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Palestina | Final de ano na palestina é marcado por avanço de tropas e escalada no massacre

Com o avanço de Israel sobre Gaza e a Cisjordânia, já são mais de 19 mil mortos e 85% da população palestina deslocada de suas casas. Desde o breve cessar fogo de no final de novembro, o Estado de Israel aproveita o final de ano para avançar na limpeza étnica contra os palestinos. Além dos bombardeios de norte a sul, Israel pratica tortura e usa da fome como arma.

quarta-feira 20 de dezembro de 2023 | Edição do dia

Desde o final de novembro, quando houve um cessar fogo, ocorre uma escalada no massacre de palestinos por Israel. A esta altura, todos em Gaza tem algum amigo ou familiar que foi assassinado ou ferido pelo exército de Israel. Em torno de 20 mil pessoas palestinas já morreram, com mais de 50 mil feridos, o que significa um a cada trinta palestinos. Até o dia 14/12 já foram contabilizadas mais de 7.870 crianças mortas.

Neste mês, cenas que mostram essa escalada circularam nas redes escancarando o terror e a brutalidade do exército de Israel em sua missão de limpeza étnica. Entre elas estão imagens de crianças mortas, jornalistas feridos e famílias inteiras destruídas. Torturas a céu aberto, com o exército escoltando civis vendados e seminus e os ameaçando com seus fuzis. Casos de estupros e violência contra mulheres palestinas também são denunciados. Essas barbaridades não estão limitadas somente a Gaza, ocorrendo também na Cisjordânia e em Jerusalém.

Bombardeios noturnos também ocorrem frequentemente, com dezenas de mortos e feridos durante as noites. Na Cisjordânia, ataques cada vez mais duros ocorrem com incursões a aldeias, cidades e campos de refugiados. Em algumas ocasiões, ações coordenadas do exército com colonos israelitas, levando a frente pogroms contra a população palestina, atacando suas casas e veículos, quebrando estradas, prendendo e assassinando os habitantes.

Israel afirma que esse genocídio ocorre como subproduto inevitável de uma “guerra justa” contra o que chama de terroristas do Hamas. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, afirmou no dia 9 de dezembro que iria “continuar essa guerra justa” para eliminar o Hamas. No entanto, o que está acontecendo em Gaza não é uma guerra entre o Hamas e Israel, como a maior parte da imprensa ocidental e imperialista quer que acreditemos. É, na verdade, um castigo coletivo, um massacre contra o povo palestino, que tem como objetivo final a subjugação de um povo, o deslocamento forçado e a destruição do povo palestino em todos os territórios ocupados por Israel, o que ocorre com apoio do imperialismo estadunidense.

Historicamente, e desde o início do avanço mais recente de Israel contra os palestinos, os Estados Unidos são seus maiores aliados, tendo responsabilidade direta nos milhares de assassinatos de palestinos. Frente a essa escalada nos bombardeios, Biden chegou a dar uma declaração no dia 12 de dezembro sugerindo impor mais condições ao apoio ao Estado de Israel. O presidente dos Estados Unidos afirmou que Israel está começando a perder apoio global devido a seus “bombardeios indiscriminados” contra Gaza. Sua vice, Kamala Harris, também esboçou críticas ao citar as mortes de civis.

No entanto, o imperialismo recentemente redobrou seu apoio, com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressando sua inequívoca aprovação pela guerra indefinida de Israel contra Gaza. “Queremos assegurar que Israel tenha o que necessita para se defender contra o Hamas” disse o secretário à ABC News. No mesmo dia, ele disse ainda à CNN que será Israel, não os EUA, quem decidirá quando colocar fim à guerra, contradizendo o discurso demagógico e frágil de Biden e de sua vice. Estas declarações ocorreram um dia após o próprio governo aprovar no Congresso a ajuda militar a Israel, ordenando a venda de mais de 14.000 cartuchos para tanques de alto poder explosivo. Esses exemplos escancaram a distância entre a retórica do presidente Biden das ações do Estado norte-americano.

Nesse marco, as falas demagógicas de Biden e suas ações não ocorrem sem motivos. Desde outubro, milhões de pessoas estão saindo em manifestações pelas ruas de todo o mundo demonstrando solidariedade e exigindo o fim do massacre ao povo palestino. Nos Estados Unidos isso também ocorre, com um repúdio de grande parte da população, sobretudo árabe, incluindo grande parte da base eleitoral de Biden, à Israel e ao apoio estadunidense. Uma pesquisa do New York Times/Siena College divulgada nessa terça-feira, evidenciou o crescimento do sentimento pró-Palestina, sendo os jovens o setor com maiores apoiadores à causa palestina com 46% dos entrevistados na faixa etária de 18 a 30 anos pró-Palestina contra 27% pró-Israel.

Em resposta a isso, o presidente atua em uma linha tênue entre a sua retórica e suas ações. Por um lados seus conselhos a Israel, pensando nas eleições em 2024 e num provável desgaste causado por sua postura frente à questão palestina. Por outro, na prática, o presidente continua a apoiar o massacre. Suas pequenas críticas a Netanyahu e seu discurso de preocupação com os civis ocorrem entre fortes declarações de apoio total a Israel. "Não faremos absolutamente nada além de proteger Israel no processo. Nem uma coisa", disse o presidente.

Os EUA têm um interesse histórico e estratégico na Palestina, e garantir o domínio militar de seu aliado mais próximo no Oriente Médio é o principal objetivo do governo. Assim, considerando essa possibilidade da ofensiva ter que ser freada no ano eleitoral, Israel, com o apoio material dos Estados Unidos, parece responder com aumento da ofensiva em dezembro, o máximo possível antes do ano eleitoral, massacrando o povo palestino neste final do ano. A última coisa que Biden quer é chegar às eleições gerais com um conflito em Gaza, e isso sugere o motivo de mudança de sua retórica... Isso, conjugado a outros fatores, explica o posicionamento de Biden e a escalada de violência e dos ataques de Israel contra os palestinos neste mês.

Tudo isto mostra que os objetivos do imperialismo e da verdadeira autodeterminação são diametralmente opostos. Uma solução justa para a ocupação da Palestina é impossível sem a participação da classe trabalhadora regional e internacional, independente de organizações como o Hamas, que atrelou regimes repressivos, anti-operários, teocráticos e burgueses como o Irã, Turquia e Catar. Construir um movimento pela justiça real na Palestina significa construir o poder organizacional revolucionário da classe trabalhadora em todo o Oriente Médio. Isto só pode ser alcançado através de uma luta revolucionária que inclua a formação de um partido independente da classe trabalhadora para o socialismo que seja uma verdadeira alternativa política ao regime de Biden e ao estado imperialista dos EUA.




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