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Salton, Aurora e Garibaldi | É preciso expropriar as vinícolas escravocratas e colocá-las sob controle dos trabalhadores

Na última semana, fomos aterrorizados com a noticia de mais de 200 trabalhadores terceirizados estavam sendo mantidos em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves (RS). Esse caso representa até onde a burguesia pode ir para manter sua taxa de lucro nas alturas, por isso, não podemos dar um passo para trás e devemos resgatar os métodos históricos de luta dos trabalhadores e batalharmos pela total expropriação dessas empresas herdeiras de todo legado escravista da burguesia brasileira.

terça-feira 28 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Esses trabalhadores, que vieram em sua maioria da Bahia, chegam no estado à procura de oportunidades de trabalho. Com a promessa de receberem R$ 3 mil, mais auxílios de custos e alojamento, migraram para outro estado. Contudo, o que receberam foram péssimas condições de trabalho, longas jornadas de trabalho, comida estragada e agressões físicas e psicológicas. Além disso, denúncias apontam que receberam ameaças de morte vindas de policiais. Um verdadeiro absurdo e que mostra o papel nefasto e racista dessa instituição que tem que acabar.

A jornada de trabalho, que consistia das 05hs até às 20hs, com folga apenas aos sábados, eram usufruídos por três empresas que contrataram a terceirizada Oliveira & Santana. Trata-se das vinícolas Aurora, Salton e a Cooperativa Garibaldi. Alojadas na região da Serra Gaúcha, essas empresas são responsáveis pela produção de 90% da produção de vinho nacional. Na prática, garantem seus lucros milionários através do trabalho terceirizado, ou como chamamos “a escravização moderna” que, nesse caso, se coloca mais ao pé da letra do que nunca.

A reforma trabalhista do golpista Temer, junto da terceirização irrestrita, abriu espaço para estas empresas super explorarem a força de trabalho. Essa mesma lei, que aprofunda a uberização do trabalho, abre brechas e normaliza casos de trabalho análogo a escravidão, que é permeada pelas faces das camadas historicamente mais exploradas na história do capitalismo no país, como em pesquisa de 2022, 84% dos trabalhadores resgatados de trabalho análogo à escravidão são negros.

A prática de procurarem trabalho de migrantes para aumentar os lucros não é uma prática isolada no RS, como vimos recentemente com a greve de Trabalhadores da REFAP (Refinaria Alberto Pasqualini), em Canoas (RS), em que se constava que a maior parte dos trabalhadores também eram negros e migrantes (maior parte também vindo da Bahia), com pagamentos atrasados e rebaixados. Com a sua luta, suas reivindicações foram conquistadas e é com essa mesma força que devemos lutar contra essa prática que advém de um dos períodos mais bárbaros da humanidade.

Portanto, não podemos ser levianos, essas práticas devem ser combatidas com a força da classe trabalhadora e seus métodos históricos. Por isso, não podemos aceitar negociações e apenas multas para práticas que desumanizam os trabalhadores, como vem sendo proposto por parlamentares na ALRS. Não podemos naturalizar crimes como esses. As empresas Salton, Aurora e a cooperativa Garibaldi, que lucram quantias milionárias há anos, têm que ser responsabilizadas.
O dono da terceirizada foi preso, mas solto frente ao pagamento de fiança de quase R$40 mil reais. Uma condição leviana perante tamanha violência e que demonstra em qual lado da balança pende a ordem das instituições burguesas, como a Justiça.

Por isso, acreditamos que a única resposta que leve até o final essa luta contra esta exploração é a expropriação dessas empresas, colocando-as sob controle dos trabalhadores, aqueles que colocam de pé tudo que é produzido. Isso só pode ocorrer com uma grande mobilização da classe trabalhadora, unindo empregados e desempregados, efetivos e terceirizados, estudantes e juventude, para fazerem frente contra ao trabalho escravo e precário. Os trabalhadores da REFAP, mostram que apenas a mobilização é a resposta contra os ataques da patronal, e a única forma de conquistar direitos. Para isso, as centrais sindicais, como a CUT (PT) e a CTB (PCdoB), precisam romper a paralisia e organizar essa luta, inclusive como parte de uma grande batalha pela revogação da reforma trabalhista e de todos ataques que colocam o lucro dos capitalistas acima da vida dos trabalhadores. Confiando nas nossas próprias forças podemos fazer justiça por todos trabalhadores colocados em situação análoga à escravidão e enterrar de vez o legado escravista herdado pelos patrões mundo à fora.

Imagem: Portal Leouve




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