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REPÚDIO E RESISTÊNCIA | Estudantes ocupam o IFCH em combate ao racismo

Como resposta às pixações racistas e fascistas que apareceram no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, a chapa “Sobre Jandiras e Simones” que compõe a Gestão do Centro Acadêmico de Ciências Humanas, junto ao Núcleo de Consciência Negra da Unicamp, construiu um grande dia de Combate ao Racismo, que teve expressões importantes do movimento negro e contou com diversas atividades, feijoada, roda de Capoeira, Oficina de Turbante, Grafite, e no final uma importante mesa que discutiu o repúdio às pixações que ocorreram e as formas de resistência e luta contra o racismo, sobretudo nas universidades, como USP e UNICAMP que ainda não têm cotas.

sexta-feira 8 de abril de 2016 | Edição do dia

Várias pixações de cunho opressor já foram vistas pela universidade, nos últimos tempos pixações transfóbicas e racistas tomaram a cena pela quantidade e ódio expresso nas palavras. “White Power”, e símbolos da Ku Klux Klan foram escritas nas paredes do IFCH, e em resposta o Núcleo de Consciência Negra chamou um forte ato dia 21 de março, que exigiu da reitoria um pronunciamento sobre os casos e a formação de uma comissão permanente de combate ao racismo.

Como forma de fortalecer à resistência e luta contra essas manifestações racistas, o Dia de combate ao Racismo foi construído no IFCH, e logo depois de divulgado o evento, dizeres como “Aki não é senzala, tirem os pretos da Unicamp já” foram expressas nas paredes, mas os estudantes revidaram e expressaram que na Unicamp e em especial no IFCH é lugar de preto sim! E a cultura negra vai ter espaço em todos os lugares, nas paredes, auditórios e salas de aula, vamos bradar pela dignidade, pelo direito à vida, educação e pelo fim do racismo que na UNICAMP se expressa de diversas formas, desde o acesso à universidade, com a não política de cotas raciais, e a precarização da permanência estudantil que impede que aqueles que furam as barreiras do vestibular consigam permanecer na universidade, ao silêncio da reitoria sobre os casos de racismo que ocorrem aqui dentro. Não vamos aceitar que a reitoria se cale frente ao racismo e a precarização das nossas vidas e chegou a hora de arrancar de vez nosso direito à universidade!

Mas pra isso é imediata a construção de um novo movimento estudantil que não seja rotineiro e adaptado, que se coloque em combate à estrutura de poder elitista e excludente da universidade, e tenha a tarefa de subvertê-la. A luta contra as manifestações racistas, por cotas raciais, pelo fim do vestibular, por permanência estudantil de qualidade, pela implementação de fato da Lei 10.639, que coloca a necessidade de se discutir e estudar a história e cultura africana, pelo fim da terceirização na universidade, que é a porta de entrada onde os negros mais adentram, deve ser a pauta do dia, de todos os nossos dias. No Brasil, onde a pobreza e os espaços de privilégio são traçados pela escravidão e pela casa grande, não há como discutir as relações de poder que se estabelecem em diversos espaços, e também nas universidades, sem ter as relações raciais como fundamental.

A juventude negra carrega consigo a experiência da opressão, da exclusão e do ódio, e um movimento estudantil que passa por fora das questões mais cotidianas das relações raciais não servirá para combater as estruturas de poder que nos coloca como explorados e oprimidos, contra a miséria de nossas vidas e contra a universidade de classes! É levando a frente as pautas colocadas pelos setores oprimidos e se ligando profundamente aos trabalhadores, que são negros em sua maioria, é que o movimento estudantil pode ser capaz de transformar radicalmente a produção de conhecimento da universidade e seu caráter de classe.




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