Em seu primeiro ano do terceiro mandato, Lula intensifica a entrega de créditos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiamento de concessões, ou seja, ajuda o pacote de privatizações a nível federal e estadual já feitos nos governos Temer e Bolsonaro e que governadores continuam agora. Essas privatizações atingem o transporte e saneamento especialmente, mas também a educação e saúde.
domingo 31 de dezembro de 2023 | Edição do dia
Foto de Ricardo Stuckert / PR
Aloizio Mercadante (PT), atual presidente do BNDES, anunciou o aumento de 94% do volume de aprovações de novos financiamentos e a alta em 2023 dos desembolsos para infraestrutura com R$ 23,9 bilhões, sendo que dois terços desse valor foram concedidos à iniciativa privada ajudando a consolidar criminosas privatizações como a da CEDAE no Rio feita no governo Bolsonaro ou as novas privatizações de transporte e águas que propõe Tarcísio em São Paulo. Na prática o governo de frente ampla tem colaborado para consolidar o que já foi atacado e colaborado com diversos ataques estaduais, como por exemplo o governador de extrema-direita Tarcísio (Republicanos) que impôs a privatização da Sabesp através de compra de votos e muita repressão usando a força policial contra entidades e movimentos sociais que protestaram contra a decisão da na Alesp. A ofensiva de Tarcísio também inclui o metrô e para isso toma diversas medidas de perseguição sindical e aos ativistas, com demissões e advertências como tem sido denunciado pelo sindicato.
A combinação entre as concessões com financiamento do BNDES e o Arcabouço Fiscal do governo federal que restringe o dinheiro destinado à serviços públicos está sendo a fórmula perfeita para os governos estaduais atacarem ainda mais a população. Um exemplo cristalino disso é a intenção de Tarcísio privatizar completamente o trem e metrô até 2025, o governador reacionário conta com o apoio de Lula e Alckmin nesse projeto, o governo federal já liberou R$ 10 bilhões para o trem que vai ligar SP a Campinas que já nasceria privatizado e a compra de trens para Linha 2-Verde do Metrô.
São vários projetos de concessões e distintas áreas que o governo federal está colocando à disposição do setor privado, como nas obras do Novo PAC que tem a demanda por mais financiamento através de leilões realizados durante o governo Bolsonaro que foram herdados e boa parte mantidos pelo governo Lula-Alckmin, ou seja, o governo federal mantém intacta a obra dos governo Temer e Bolsonaro dando continuidade à transferência de renda para os capitalistas
Este incentivo a atacar os trabalhadores e o conjunto da população acontece ao mesmo tempo em que a privatizada ENEL deixou milhões de paulistas e moradores de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, sem luz. Essa situação na energia, bem como as recorrentes falhas de linhas de trens privatizadas da CPTM em São Paulo escancaram como as privatizações levam à precarização dos direitos dos trabalhadores.
Outro exemplo de ataque importante em SP, apoiado nos financiamentos do BNDES, são as 33 escolas públicas que Tarcísio quer entregar para a iniciativa privada, desde a construção dos prédios até a administração, priorizando o lucro dos empresários da educação e mostrando sua agressividade contra o ensino público.
Essa situação deixa patente como os trabalhadores não podem confiar que será o governo federal de Lula-Alckmin que vai parar ataques de Tarcísio e outros governantes, pelo contrário está lhes ajudando financeiramente nos ataques. É preciso confiar nas força da própria classe trabalhadora, exigindo dos sindicatos assembleias democráticas e um plano de lutas e coordenação entre os setores atacados, especialmente em São Paulo onde a concentração de ataques e também a concentração das possibilidades de resistência se apresentam, desde que se supere os entraves postos pela burocracia sindical como a CUT e CTB que trabalham para isolar os setores em luta um dos outros.
Todos esses recordes de financiamento do BNDES apresentados pelo governo Lula-Alckmin facilitam o trabalho para a extrema direita e levam à, piora dos serviços públicos e o encarecimento nas contas e tarifas que a população precisa pagar. A política de frente ampla do governo Lula-Alckmin de se aliar com a direita e mesmo ajudar projetos de Tarcísio, mostra novamente quem sai favorecido, os grandes empresários.
