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Eleições 2022 | Com 55% dos votos, o bolsonarista e ultrarreacionário Tarcísio venceu as eleições em São Paulo

Com Tarcísio, o palácio dos Bandeirantes será um ponto de aglutinação da extrema direita bolsonarista.

domingo 30 de outubro de 2022 | Edição do dia

Apesar de todos os escândalos na reta final das eleições, do atentado da bolsonarista de Carla Zambelli contra um homem negro e da farsa da tentativa de atentado contra Tarcísio em Paraisópolis, cujas mortes ainda estão sendo apuradas, este venceu, se apoiando no que existe de mais atrasado e reacionário da política paulista. Tarcísio teve 55,34% dos votos contra 44,66% dos votos de Fernando Haddad do PT.

Durante a campanha, Tarcísio fez os maiores contorcionismos para defender o governo Bolsonaro na questão da pandemia. Mentiu ao afirmar que Bolsonaro não foi anti-vacina e ao afirmar que Bolsonaro não fez chacota das vítimas de covid. E pior, avalizou como ministro cada um dos crimes deste governo na condução da pandemia.

Como a maioria dos políticos do Republicanos, Tarcísio tenta se mascarar com um discurso modernizante, mas é difícil esconder que ele representa a continuidade com o que existe de mais conservador e reacionário na política brasileira e paulista. O discurso pautado em obras e segurança pública é um velho conhecido e tem raízes profundas na política paulista. É o ressurgimento do malufismo, com o mesmo discurso do rouba, mas faz e do bandido bom é bandido morto. Mas Tarcísio não conta com o mesmo apoio das estruturas de poder enraizadas nas cúpulas das polícias paulistas, como contava Paulo Maluf. Ou seja, é um malufismo fraco e pode ter muita dificuldade para estabilizar seu governo e conseguir o apoio da cúpula da PM, ligada às estruturas de poder tradicionais no estado.

Falando em seu partido Republicanos, lembremos que é um partido fundado por lideranças fanáticas e bispos da Igreja Universal do Reino de Deus e que já abrigou e abriga nomes desprezíveis como o vice-presidente “General Mourão”, defensor ferrenho da Ditadura militar, Flávio e Carlos Bolsonaro, Celso Russomanno, Marcelo Crivella, Edir Macedo e Marcos Feliciano e Douglas Garcia, conhecido por perseguir e assediar professores. Esses nomes já dão uma boa noção do que defende o Republicanos e consequentemente seus integrantes, como Tarcísio de Freitas, mas não custa ressaltar seu machismo e racismo, além da defesa intransigente das reformas e ataques ultra neoliberais, como fez questão de dizer diversas vezes nos debates com a defesa da privatização da Sabesp, entre outras estatais.

Como se não bastasse, o capitão reformado é mais um desses reacionários do exército, que se orgulham de terem atuado na missão da ONU no Haiti durante os governos do PT, que para os haitianos não significou nada além de violência, opressão e exploração. Foi bastante presente na campanha eleitoral deste capitão reformado do exército sua experiência nas tropas brasileiras que ocuparam o Haiti, numa missão ordenada pela violência imperialista. É com essa visão que Tarcísio quer agora governar São Paulo e chefiar uma das polícias mais assassinas do mundo. Não à toa, disse em uma de suas propagandas eleitoral que “a experiência de enfrentamento no Haiti, de certa forma, nos ajuda a se colocar na situação do policial que está na rua todos os dias enfrentando a criminalidade”.

Dado isso, e os recentes escândalos em torno do criminoso e falso atentado de Paraisópolis, confirmam seu alinhamento político e ideológico completo com Bolsonaro e o bolsonarismo. Nunca escondeu seu padrinho político e protagonizou inúmeros discursos e falas que mostram seu fundamentalismo religioso, sua aversão ao que chamam de “ideologia de gênero” para se referir ao seu machismo e LGBTfobia. No início de sua campanha, em uma igreja evangélica pediu “que Deus livre o país da ideologia de gênero”, por consequência é contra o ensino sexual nas escolas, numa realidade onde vemos dezenas de milhares de mulheres e crianças estupradas todos os anos, e em que grande parte dos abusos ocorrem contra meninas de até 14 anos e mulheres negras. Negou publicamente em debate no primeiro turno a existência do racismo no Brasil e se posicionou contra as cotas raciais, por óbvio é o representante da linha dura da guerra às drogas que assassina principalmente a juventude negra e pobre.

O governo Tarcísio de Freitas em São Paulo será indiscutivelmente um governo de privatizações e ataques à vida dos trabalhadores e juventude, contratos com as grandes empreiteiras e uma base forte bolsonaristas.

Agora está urgentemente colocada a necessidade de nos organizarmos para enfrentar Bolsonaro, o bolsonarismo - representado em figuras reacionárias como essa de Tarcísio de Freitas. São Paulo abriga os maiores sindicatos do país, estratégicos para organizar a luta contra a extrema-direita. Para isso, é preciso que a CUT e a CTB organize desde às bases um plano de lutas, para que os trabalhadores e trabalhadoras possam entrar em cena, colocando em primeiro plano seus métodos de luta como greve, paralisação, aliados às mulheres, negros, indígenas, LGBT para enfrentar na luta de classes o chorume do bolsonarismo, agora encarnado na figura de Tarcísio.




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