possuía uma estética única na mistura das raízes africanas que influenciaram a cultura baiana, sendo letrada em formato de poética concreta. O que mais tarde levaria a prisão de Caetano e Gil, além de todo esse movimento gerenciar toda uma complexidade de letras como, por exemplo: “Você precisa saber da piscina, da margarina, da Carolina, da Gasolina/ Você precisa aprender inglês, precisa aprender o que sei...” [5] Caetano e Gil estavam presos em 68, justamente porque o regime que ali se estabelecia se tornava mais brando e pesado, porém suas canções estavam ali para reeducar o povo e explicar toda aquela tensão que ali acontecia.

Napolitano faz uma observação muito branda do LP manifesto do tropicalismo, ou melhor, conhecido como Tropicália ou Panis et Circensis:

“O LP trazia uma colagem de sons, gêneros e ritmos populares, nacionais e internacionais. Em meio às composições do disco, assinadas por Gil, Caetano, Torquato Neto, Capinam e Tom Zé, com arranjo de Rogério Duprat, pode-se ouvir diversos fragmentos sonoros e citações poéticas, num mosaico cultural saturado de crítica ideológicas: Danúbio Azul, Frank Sinatra, A Internacional, Quero que vá tudo pro inferno, Beatles, ponto de umbanda, hino religioso, sons da cidade, sons da casa, carta de Pero Vaz de Caminha etc. As relíquias do Brasil explodiam sem muita preocupação de coerência sistêmica por parte dos autores. Entre as composições de outros autores, destacam-se duas: As três caravelas, versão ufanista de João de Barro para uma rumba cubana que deslocada de seu contexto, soa ambígua: ora como uma paródia ao nacionalismo ufanista, ora como alusão difusa a um latino-americanismo libertário; Coração materno, opereta grotesca de Vicente Celestino que na voz de Caetano oscila entre a blague dadaísta (ao se utilizar de uma música desvalorizada pelo gosto vigente na MPB, justamente para problematizá-la) e a nostalgia da redundância (na medida em que traz à tona o material musical cultural recalcado pela linha evolutiva, mas parte formativa de uma sensibilidade musical arcaica). O disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circensis serviu como ponto de convergência para o grupo baiano, e selou as afinidades com a vanguarda paulista do grupo Música Nova, grupo composto por maestros e compositores paulistas, um de seus destaques é o maestro Rogério Duprat. (NAPOLITANO, 1998)

ALEGRIA, ALEGRIA: DOS FESTIVAIS AS VAIAS.

Os festivais foram essenciais para a propagação do tropicalismo no Brasil, um dos mais importantes foi o III Festival de Música Brasileira, levando em conta que Caetano e Gil ficam no pódio de classificação significativa com Alegria, Alegria e Domingo no Parque, sendo duas músicas já estruturadas com as características tropicalistas. Alegria, Alegria era a homogeneidade da música popular brasileira com a vanguarda, sendo orquestrada por Rogerio Duprat, era levada ao acompanhamento de som dos The Beat Boys, banda argentina, enquanto, Domingo no Parque misturava capoeira com Rock, trazendo um efeito Pop pelo qual Gil caracterizava como “som universal”, sendo responsável pela inserção de Os Mutantes no movimento tropicalista, sugerido pelo próprio Rogerio Duprat.

Em um artigo para a Revista de Civilização Brasileira em 1968. Sidney Miller nos leva ao conhecimento para entender a “universalismo da MPB”, vejamos:

“Universalização [da música popular brasileira] responde a um processo de estagnação do mercado interno (novas demandas não estendidas) e a um `mecanismo empresarial’ que reflete uma iniciativa internacional no sentido da universalização do gosto popular (...) Não se pode querer ser universal quando o universo tem dono. Comercialmente interessa mais não distribuir uma linguagem nacional, esquisita e apimentada, do que uma linguagem vulgar, por ser mais técnica e menos filiada a essa cultura específica, poderia ameaçar o produto original do país distribuidor, via de regra, tecnicamente mais perfeito e culturalmente gasto. (MILLER, 1968, pp 207-221) [6]

Guilherme Araújo empresário do grupo via uma necessidade enorme das ideias serem apresentadas para mídia, uma vez que acreditava que a televisão era o maior objeto de propagação, isso fez com que Caetano tomasse cuidado para não desviar do caminho ideológico para o caminho comercial. Gil explica em 67 para o Jornal Folha de São Paulo, o que é a representatividade da música pop gerada pelo tropicalismo:

“Música pop é a música que consegue se comunicar - dizer o que tem a dizer - de maneira tão simples como um cartaz de rua, um outdoor, um sinal de trânsito, uma história em quadrinhos. É como se o autor estivesse procurando vender um produto ou fazendo uma reportagem com textos e fotos. (GIL, 1967) [7]

Recentemente lançado o documentário “Uma noite em 67” nos trás a revelação que os festivais eram credenciados e de certa forma pagos ao público para conceder vais aos artistas. Porém, o mais imprescindível acontece, a música tanto de Caetano, quanto a de Gil, ao se alongar, acaba levando o público a uma aceitação de realidade. No IV Festival de Música Brasileira novamente o tropicalismo aparece, sendo as músicas, São São Paulo de Tom Zé, 2001 ou nomeada primeiramente de “Astronauta libertado” por Tom Zé, que depois concedida para Os Mutantes e em terceiro lugar Divino Maravilhoso de Gal Costa, música composta por Caetano Veloso com estruturas mais agressivas, diferente da Bossa que era levada por Gal antes de se inserir no movimento. No documentário "Uma noite em 67", Caetano e Gil nos falam dois pontos essenciais, primeiro o de Caetano:

“Em termos de avanço musical, o Gil estava muito a minha frente, porém eu apreciava mais a Vanguarda, do que os Beatles. (VELOSO, 2010) [8]

Logo em seguida Gil diz:

“Eu tinha e continuo tendo essa visão ampla da música, de certa forma eu via a miséria que atacava o nordeste naquela ditadura. Já se tinha uma vontade de misturar o mamão com o abacateiro, na minha visão eram Os Beatles e Luiz Gonzaga, Rolling Stones e Jorge Ben, Banda Pífanos de Caruaru e Jefferson Airplane. Era uma ideia que já tinha surgido já se existia a ideia de misturar plantas para criar novas plantas. (GIL, 2010)”

É imprescindível não pautar a discussão realizada na FAU/USP, onde houve protesto do público contra o movimento, o qual se inicia uma prevalência de desconhecimento do que está acontecendo na música naquele momento, levando ao apontamento do tropicalismo ser uma americanização da música, assim ocasionando uma discordância de troca de propostas, que era o objetivo, sendo diversas vezes deixando ser um momento questionamentos e ao não ser respondido da forma que os jovens queriam, com raiva por não serem respondidos como queriam, os jovens estouravam bombas no fundo da sala, fortalecendo assim uma grande desordem.

Um ano após vangloria dos III Festival, onde Caetano e Gil se superam. No III Festival Internacional Caetano, Gil e Os Mutantes são recepcionados por vaias calorosas do público, sendo assim, continuaram a tocar e não se intimidaram Gil foi atacado por um pedaço de madeira, mas mesmo assim continuou, Caetano chegou a comer um tomate que lhe foi tacado e devolveu a plateia.

Mais tarde, seria a vez da televisão trazer o tropicalismo ao público, assim como já era feito com a jovem guarda e programas como o do Roberto Carlos. O programa “Divino Maravilhoso” trazia ao público o que era o tropicalismo, Sérgio Dias trás uma mensagem muito interessante no documentário Tropicália.

“Qual era a mensagem que queríamos passar? Sejam livres! Isso era toda um ato subversivo para época. (DIAS, 2012)”

Dois meses após o III Festival de Música Internacional, Caetano e Gil já estavam presos, o tropicalismo se abafava e junto com a prisão chegava o peso maior AI-5, mostrando onde tinham se metido. Gil diz algo muito interessante:

“Eu morria de medo, estava morrendo de medo de cantar em um concurso e mexer com provas, questões polemicas e complicadas e me condenando a fazer aquilo e tal, era uma provação. (GIL, 2010)”

Depois se prossegue e diz sobre sua prisão em 69, junto com Caetano:

“Eu me lembro de apenas de uma agonia e até um pouco maior, no dia em que fui preso, era esse tipo de dimensão, eu tinha pavor. Mas depois vi a compensação, ver o que tudo foi feito e saber que tivemos reconhecimento. (GIL, 2010)”

No Making Off do documentário Tropicália, temos uma fala muito bonita de Gil ao olhar dele vendo a entrevista que ele e Caetano deram em Portugal, já no exilio:

“Nessas imagens é interessante, Caetano e eu estamos com os olhos vivos, pulando. Era como se aparecesse um sinal de alivio, o sinal que tínhamos saído do inferno. (GIL, 2012)”

Em 69, o movimento tropicalista já não existe como movimento, assim declara Caetano, em uma entrevista em um canal de televisão português. Utilizamos a fala de Tom Zé para uma afirmação, "eles não estavam aqui, mas as músicas estavam por ai", não se existe o movimento, mas o manifesto continua vivo.

FIM OU TROPICALEA JACTE EST?

Para concluirmos, vamos estabelecer algumas questões para entendimento e analise:

  •  O que trouxesse o amor e o ódio às pessoas frente ao tropicalismo?
  •  O que teria sido, se não tivessem sido barrados ou exilados? Será que o público entraria de acordo com aceitação?
  •  Quem mantem hoje, o tropicalismo a luz de velas?
  •  Será que algo sustenta a ideia de um neo-tropicalismo ou um pós-tropicalismo que nunca aconteceu?

    Neste ponto do amor e ódio, podemos justificar com o seguinte argumento. Era-se tempo de repressão, pensar era crime, era subversivo. Acredito que o medo de uma quebra de cultura padronizada. É importante esclarecer, que desde o principio o tropicalismo é adorado, por outro momento é pouco menos adorado e após toda repressão e a volta de Caetano e Gil, a música passa a ser adorada novamente. Acredito que esse incentivo de adoração fez com que Caetano e Gil continuassem.

    Hoje em tempos atuais, vemos claramente que volta a ser enaltecido, por mais que a música politica, seja menos adorada quanto a música comercial, Tom Zé volta aos palcos com a mesma estrutura de ser a sombra, ou talvez, a última luz de vida do tropicalismo. Caetano e Gil, se mantem totalmente da música comercial. Rita se aposentou. Os Mutantes solidificam uma formação clara de contemporaneidade e deixar vivo o tropicalismo ao conectar-se com Tom Zé, a partir do momento que entrelaçam álbuns, Tom Zé compõe “Esquerda, Grana e Direita” e mais tarde “Querida Querida” é construída por Tom e Sérgio Dias. Seria uma tentativa de volta? Se eu dissesse que sim, acordaria com um telefone de reclamações dos distintos lados. Não, o tropicalismo foi velado. Mas só o tempo nos dirá se teremos ou não, um pós ou um neo-tropicalismo. A partir do momento que o mesmo propaga este desejo.

    Notas:
    [1] Tropicalia. Direção: Marcelo Machado. Produção: Fernando Meirelles.
    Roteiro: Marcelo Machado, Di Moretti, 2012. CVD (87min).

    [2] Fabricando Tom Zé. Direção: Décio Matos Júnior. Roteiro: Décio Matos Júnior, 2007. CDV (1h30min).

    [3] Idem

    [4] NAPOLITANO, Marcos; VILLACA, Mariana Martins. Tropicalismo: As Relíquias do Brasil em Debate.
    Rev. bras. Hist., São Paulo , v. 18, n. 35, p. 53-75, 1998 . Available from
    <http://www.scielo.br/scielo.php?scr...> .
    access on 01 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01881998000100003.

    [5] BABY – Interpetado por Gal Costa (1968) e composta por Caetano Veloso.

    [6] MILLER, S. "O universalismo e a MPB". In Revista de Civilização Brasileira, vol. 04, nº 21/22, set/dez.1968, pp. 207-221.

    [7] Folha S. Paulo, 1967.

    [8] Uma noite em 67. Direção: Renato Terra, Ricardo Calil. Roteiro: Jordana Berg, Beth Accioly, 2007. CDV (1h33min).


    [1Tropicalia. Direção: Marcelo Machado. Produção: Fernando Meirelles.
    Roteiro: Marcelo Machado, Di Moretti, 2012. CVD (87min).

    [2Fabricando Tom Zé. Direção: Décio Matos Júnior. Roteiro: Décio Matos Júnior, 2007. CDV (1h30min).

    [3Idem

    [4NAPOLITANO, Marcos; VILLACA, Mariana Martins. Tropicalismo: As Relíquias do Brasil em Debate.
    Rev. bras. Hist., São Paulo , v. 18, n. 35, p. 53-75, 1998 . Available from
    <http://www.scielo.br/scielo.php?scr...> .
    access on 01 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01881998000100003.

    [5BABY – Interpetado por Gal Costa (1968) e composta por Caetano Veloso.

    [6MILLER, S. "O universalismo e a MPB". In Revista de Civilização Brasileira, vol. 04, nº 21/22, set/dez.1968, pp. 207-221.

    [7Folha S. Paulo, 1967.

    [8Uma noite em 67. Direção: Renato Terra, Ricardo Calil. Roteiro: Jordana Berg, Beth Accioly, 2007. CDV (1h33min).



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