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GOVERNO BRASIL | Cunha anuncia retomada de relações ’institucionais’ com Dilma

A presidente Dilma Rousseff afirmou ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deseja estabelecer um "canal direto", sem intermediários, com o parlamentar.

quarta-feira 2 de setembro de 2015 | 00:00

Nesta terça, a convite da presidente, Cunha foi recebido por Dilma em audiência no Palácio do Planalto, horas depois de chegar de Nova York, onde participou de um evento de líderes de parlamentos na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).

Foi o primeiro encontro dos dois desde que Eduardo Cunha rompeu com o Palácio do Planalto, em 17 de julho, acusando-o de patrocinar seu envolvimento no esquema da Lava Jato, quando Cunha foi acusado pelo lobista Júlio Camargo de ter recebido US$5 milhões em propina.

Apesar do encontro, Cunha não volta à condição de aliado (e continuará defendendo a saída do PMDB da Esplanada). Por ora, apenas retoma o diálogo com a presidente da República. "Não quer dizer que voltei atrás no meu rompimento político," disse o presidente da Câmara.

A ruptura custou ao governo nos últimos dois meses diversas derrotas em votações na Câmara, muitas delas com forte potencial de onerar o anêmico caixa da União em meio à desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto).

Cunha afirmou que a presidente Dilma Rousseff manifestou a ele “preocupação” com a tramitação de projetos de lei que podem gerar despesas e aumentar o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto para o Orçamento de 2016.

Ao mesmo tempo, o rompimento também foi responsável por um desgaste na imagem do presidente da Casa, criticado por viabilizar propostas que prejudicariam a economia do país e, com isso, passando a imagem de que agia por vingança, sem dimensionar as consequências.

Acuado pelo envolvimento na Lava Jato e isolado pelas principais figuras do PMDB, que desde a declaração de "unidade nacional" do vice Michel Temer e a proposta da Agenda Brasil por Renan Calheiros se uniram ao governo pela "estabilidade para aplicar os ajustes", Cunha dá indícios de diminuir o volume da oposição a Dilma sem abandonar o protagonismo político que ganhou na Câmara.

O presidente da Câmara relatou ainda ter afirmado a Dilma que o problema da queda da arrecadação é a falta de confiança dos investidores na economia brasileira.

“Nosso maior problema é que arrecadação cresceu menos. E isso, eu disse a ela, é por causa da perda da confiança na economia como um todo, seja do investidor, seja do consumidor.”

Pelas próprias palavras de Cunha, o encontro com a presidente demonstra que a relação "institucional" está mantida. Esta relação "institucional", que certamente não caminhará senda harmônica depois do envolvimento de Cunha nas investigações da Petrobrás, está a serviço do grande acordo dos partidos do regime, incluído o PT, PMDB e PSDB, para aplicar os ajustes. Esta é a mensagem que o PMDB quer veicular na televisão, colocando a "verdade" (ou seja, as necessidades dos grandes bancos como Itaú e Bradesco, e das federações industriais como FIESP e FIRJAN) acima de qualquer governo.




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