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Conciliação com militares | Lula diz que golpe de 64 “faz parte do passado” negando a herança da ditadura militar presente ainda hoje no Brasil

Lula preserva a herança da ditadura em prol de uma luta institucional contra o bolsonarismo. Com a frente ampla conformada com a resposta institucional contra o não derrotado bolsonarismo, mostra-se fundamental um combate independente e por via da luta de classes, contra a extrema-direita no Brasil.

quinta-feira 29 de fevereiro | 22:32

O presidente Lula afirmou recentemente em uma entrevista para a RedeTV! o seguinte: “(...) Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. (...) Isso já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O povo já conquistou o direito de democratizar esse país". Além de promover uma leitura errônea da história, a afirmação do presidente levanta duas análises da conjuntura política atual: a primeira de que a ditadura foi superada plenamente pela redemocratização, e a segunda de que o ascenso da extrema-direita hoje não se relaciona com os remanescentes da ditadura e da força politica dos militares, do conservadorismo e da burguesia nacional. É importante demarcar que a ditadura não foi combatida até o final pela luta de classes, com o processo de final da ditadura caindo às mãos da transição gradual e compactuada (a qual o próprio Lula teve importância, freiando grandes greves e mobilizações operárias no final dos anos 70 e início dos anos 80) permitindo, assim, uma estruturação de um regime que permitiu uma volta de setores do militarismo e de golpistas ao poder.

O discurso de Lula, como um todo, buscou representar a presença dos militares não só a nível político quando institucional. E dentro da própria política do governo do PT mostra-se contraditória. A presença militar do exercíto brasileiro nas “missões humanitárias” no Haiti e as empreitadas golpistas nas últimas décadas. O presidente também alega que a sociedade e os militares não deviam ser vistos e tratados enquanto inimigos. Mas na realidade o governo demonstra uma falta de oposição com os militares e sua política de morte e repressão, e que não se apresenta qualquer oposição no governo Lula.

Por um lado, a fala de Lula fomenta um alarmismo com o 8 de janeiro. Esse efeito poussi um sentido de apagar as críticas ao governo de Frente Ampla, que se mostra à direita negligenciando pautas com o Fim do Novo Ensino Médio, realizando o Arcabouço Fiscal e cedendo ao Marco Temporal. A ameaça do bolsonarismo como essa força golpista fortalece uma perspectiva de aceitação das reformas à direita do governo, com o sentido de serem um “mal necessário” no combate à extrema-direita como um todo.

A conciliação de classes fortalece a extrema-direita. No marco do recente ato golpista na Paulista, e das aproximações que o governo de Frente Ampla do PT realiza com setores reacionários do país, o movimento de isolar o bolsonarismo enquanto fenômeno político põe até mesmo o debate sobre a ditadura militar em disputa. A partir da perspectiva de defesa de um Brasil imaginário e pacífico, que superou todas as contradições do regime militar, o presidente busca aproximar essa Frente Ampla, sob o marco de “União e Reconstrução”.

Essa perspectiva de manutenção e das conciliações apresentam uma falta de perspectiva na força real do bolsonarismo, e da resposta que seria combatê-lo nas ruas, por meio da luta de classes. E essa manutenção escancara uma contradição fundamental, que foi justamente a relação de amistosidade provocada pela transição gradual e compactuada da ditadura militar para a redemocratização.

O principal problema desse revisionismo histórico de Lula é de não promover os debates mais importantes sobre as questões que ainda estão vigentes no Brasil remanescentes da ditadura, da conciliação de classes, e da não punição dos torturadores e dos militares. É inconcebível pensar uma derrota do bolsonarismo por meio da conciliação de classes, ainda mais quando setores do próprio governo representam um reacionarismo brutal que marca ataques à classe trabalhadora, por vezes aliados com esses setores golpistas do militarismo. O José Múcio, ministro da defesa do Brasil, é um nome de grande apoio dos militares ativamente tomando decisões executivas no governo.

Portanto o combate que Lula busca dar e a maneira de entender o bolsonarismo e o Movimento da extrema-direita recente, seja em janeiro do ano passado ou nessa semana, não apresenta um combate real às heranças da ditadura e da anistia, ou ao próprio crescimento da extrema-direita no Brasil, ademais sobre a crença de setores da esquerda de derrotar o bolsonarismo nas urnas e depois pela lei, com prisões e punições.

A resposta para os ataques e o bolsonarismo deve se dar por meio da auto organização dos trabalhadores, reivindicando nenhuma aliança com a burguesia e a polícia, muito menos a serviço dos militares e da manutenção de seu poder. Buscando romper com as forças que representam o avanço do neoliberalismo a nível internacional e ao massacre dos setores explorados como à miséria da classe trabalhadora.




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